Associação Mundial de Psiquiatria declarou a importância de incluir a espiritualidade no tratamento.
Médicos do Espírito Santo concordam.
Redução do estresse, sensação de bem-estar, fortalecimento de laços sociais e motivação são alguns benefícios da fé listados por profissionais no tratamento de doenças como a depressão.
A Associação Mundial de Psiquiatria aprovou documento declarando a importância de se incluir a espiritualidade no ensino, pesquisa e prática clínica da psiquiatria. Com isso, rezar, ir à igreja e manter crenças podem ser práticas incentivadas nos consultórios.
O objetivo não é tratar as doenças psiquiátricas somente com a religião, mas conversar com o paciente sobre a espiritualidade. Os especialistas afirmam que trabalhar o lado espiritual nos consultórios não é uma cura, mas uma ajuda ao tratamento.
O presidente da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), Fausto Amarante, acredita que o lado espiritual é um importante apoio ao tratamento de doenças como a depressão, mas não deve ser substituto do tratamento convencional. “Na doença mental é muito importante fazer o tratamento. Não pode substituir o acompanhamento médico pela religião. A religião ajuda, assim como a ginástica, a arte, é um tratamento complementar muito bem-vindo”, explicou.
Sair do isolamento, encontrar o equilíbrio e fortalecer laços sociais são algumas vantagens vistas pelo psiquiatra Ailton Vicente Rocha no incentivo da fé em pacientes. “É uma forma do paciente buscar uma conexão dentro dele mesmo. Serve para dar sentido à vida das pessoas, o que sem dúvida ajuda no tratamento de quem tem depressão, por exemplo. Não cabe a nós, médicos, julgar o lado espiritual do paciente, mas analisar cada caso e tentar ajudar.”
O psiquiatra José Nazar, entretanto, explica que o extremismo religioso é um complicador e que encarar o lado espiritual como única forma de cura pode causar danos ao paciente. Ele afirmou ainda que a Psicanálise não vê com bons olhos a aproximação da ciência e religião. “As pessoas que se apegam fortemente a questões religiosas estão se sentindo frágeis, são pessoas que não aceitam a existência do real, o que traz o perigo do extremo. A Psicanálise leva o indivíduo a acreditar cada vez mais na realidade, por isso é uma contradição incentivar a religiosidade.”
Fonte: Jornal A Tribuna