O jejum descrito e praticado nas Escrituras tem como objetivo proporcionar uma amplitude espiritual sobre a vida de quem o exerce
Por Jhones Bazelatto
A princípio a ideia inicial a respeito da pratica caracterizada como “Jejum” no dicionário popular seria a abstinência, total ou parcial, de alimentação ou bebidas sobre determinados dias ou horas, sendo por penitência ou prescrição religiosa, ou médica, trazendo uma desintoxicação do corpo.
Porém, o jejum descrito e praticado nas Escrituras tem como objetivo proporcionar uma amplitude espiritual sobre a vida de quem o exerce. Podemos dizer que o propósito primário do Jejum é a mortificação da carne, que serve como um equilíbrio da vida espiritual sendo essa a principal fonte de conexão direta com Deus.
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4.23) – versão JFA-RC.
Não existe uma data preconizada para exercer a prática do “Jejum”, também não se tem uma definição comumente de maneira arbitraria sobre o período de tempo que deve permanecer a abstinência dos alimentos e líquidos, sendo assim cada um tem liberdade de estabelecer o período necessário para alcançar a premissa necessária do propósito pré-estabelecido no jejum.
Período de tempo do Jejum
Embora não tenha exigência a respeito do determinado período de tempo do jejum, encontramos alguns exemplos nas escrituras sobre os períodos realizados:
– O jejum do Dia da Expiação que tinha a duração de “1 dia” (Lv 16.16,21). A data da celebração desse jejum era no 10 de Tishrei (sétimo mês do calendário judaico – Lv 16.29) e sua celebração começava no pôr do sol do dia anterior e segue até o anoitecer do dia posterior.
– O jejum de Ester (Et 4.16) e de Paulo que durou “3 dias” (At 9.9). Ambos feitos para um determinado propósito;
– O Jejum por luto pela morte de Saul que dourou “7 dias” (I Sm 31.13);
– O jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio que durou 14 dias (At 27.33);
– O jejum de Daniel em favor de Jerusalém que durou “21 dias” (Dn 10.3);
– O jejum do Senhor Jesus no deserto que dourou “40 dias” (Lc 4.1,2);
Tipos de Jejum: alguns exemplos nas Escrituras
– Jejum normal – não comer nada, só beber água. Este é o tipo de jejum mais normal, que Jesus fez no deserto (Mateus 4.1,2 – um detalhe a ser observado que o texto diz que ele não comeu e por isso teve fome, e não que teve sede pois o texto não menciona a respeito).
– Jejum total – este é o mais radical, que só aconteceu em situações extremas, como o caso de Ester, e nunca por mais de três dias (Et 4.16).
– Jejum parcial – durante três semanas Daniel não tomou vinho, carne ou coisas saborosas (Daniel 10.2,3). É o mais recomendado para pessoas com algum impedimento para fazer um jejum normal, como trabalho muito pesado ou problemas de saúde.
O tempo de Jejum só é acrescentado relativamente de acordo com suas limitações e necessidades, e principalmente o peremptório do propósito criado, e para isso não importa o tempo o importante é que seja realizado.
Como deve ser feito o jejum?
Logo, se for feito apenas a abstinência de alimentos e líquidos sem “oração e propósito” o jejum se torna algo monótono sem sentido. Entendemos que o jejum é uma forma de mortificar nossa carne e nos alinhar espiritualmente, com isso o mesmo deve ser feito com oração sendo o principal meio de nos comunicamos com Deus.
“Porém esta espécie de demônios não sairá enquanto vocês não tiverem orado e feito jejum” (Mateus 17.21) – Versão VIVA.
A exemplo desse texto, entendemos que ao jejuar passamos a remover aquilo que limita a nossa fé, ou seja a carne. Por essa razão o jejum deve ser feito juntamente com a oração para fortalecer o Espírito.
Encontramos um exemplo nítido sobre o jejum sendo realizado de maneira errada:
“O povo pergunta a Deus: ‘Que adianta jejuar, se tu nem notas? Por que passar fome, se não te importas com isso?’ O SENHOR responde: ‘A verdade é que nos dias de jejum vocês cuidam dos seus negócios e exploram os seus empregados” (Isaias 58.3) – Versão NTLH.
O jejum deve ser realizado com um propósito verdadeiro e especifico e não para objeções pessoais. Jesus condenou a pratica do jejum realizada sem as motivações corretas, onde os Fariseus faziam tal ato para mostrar sua devoção e disciplina espiritual, porém não tinha propósito.
“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6.16-18).
Aqui Jesus está condenando claramente o chamado exibicionismo dos fariseus que buscavam como meio de comprovar sua espiritualidade. Observa que Jesus nesse texto não está proibindo falar sobre o “Jejum”, até porque a Bíblia deixa claro sobre dias específicos de pessoas que jejuaram como o caso do próprio Jesus que ficou 40 dias, assim como Paulo 3 dias, certamente ambos detalhes descritos por eles mesmo.
Qual o propósito do Jejum?
O propósito fundamental de jejuar é exatamente a mortificação da carne para uma amplitude de fé e vida espiritual em Deus, porém biblicamente encontramos outros propósitos:
- Interceder por causa das aflições – (2 Sm 12.16-23; 2 Cr 20.3).
- Um clamor por uma proteção – (Ed 8.21-23)
- Por aqueles que estavam enfermos – (Sl 35.13)
- Interseção sobre a nação – (Dn 9.3)
Então, assim como a oração, o jejum é extremamente necessário para o equilíbrio da nossa vida em Deus, e para petições propositais visto que por meio desse ato nos abstemos de nós mesmos.