Milhares de pessoas desesperadas seguiram nesta segunda-feira (16) para o aeroporto de Cabul para tentarem sair do Afeganistão, poucas horas depois de a capital do país ser controlada pelos talibãs, o que provocou o colapso do governo e a fuga do presidente Ashraf Ghani.
A situação no aeroporto, cujas pistas foram invadidas, piorou tanto que todos os voos – civis e militares – foram suspensos nesta segunda-feira à tarde, anunciou o Pentágono.
A vitória relâmpago dos insurgentes, que celebraram no domingo à noite ocupando o palácio presidencial de Cabul, desencadeou cenas de pânico e o caos no aeroporto da capital.
Milhares de pessoas correram para o aeroporto de Cabul, único ponto de saída do país, para tentarem fugir do novo regime que o movimento islamita radical, que retorna ao poder após 20 anos de guerra, promete estabelecer para os afegãos.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram centenas de pessoas correndo perto de um avião militar americano prestes a decolar, enquanto alguns afegãos tentam agarrar a lateral ou as rodas da aeronave.
Outros vídeos mostram milhares de pessoas aguardando na pista do aeroporto. Grupos de jovens se agarravam às escadas para tentar embarcar em um avião. A multidão, desesperada, não acredita nas promessas dos talibãs de que ninguém deve temer o movimento. Todos afirmam ter “muito medo”.
Depois de fugir do país, Ashraf Ghani admitiu no domingo a vitória dos talibãs.
O colapso é total para as forças de segurança afegãs, financiadas durante 20 anos com bilhões de dólares do governo dos Estados Unidos.
O movimento islamita radical iniciou uma ofensiva em maio, após o início da retirada das tropas estrangeiras, em particular americanas.
Em 10 dias, os talibãs tomaram o controle do país, 20 anos depois de terem sido expulsos por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos devido a sua recusa para entregar o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Relações Exteriores
A China foi o primeiro país a afirmar que deseja manter “relações amistosas” com os talibãs. A Rússia afirmou que a decisão de reconhecer o novo governo dependerá de “suas ações” e informou que seu embaixador se reunirá na terça-feira com os insurgentes.
O Ministério russo das Relações Exteriores considerou que “a situação em Cabul e no Afeganistão está se estabilizando” e que “os talibãs estão restaurando a ordem pública”.
Já o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, considerou que “não é o momento” de reconhecer o regime talibã. Também classificou o retorno dos insurgentes ao poder de “fracasso da comunidade internacional”.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, insistiu que “a comunidade internacional deve se unir para assegurar que o Afeganstão nunca mais seja usado como plataforma ou refúgio de organizações terroristas”.
A Casa Branca anunciou que Joe Biden vai fazer um discurso à nação sobre o Afeganistão nesta segunda-feira à noite (às 16h45 no horário de Brasília).