Escola Dominical – Comentário de apoio da Lição 13, do 1º trimestre de 2020 – O Novo Homem em Jesus Cristo.
Por Aniel Ventura
“Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7). Jesus mostrou a Nicodemos a necessidade de nascer de novo, expondo a última esperança para a humanidade.
Essa entrevista noturna é a primeira de uma série de encontros individuais entre Jesus e as pessoas que se aproximavam dele com uma fé descabida. Nicodemos, a mulher samaritana e o nobre de Cafarnaum (Jo 3.1-15; 4.1-42; 4.43-54), são exemplos de diferentes opiniões sobre quem era Jesus, e do que Ele podia fazer.
Porém, o fato de encontrá-lo pessoalmente mudou essas convicções, dando um novo norte a vida de tais pessoas.
I – O Nascimento do Novo Homem
O que motivou Nicodemos a procurar Jesus à noite? Talvez para evitar ser visto em sua companhia, em plena luz do dia, por temer a censura de seus companheiros fariseus, que não criam que Jesus era o Messias.
Nesse encontro Jesus desconstruiu o conceito de Nicodemos dizendo: (Jo 3.6,7) “O que é nascido da carne é carne” (gr. sarx – σαρξ). A carne não pode tornar-se espírito. E por isso a necessidade de nascer de novo, isto é, nascer do alto.
O grande amor de Deus nos proporciona a regeneração, ou seja, o nascer do Espírito (Tt 3.5), é o ato pelo qual Deus concede uma vida vitoriosa àqueles que confiam em Cristo. Sem esse nascimento espiritual, ninguém pode ver, ou conhecer as coisas espirituais (1 Co 2.10,11,13-16) nem entrar no Reino de Deus (Jo 3.5).
Parece confuso quando Jesus fala do nascer da água (gr. Ydatos – ὕδατος) e do Espírito (gr. Pneuma – Πνεύμα). No entanto o “nascer da água” tem sido interpretado como batismo nas águas, embora o Novo Testamento defende que alguém nasce de novo pela fé, não pelo batismo (At 10.43-47).
Quando Jesus falou a Nicodemos, sobre o “nascer de novo” (Jo 3.3), ele certamente referia-se à obra purificadora do Espírito Santo no pecador arrependido, é aí que o novo nascimento acontece.
Em Tito 3.5, Paulo fala da “lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”. É como o vento, que embora invisível, é identificado por sua atividade e pelo seu som, assim o Espírito Santo é observado pela sua atividade sobre os nascidos de novo e pelo seu efeito sobre eles, isto é, o Espírito Santo proporciona mudanças radicais na vida daqueles que se entregam a Cristo (Gl 5.22).
II – A Justificação do Novo Homem
A salvação não é um crédito que alguém possa receber (Ef 2.8,9), também ela não é um pagamento pelas obras ou algo de bom que fizemos. Afinal, as pessoas nada podem fazer para angariar a salvação; e, a fé de uma pessoa não pode ser considerada uma “obra” ou base sobre a qual alguém deva se gloriar. A salvação é pela graça de Deus e é aceita através da fé, então “não pode ser uma recompensa”.
Se a salvação pudesse ser conseguida através de boas obras, as pessoas, por natureza, “se gloriariam” quanto às suas boas obras, comparariam a boa qualidade das suas obras com as dos demais, e fariam o bem só para se vangloriarem (Ef 2.9,10).
Se Deus nos oferece salvação, é porque sabe da nossa condição de pecadores, e isso nos separa dele, um Deus Santo (Rm 3.23).
No entanto, Cristo Jesus, nos redimiu, tirou os nossos pecados é por isso que nossa justiça diante de Deus depende inteiramente dele, e só pode ser aceita como um presente que, pela sua graça, nos dá a certeza de aceitação e nos convida a servi-lo da melhor forma possível demonstrando nosso sincero amor por Ele (Rm 3.24).
Quando os nossos pecados são perdoados, nosso registro torna-se limpo e é como se nunca tivéssemos pecado. Deus nos justifica e nos declara livres dos nossos pecados, isto é, o novo homem em Cristo torna-se justo (Rm 3.24).
III – A Santificação do Novo Homem
Como servos de Cristo, estamos mortos para o pecado. Assim como um cadáver não responde às tentações e seduções, nós também não podemos responder a elas.
Somos capazes de viver para a glória de Deus através de Cristo Jesus, porque nos foi dada uma nova vida, um novo modo de viver, e uma promessa segura de vida eterna (Ef 2.5; Cl 2.13).
Se estamos mortos para o pecado, como ele pode ainda reinar em nós? Sim, mas enquanto vivermos em nossos corpos mortais teremos a compulsão para o pecado. No entanto em Cristo temos o poder de não mais deixar que o pecado reine em nossa vida. Nós estamos, de fato, livres da escravidão, porém, a cada dia temos que rejeitar os antigos hábitos que tínhamos quando estávamos escravizados.
Paulo escreveu à Igreja de Corinto, aos chamados por Deus para serem santos, pois nenhum ser humano tem condições próprias para livrar-se da sua culpa. Adão e Eva fizeram vestes de folhas de figueira, contudo, isso não resolveu o problema diante de Deus (Gn 3.7-10).
Boas obras não justificam o homem diante de Deus (Gn 12.16; Ef 2.8,9). Jesus disse que “se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5.20). E qual era a justiça dos fariseus? Uma justiça fundamentada em boas obras (Lc 18.14).
A frase “esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Ts 4.3) refere-se a um processo que prossegue durante o período de vida de cada crente na terra. Os que aceitaram Cristo como Salvador estão permitindo que o Espírito Santo trabalhe em suas vidas, tornando-os cada vez mais parecidos com Cristo.
O desejo de Deus é que o seu povo seja santificado, por isso os cristãos observam determinados padrões aqui na terra. O cristianismo não é uma lista de “faça isto, ou não faça aquilo”, mas sim um relacionamento no qual os filhos desejam agradar o seu Pai celestial (1 Ts 2.4; 4.1).
Conclusão
O apóstolo João nos mostra em seu Evangelho, Jesus como “o Verbo” (gr. λόγος) “de Deus”. O relacionamento entre o Verbo e o mundo aconteceu através de Cristo; e através dEle, Deus Pai criou o mundo e o sustenta (Jo 1.3; Cl 1.17; Hb 1.2; 1 Co 8.6). “E o Verbo se fez carne” (Jo 1.14).
Em Cristo, Deus fez-se humano com a mesma natureza do homem, porém sem pecado. Este é o postulado básico da encarnação: Cristo deixou o céu, sua glória, experimentou a condição de vida e do ambiente humanos ao entrar no mundo pela porta do nascimento humano (Mt 1.23).
Bibliografia
– Comentário Bíblico do N.T. Aplicação Pessoal – Vol 1 – CPAD
– Comentário Bíblico do N.T. aplicação pessoal – vol 2- CPAD
– O Novo Comentário Bíblico N.T. Earl D. Radmacher, Ronald B. Allen e H.
– Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
– Teologia para Pentecostais – Soteriologia – vol.3
– Teologia Sistemática – Eurico Bergsten – CPAD
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