Uma conversa sobre o tema abordado por Fellipe Ventura: “O Evangelho da Quarentena”.
Paulo Pontes e Wanderli Luiz
“O evangelho da quarentena. Igrejas fechadas, cultos online, público presencial reduzido… nunca tivemos a oportunidade de exercer nosso papel de Igreja como agora”. Trecho da fala de um jovem cristão, Fellipe Ventura, que gravou um vídeo sobre o comportamento dos crentes no período do isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus.
Fellipe Ventura é um membro ativo da Igreja Assembleia de Deus (Ministério Cobilândia) no bairro Vale Encantado, no município de Vila Velha (ES).
O jovem falou com clareza sobre o que as igrejas no Brasil e no mundo vivem neste momento onde as informações e “hashtag fique em casa” tornaram exponencial a expansão do coronavírus; aumento da violência doméstica, o estresse de adultos e crianças confinados dentro de casa.
Assista ao vídeo e em seguida, continue a leitura do texto.
Com o “novo normal, as igrejas locais acostumaram-se e remodelaram sua estrutura espiritual dentro de um condicionamento contextual político, ideológico e social, através das lives. Entretanto, não há mais o abraço fraternal, o aperto de mão cordial, e as conversas após o culto não acontecem. A relação da igreja local consigo mesma e próprio culto tornaram-se opacos. Não há mais o sorriso espontâneo. E a saudação “Paz do Senhor”, ou “Graça e paz” já quase não se ouve.
Estamos em uma guerra sem carros, tanques, aviões, navios, submarinos, onde o número de mortos só faz aumentar. Não se trata de uma guerra apenas ideológica e biológica, mas, sobretudo, espiritual que deixa muitos fracos e doentes, e muitos mortos espirituais (1 Coríntios 11.30).
No vídeo, Fellipe Ventura chama a atenção para algo de grande importância, e imprescindível à saúde da vida espiritual de todo cristão verdadeiro; apesar do isolamento social e confinamento é possível viver em paz com Deus, a nossa comunhão com ELE não está sob as leis de quarentena!
Devemos nos lembrar do apelo e oração do apóstolo Paulo:
“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4.7);
E também das palavras consoladoras do Senhor Jesus:
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14.27).
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) ceifou a vida de muitos servos de Deus: homens e mulheres que, abnegados, dedicaram suas vidas em prol do crescimento do reino de Deus. Sim, e no meio dessa mesma pandemia, estão os crentes filantropos, que se esforçam e tentam segurar em algo que lhe dê sustentação para permanecerem firmes e, por certo, não encontram apoio no homem confuso e atordoado, mas no Senhor que mantém a sua mão estendida para a vitória do seu povo:
“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia…” (Salmo 46.1ss).
As crises causadas pela pandemia do Covid-19 vão além das áreas política, econômica e social. Atingiram, no âmbito espiritual, muitos crentes que se esvaziaram da confiança em Deus e se encheram de medo e pavor. Observadas as devidas precauções, jovem Ventura alerta para o perigo da frieza espiritual, do desânimo e da falta de fé que permeiam a vida dos crentes: “‘hashtag fique em casa’ e faça qualquer coisa, desde que seja ‘hashtag comigo’ mas, ‘hashtag não coloque a mão’ na sua Bíblia”, pontua.
Apesar do isolamento social, igrejas e templos religiosos são atividades essenciais, e não estão impedidos de funcionar; mas, ainda assim, muitos crentes não frequentam os templos, e não participam dos cultos amedrontados pelo vírus que ronda pelas ruas da cidade, mas saem de casa para trabalhar ou realizar outras atividades. Fellipe lamenta: “Muitos que apenas sustentavam apenas um relacionamento social com Deus, agora se veem socialmente distantes de Deus”.
“O Evangelho que nos chama a viver uma vida em quarentena longe das doenças contagiosas desse mundo também foi colocado em quarentena”, afirma.
Felipe Ventura aconselha: “Não seja um agente de disseminação da frieza espiritual, reúna-se em família e ‘hashtag seja igreja em casa’”, diz o jovem cristão que finaliza o vídeo citando Romanos 1.1,2.
Por ilação, dizemos que somos a geração do arrebatamento! Se é assim, então, precisamos ser fortes, e não fracos e desinteressados na fé em Cristo. Devemos nos fortalecer no Senhor e na força do seu poder. Além disso, tomai toda a armadura de Deus, para podermos resistir no dia mau, e permanecer firmes conforme Efésios 6:10,13.
Há uma crítica de Deus, escrita no livro do profeta Isaias, que nos dá com clareza a veracidade dos fatos, os quais estamos vivendo:
“Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim. O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás. Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo. A vossa terra está assolada, as vossas cidades estão abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença; e está como devastada, numa subversão de estranhos” (Isaías 1.2-7).
Murmurar pode até parecer natural, mas não para os que aceitam o chamado de Deus! Podemos clamar a Deus para que Ele nos socorra de tão grande afronta do inimigo.
“E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (Lucas 18.7).
Posicionamento, preparação, dedicação e firmeza, são ferramentas comportamentais que todos precisam ter para vencer a estratégia do inimigo, que tenta nublar e escurecer os céus para nos impedir de elevar os olhos para além dos montes e ver o resplandecer da glória de Cristo (Salmo 121.1-8).
Finalizamos, desejando que cada crente se mantenha firme, revestido da armadura de Deus, “exercendo o seu papel de ser Igreja” (Efésios 6.10-16; Romanos12.1,2); pois, sabemos que “tudo tem o seu tempo determinado”, mas não podemos esquecer que, independente da ocasião e das circunstâncias, “em todo tempo” precisamos viver “separados” do mundo, sob a presença constante do Espírito Santo (Ec 3.1; 9.8).