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Victorino Silva: um ícone da música clássica cristã brasileira

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Victorino Silva: um ícone da música clássica cristã brasileira
Victorino Silva

Por Gláucia Montes

Nascido em uma família com 18 filhos na Baixada Fluminense, Victorino Silva passou por dificuldades na caminhada. Nascido em um lar não evangélico, cresceu pensando que a vida das pessoas não tem a menor importância. Foi chefe da boca de fumo e prostíbulo, trabalhou nas rádios Nacional e Tupi, mostrando o talento dado por Deus. Indiferente ao Evangelho conheceu Cristo doente marcado para morrer. Curado, vive para fazer a obra de Deus em qualquer lugar do mundo. Ao lançar Clássicos Inesquecíveis, volume 2 – Meu Tributo, seu 16° trabalho, pastor Victorino Silva fala sobre a vida boêmia, o ministério e a carreira.

Quais foram as dificuldades da infância e juventude?

As dificuldades eram as de um garoto pobre. Vendi bala no cinema, no trem, vendi pastel com refresco no estádio de futebol. Entregava trouxa de roupa, que minha velha mãe lavava, de trem até Copacabana. Trabalhei como servente de pedreiro durante muitos anos, para pagar o pouco que estudei.

Eu fui um adolescente muito rebelde, revoltado. Quando as coisas que detestava não funcionavam pelo meio natural, eu fazia qualquer outra coisa para obter aquilo. Como jovem, fui totalmente rebelde. Eu não acreditava em nada ou tinha de ver para crer. O ser humano para mim era menos valioso do que uma minhoca, que eu podia pisar… E eu era rebelde com Deus e com todo mundo. Nós não conhecíamos nada de Evangelho. Para gente, isso aí era uma coisa muito cafona.

Quais foram suas influências para cantar?

A música faz parte da minha alma. Faz parte daquele gene que acompanhou minha família. A minha mãe, cantava nas Pastorinhas, um trabalho que antecedia no ano novo na rádio. Meu pai também. Eu venho de uma família de músicos onde o dom não era para Jesus. Tocava violão com meu tio, mas desde garoto eu cantei nos Curumins da Tupi, era um trabalho de garotos e garotas. Estudei canto na Rádio Nacional, e eu era o garoto que fazia toda a programação do colégio onde estudava, no morro de São Carlos (RJ). Nessa época eu tinha 9 para 10 anos.

Hoje, com 67 anos, tenho consciência de que casei com a música. Eu a como, eu vivo com ela, eu faço música com um prazer muito grande. Quando vou cantar nas igrejas, na hora que sou chamado fico emocionado. A música envolve na presença de Deus.

Na vida de cantor secular, o sonho da fama e do sucesso estavam cada vez mais próximos. Mas, depois da constatação da doença, o que mudou para o senhor?

Eu tive tuberculose, que na época era comparada com câncer no pulmão. Já havia acabado com todo o meu pulmão direito e estava se alastrando para o esquerdo. Você olhava o raio-X e via como se fosse uma colcha de retalhos.

Como a tuberculose antigamente era comparada com aberração então os meus amigos me largaram. A única pessoa que colou comigo foi a minha mãe preta, a segunda esposa do meu pai.

As pessoas tinham medo de falar comigo, de chegar perto de mim. Aquele tipo de precaução que hoje em dia a gente já não tem mais. E o médico realmente me disse que não tinha jeito e que eu iria morrer.

Foi em meio ao caos que encontrei Jesus. Não foi pela doença, para que eu me curasse como muitas pessoas pensariam. Eu entrei em um lugar para ver o porque as pessoas faziam aquele barulho. Quando entrei o saudoso irmão só me perguntou: “Você quer aceitar Jesus como seu Salvador?” Eu parei, olhei para ele e pensei: “Jesus como Salvador? Isso deve ser bom. Então objetar: ”Quero”. Isso aconteceu em 1960.

“Solta o cabo da nau” foi a primeira estrofe evangélica cantada, após a conversão. Como foi viver o milagre da cura?

Esse irmão que já orou por mim, me convidou para ir à oração no dia seguinte pela manhã. Ele sabia que eu tomava conta de uma boca de fumo, porque da varanda dele dava para ver, a casa de prostíbulos e tráfico. Ele orou por mim, e me convidou para desjejum e eu lhe disse que não podia misturar os meus talheres com os deles pela doença. E ele então simplesmente disse que aquilo para Deus não era nada. Na mesma ora, senti o milagre de Deus, porque a canseira, aquele enfado saiu e aí as coisas começaram a mudar, a partir daí.

Eu tomava 11 comprimidos diários e ficava intoxicado. Não conseguia andar e me movimentar porque ficava com sono. Depois dessa oração, eu cheguei em casa, eu joguei aquilo tudo fora e até hoje, graças a Deus, nunca precisei mais daqueles medicamentos.

Depois disso havia aprendido o Solta o cabo da nau. Cantei, dei os agudos e não senti mais nada. E até hoje a nau está fora do ancoradouro, porque está fazendo a obra de Deus.

Como foi o início de carreira?

Há alguns anos atrás não existia a facilidade que se tem hoje. As pessoas faziam coisas, realmente, despidas de qualquer interesse. E foi muito difícil porque, quando eu gravei meu primeiro compacto, um pastor falou assim: “-Pode descer do púlpito. Aqui é casa de oração, não é covil de ladrão”, quando falei do compacto. E foi muito difícil.

Só tinha uma coisa: quando eu saía com a mocidade, mesmo como músico, o pastor Paulo Leivas Macalão me convidava para o púlpito e qualquer outro pastor me convidava, naquela época que a coisa era muito rígida. Porque eu sempre disse e sempre direi: A minha vida canta mais alto do que a minha voz . É a vida que canta e não a voz. Gravei um compacto simples em 1963. Desde então nunca mais parei.

E o senhor largou tudo para viver para o Evangelho?

Sim. Sempre tive minha profissão. Eu sou decorador. Depois de muitos anos que eu aceitei Jesus como meu Salvador, estava realmente precisando de emprego, porque, não mudava a idéia do povo de uma vez marginal, sempre marginal. As pessoas não sabem dividir as coisas.

Eu estava fazendo uma pregação na cruzada, no Saldanha da Gama, aonde eu fui, crunner por muitos anos, de um conjunto de rumbeiros, de tcha, tcha, tcha. Aí alguém chegou perto de mim orando ao Senhor, e perguntou se eu queria trabalhar no Banco do Brasil. Eu aceitei. A única pessoa defeituosa era eu. Trabalhei no banco nove anos.

Depois, quando já estava tudo preparadinho mesmo, a minha idéia era comprar um terreno na Ilha do Governador de fundos para o mar e fazer um ancoradouro, possuir uma lancha, pois eu ganhava muito bem e morava no Méier.

Daí foi quando eu cheguei cedo no local de trabalho no banco, dobrei meus joelhos, orei, li a Bíblia, e o Senhor falou comigo assim: “Eu preciso de você na minha obra”. Logo na mesma semana, para comprovar que foi o Senhor que falou para mim, veio um casal de Santos me convidar para ir no 1° Encontro de Música em Santos com o nome vozes das Assembléias de Deus. Aí eu fui.

Quando retornei para o Rio pedi as contas no trabalho e minha vida tem sido assim desde então. Jesus está cuidando da minha alma e estamos indo em frente. Deixei tudo para servir Jesus.

O senhor começou na mídia evangélica numa época em que ela não tinha visibilidade. Poucos conseguiam manter-se pelas dificuldades financeiras. Contrapondo a essa realidade, o senhor mantém um público fiel até hoje. A que atribui isso, tendo em vista as adaptações de mercado que a música evangélica sofreu?

O caminho do Céu é imutável. O caminho do Céu é Jesus. O Caminho, a Verdade e a Vida. É, Ele, absolutamente não deixa brecha para ninguém. É que eu nunca me deixei levar por aquilo que os outros fazem. Eu sempre fiz aquilo que Deus mandou fazer. Continuo em Mesquita mesmo recebendo convites para morar fora do Brasil. Por quê? Porque o Senhor dos Exércitos não falou nada para mim.

Eu passei pela época da música evangélica do tchá, tchá, tchá, do mabo-jambo, do bolero, do samba, da salsa, do merengue, porque você sabe que a turma pega de lá para trazer para cá.

Hoje em dia ao invés de sermos imitadores de Cristo, estamos sendo imitadores de Agnaldo Timóteo, de Roberto Carlos. Essa é a verdade. E eu não. Sempre me mantive naquilo ali. Teve uma ocasião em que uma pessoa de uma gravadora falou assim para mim: “Pastor, o senhor precisa gravar uma outra coisa, porque só ficar gravando isso aí não vai vender LP”. Eu respondi: “Não tem problema, eu não vendo e compro tudo mas não mudo, o caminho para o céu”.

As modas vêm e passam e depois voltam de novo. Eu continuo aí, não imito ninguém, não disputo com ninguém, não vou a festival, não faço showmício, nunca fiz. Eu ainda creio que como eu há muitos outros que não se corromperam. Deus ainda tem reservas nesse mundo.

Ministério ou profissão: como o senhor observa a tendência atual de se confundir as coisas?

Eu acho isso errado. Primeiro, para eu ter uma profissão, eu preciso aprender aquilo que estou fazendo. Eu acho que ministério não é profissão, ministério é uma chamada. É uma chamada de Deus.

Outra coisa: quantas vezes eu já trabalhei no Evangelho, e não recebi coisa nenhuma? Então quando você tem uma profissão, você trabalha diariamente, você tem um patrão, e Jesus Cristo não é nosso patrão. Eu acho que ter um ministério como profissão, isso é pecado.

O Senhor nos chamou para sermos servos, e servo não é profissional. O profissional tem algo especificado. O pedreiro é pedreiro, o carpinteiro é carpinteiro e assim sucessivamente. Como o Senhor nos chamou para sermos servos, o servo tem de fazer o que o Senhor quiser. Se o Senhor quiser que carregue a cadeira, carregue. Se o Senhor mandar para a roça ou para cidade, vá. Enfim, é o Senhor quem manda.

Fonte: Muuzik

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