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Profeta Gentileza: um profeta brasileiro

EM FOCO

Matheus Henrique Silva Cruz
Matheus Henrique Silva Cruzhttps://www.searanews.com.br
Bacharel em teologia pela Universidade Metodista de São Paulo. Possui Licenciatura em História e Pós-graduação em africanidades e cultura afro-brasileira pela UNOPAR.
Profeta Gentileza: um profeta brasileiro
Profeta Gentileza | Foto: Reprodução

Escreveu em mais de 50 pilastras embaixo dos viadutos do RJ palavras e mensagens sobre amar o próximo, a natureza e respeito mútuo, para que as pessoas pudessem ler enquanto passavam.

Um incêndio em um circo de Niterói causou a morte de mais de 500 pessoas nos Anos 60. Nessa tragédia, um empresário do setor de transporte disse ter ouvido uma voz. Essa voz não disse pra ele fundar uma igreja, uma nova religião, começar um ministério, um programa de TV, se autointitular apóstolo, arcanjo ou Filho de Deus, ou pra vender relíquias sagradas em troca de grana.

Essa voz disse pra ele ir até o local e consolar as famílias que perderam seus queridos na tragédia. E foi em cima das cinzas do incêndio que ele plantou um jardim, uma horta e viveu ali por alguns anos antes de peregrinar pelo Brasil.

José Datrino, deixou tudo para trás e começou a perambular pelas ruas com uma mensagem que denunciava e anunciava. Denunciava o egoísmo e o individualismo que segundo ele cresciam por causa do que ele mesmo chamou de “capeta capital, o capitalismo que vende e destrói tudo, até a própria humanidade”. E anunciava o antídoto, numa mensagem simples de paz, amor, solidariedade e de um lema autoral que acabaria virando um famoso dito popular “gentileza gera gentileza”.

Escreveu em mais de 50 pilastras embaixo dos viadutos do RJ palavras e mensagens sobre amar o próximo, a natureza e respeito mútuo, para que os motoristas e as pessoas dentro dos ônibus pudessem ler enquanto passavam por ali.

Considerado louco por muitos, o pregador urbano não entregava folhetos ameaçando as pessoas com fogo e enxofre, mas tinha um discurso que procurava despertar não um medo do porvir, mas o que havia de melhor dentro de cada um; para que o bem fosse espalhado no dia a dia através de gestos de bondade.

Diferente da geração de pregadores da prosperidade, não fez nenhuma fortuna com sua experiência de fé. Como ele próprio dizia “cobrou é traidor – o padre está esmolando, o pastor tá pastando e o papa tá papando, papão do capeta capital”.

Conhecido nas ruas como “Profeta da Gentileza”, José estava longe de ser um modelo de perfeição anos luz a frente do seu tempo; antes, como todos nós, era fruto de um meio, de um tempo e não estava isento de carregar partes de tal mentalidade.

Todavia, sua crítica desde os artigos de ouro ostentados pelo Vaticano enquanto o povo morria na miséria até as mazelas de nossa política estão longe de perder a validade.

Quando chamado de maluco, respondeu de forma bem-humorada: “sou maluco pra te amar, louco pra te salvar” … “seja maluco mas seja como eu, maluco beleza, da natureza, das coisas divinas”.

(Foi homenageado em canções por Gonzaguinha e Marisa Monte, ambas com o título de “Gentileza”).


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