Todos sabem que eu desenvolvo várias reflexões de cunho eclesiológico, onde, por vezes, critico fortemente aqueles conceitos e práticas que considero desvios do Evangelho na Igreja Brasileira e procuro sempre, na mesma medida, apresentar as saídas possíveis e refletir sobre elas, sempre à luz das Escrituras. Mas, recentemente, me ocorreu uma preocupação em face da enxurrada de posts que vejo no Facebook sempre realçando coisas ruins na Igreja. É aquele líder evangélico famoso que disse o que não deveria ter dito, casos de bizarrices e loucuras entre evangélicos, escândalos financeiros e morais e a lista prossegue (de fato, é extensa!). De alguma forma, percebo que a nossa insistência em divulgar tanto esse tipo de conteúdo – da maneira exagerada como está – já deixou de ser edificante, reflexiva e até mesmo uma questão de transparência entre nós. Com efeito, o ser humano, por natureza, prefere divulgar mais aquilo que é mal do que aquilo que é bom. É como dizem: “Notícia ruim chega logo”. E com relação à Igreja, afirmo isso pois está claro que nós mais divulgamos coisas ruins do que coisas boas. Mas, será que a Igreja Brasileira só tem mazelas para noticiar? Não temos boas novas para contar à nosso respeito? Afinal, por que continuo na Igreja, mesmo enfrentando ela tantos dilemas?
Pois bem, me proponho aqui a realçar boas notícias e sugerir que você passe a fazer o mesmo. Que tal divulgarmos que há pessoas em nosso meio como a Tia Josi Baptista Drumond que realizam um trabalho relevante com nossas crianças não apenas lhes contando histórias bíblicas, mas mostrando quais as lições podem ser extraídas para a vida delas à partir dessas narrativas? Que tal contar que há pastores, anônimos, sem destaque na mídia, que dedicam sua vida à vida dos outros? Homens e mulheres que não fizeram da obra de Deus um meio de lucro pessoal. Homens e mulheres que gastaram e se deixaram gastar pela Obra de Deus. Eu conheço líderes assim! E você também, muito certamente. Que tal lembrar que há pregadores do Evangelho que possuem uma conduta pessoal e familiar exemplar como o Pr. Rodrigo Souto, que conheço há anos? É bom lembrar disso, já que tantos que passam pelas nossas igrejas estão envolvidos em inúmeros escândalos e mesmo assim continuam ocupando nossos púlpitos. Que tal mencionar que há pessoas como o amigo Rodrigo Chequetto que nos ensinam que indivíduos são mais importantes do que estruturas? Ou ainda, que temos entre nós líderes, comunicadores, entusiastas da Educação Cristã e teólogos como Pr. Nataniron Ribeiro da Cunha, Pr. Jonas Luppi, Pr. Ivan Kleber Santos, Roberto Campista, Pr. Paulo Pontes, Ulicelio Valente Oliveira, Vinicius Couto, Pr. Eduardo S. Silva, Pra. Iara Duque, Ronaldo Bezerra Bezerra e tantos… Tantos outros que conhecemos e sabemos que são sinceros e insistem NA e PELA Igreja pura e simplesmente por amarem a Deus, a própria Igreja e a sociedade. Essas pessoas – e eu ouso me incluir entre elas – dedicam seu tempo, sua vida e seus recursos financeiros pelo Reino de Deus. Que tal contar que há pessoas como nosso amigo Contador Prado que atuam entre detentos e enfermos levando a mensagem do Evangelho à essas pessoas que, em geral, são marginalizadas e esquecidas pela sociedade? E que tal lembrar que temos entre nós guerreiras como a amiga Marcia Santana que insiste em trabalhar com adolescentes levando à eles valores bíblicos que lhes servirão por toda a vida? Ou ainda, a amiga Leidiane Matos de Souza que insiste em visitar o asilo de velhinhos e levar banquete para eles, quando em geral até as próprias famílias os esquecem nesse lugar? E por que não contar que temos entre nós instituições que realmente amam a Obra Missionária e não fazem dela lucro, como o Ceifeiros Missionários Da Hora Final? Por que não contar que na nossa Igreja Brasileira conhecemos figuras ímpares como o amigo Glauter Cardoso de Oliveira, cujo coração bate forte pela África?
Enfim, são muitos casos inspiradores para nós. Pessoas simples, como eu e você, alguns sem muitos recursos, outros com muitos, líderes e liderados, todos tendo em comum o amor à Deus, à Igreja, ao próximo e à sociedade. São inúmeros os cristãos e os fatos que merecem ser lembrados e contados, ainda que não desobedecendo ao ensino do Mestre em Mateus 6.3. Precisamos lembrar que há esperança para a Igreja Brasileira. Precisamos parar com esse mau hábito de nos deliciar com os fatos ruins à nosso próprio respeito. No máximo, devemos constatá-los com tristeza na alma e lutar para que sejam corrigidos. Há boas novas a serem compartilhadas! Temos excelência entre nós e não só incompetência. Temos pão e não só fermento. Temos azeite e vinho para as feridas e não apenas lanças pontiagudas. E sim, é verdade: temos muitos Judas entre nós, mas ainda encontramos os nossos “Lucas” que nos acompanham até o fim: “Só Lucas está comigo” (2 Tm 4.11 – NVI). E digo mais: na Igreja temos aqueles obreiros fraudulentos, inescrupulosos; são os “Demas” que amam o presente século (2 Tm 4.10), mas é fato também que ainda encontramos nossos “Epafroditos”, “cooperador e companheiro de lutas” (Fp 2.25), aquela safra de obreiros que arriscam a própria vida pela Causa de Cristo (Fp 2.26-30). Conquanto tenhamos joio no nosso meio, o trigo não desapareceu. Embora haja heresias, os sinceros continuam se manifestando (1 Co 11.19 – ARC).
Assim, cumpre perguntar: Não estaríamos nós, eu e você, cometendo o mesmo erro dos leprosos de 2 Reis 7.9: “Disseram então entre si: Não está certo o que estamos fazendo; hoje é um dia de boas novas e nós estamos calados!”?
Roney Cozzer, apenas um escritor que não deu certo…