Vivemos um tempo de inquietações profundas no cenário das igrejas pentecostais brasileiras. O que antes era marcado por fervor espiritual, oração incessante e manifestações evidentes do Espírito Santo, hoje, em muitos contextos, dá lugar a uma atmosfera de apatia, onde reina um silêncio perturbador. Não se trata da ausência de som, mas da escassez da voz do Espírito Santo — outrora tão ativa nos cultos, nos dons, nas profecias e no arrependimento sincero.
Onde Está o Fogo do Pentecostes?
O movimento pentecostal, nascido sob o som de um vento impetuoso em Atos 2, sempre foi impulsionado por duas experiências centrais: o batismo com o Espírito Santo e a manifestação dos dons espirituais. Estas não são meras doutrinas do passado ou patrimônios históricos da fé. São realidades presentes e essenciais para a vitalidade da igreja hoje.
Contudo, observamos com pesar o esfriamento dessa busca. Em muitas congregações, o batismo no Espírito já não é mais pregado com ênfase. A operação dos dons espirituais, tão fundamentais para a edificação do Corpo de Cristo (1 Co 12.7), é deixada de lado em favor de programações cada vez mais humanas, racionais e previsíveis.
O apóstolo Paulo nos exorta: “Procurai com zelo os melhores dons” (1 Co 12.31). Ignorar os dons é negligenciar a ação viva do Espírito entre nós. É sinal de uma igreja que perdeu sua sensibilidade espiritual e sua expectativa pelo sobrenatural.
Ainda Pode Soprar o Vento!
A cena de Atos 2 — “De repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso” — não foi um evento isolado, mas um modelo do que o Espírito deseja realizar continuamente. Jesus afirmou que “o vento sopra onde quer” (Jo 3.8), revelando a liberdade e soberania do Espírito em se mover entre os que têm corações disponíveis.
Esse “de repente” é o rompimento do céu com a terra. É quando Deus intervém com poder, transformação e vida. O Espírito não cessou de agir — fomos nós que, em muitos casos, cessamos de buscar.
Voltemos ao Cenáculo!
A única resposta ao silêncio espiritual que hoje ecoa em muitos púlpitos é a volta à oração, à consagração verdadeira, ao cenáculo da unidade e da expectativa. A igreja precisa mais do que estruturas, eventos e estratégias: ela precisa da presença manifesta do Espírito Santo.
Enquanto não voltarmos ao altar, os programas seguirão vazios. Enquanto não clamarmos por um novo Pentecostes, permaneceremos com cultos sem vida, ministérios sem unção e uma geração sem referências de poder espiritual autêntico.
Um Chamado à Igreja Brasileira
A história pentecostal brasileira ainda está sendo escrita. E ela precisa de novas páginas marcadas por avivamento genuíno, e não apenas por recordações do passado. O templo de cada igreja local precisa ser novamente conhecido como lugar de oração fervorosa, dons em operação, arrependimento sincero e vidas transformadas pelo poder do alto.
O silêncio atual não pode ser o ponto final. Que o Espírito Santo encontre entre nós corações sedentos, dispostos a clamar como os discípulos: “Senhor, enche-nos novamente!” Pois, onde há sede, haverá derramamento. E onde há busca, haverá resposta.
“Não por força, nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6).
Em Cristo,
Pr. Paulo Pontes
@prpaulopontes