Por Roney Ricardo Cozzer
Durante quase seis anos eu trabalhei nas ferrovias e depois mais quatro anos como um trabalhador de chão de fábrica na indústria. Saía da empresa e chegando em casa ia estudar, e à noite, duas vezes na semana, frequentava as aulas na faculdade, além de desenvolver diversas outras atividades em paralelo aos empregos que tive.
Na última empresa em que trabalhei, operando painéis e fazendo outras atividades, eu sonhava com o dia em que viveria exclusivamente para o ensino teológico. Às vezes me via extremamente desanimado, chegando a pensar que esse dia nunca chegaria.
Bem, de um modo admirável, pela graça do Senhor, isso aconteceu em minha vida, embora não tenha sido e não esteja sendo fácil. Faço o que amo e louvo a Deus pelos anos que passei trabalhando em outras empresas, o que me ajudou muito num processo de maturação e aquisição de saberes que atualmente utilizo a serviço da Teologia.
Hoje, curiosamente, me deparo com um preconceito: seria eu, um professor de Teologia, um trabalhador como qualquer outro? Se eu faltar ao culto em função da minha atividade receberei o mesmo tratamento que o operário receberia no caso dele precisar faltar também? Presumo que não!
Se alguém ligar para minha casa às nove da manhã e eu atender com a voz “amarrotada” será que em lugar da clássica pergunta (inquisitória!) “Você acordou agora?” A pessoa será sensível para perguntar: “Que horas você dormiu hoje?” Presumo que não!
Algumas questões não são nem pensadas pela Igreja do Senhor a nosso respeito, professores de Teologia. É claro que aqui me refiro a professores sérios, que levam a sério sua função e ministério!
Quantas horas por dia trabalhamos? Quanto tempo demanda a preparação de uma aula? Quanto custa nossa biblioteca? Quanto custou os cursos de qualificação que fizemos? Que privação enfrentamos para avançar na missão de ensinar a Palavra de Deus? Como é a sensação de não poder continuar um núcleo e levar a culpa por isso, sendo tratado como um irresponsável, sem que seja considerada a sua necessidade e a necessidade da sua família?
Respondendo à pergunta que eu mesmo lancei, SIM, o professor de Teologia é um trabalhador no sentido pleno da palavra.
Antes, como empregado, eu trabalhava oito horas pontuais, hoje chego a trabalhar às vezes 16 horas por dia (acredite se quiser). Ore por mim, ore por nós, professores de Teologia que levam a sério o ministério e que, pegando emprestadas as palavras de Paulo, “gastamos e nos deixamos gastar pelas vossas almas”.
Dedico este texto, com carinho, aos professores de Teologia que trabalham com afinco.