O Ministério de Mestre ou Doutor – No primeiro século da Igreja os mestres tinham uma importância extraordinária. Eles sempre são mencionados com muita honra. Na Igreja de Antioquia era-lhes outorgada igual posição que aos profetas que enviaram a Paulo e a Barnabé em sua primeira viagem missionária (At 13:1). No entanto, Tiago adverte que o mestre tomava uma decisão própria ao ingressar nesta carreira especial, portanto, está sobre os ombros do mestre uma grande responsabilidade se vier fracassar nela. Tiago escreveu para pessoas que desejavam o prestígio e o lugar de honra que os mestres desfrutavam, entretanto, ele lhes pediu que não esquecessem jamais a responsabilidade que implicava esse título.
I. JESUS, O MESTRE POR EXCELÊNCIA
O ministério de Jesus sempre foi pregar e ensinar, portanto, o Sermão do Monte é um exemplo do ensino no ministério de Jesus, pois ninguém ousava dizer como ele: “Ouvistes que foi dito… Eu, porém, vos digo” (Mt 5.21,22,27,28,31-34,38,39,43,44).
Havia admiração entre o povo da doutrina e do ensino de Jesus, pois ensinava com autoridade (Mt 7.29). Esse ensino levava os ouvintes a reverenciá-lo, reconhecendo-o como o enviado de Deus.
No evangelho de João, Jesus lava os pés dos discípulos demonstrando amor em ação. Jesus era Mestre e Senhor, significa que Ele estava em um nível mais elevado do que eles; contudo, o Senhor assumiu uma posição de humildade e serviço porque amava aqueles a quem servia. Se recusarmos a servir uns aos outros, e a nos humilhar, não importa quão elevada seja a posição, isso é tentar a se colocar acima de Jesus. Tal orgulho arrogante não é o que Jesus ensinou.
II. O ENSINO DAS ESCRITURAS NA IGREJA DO PRIMEIRO SÉCULO
Quando nossos entes queridos morrem e nos deixam, nos lembramos sempre de suas últimas palavras. Jesus, antes de subir ao céu deixou suas últimas palavras de instrução. Ele tinha todo o poder sobre o céu e a terra. Entretanto, ordenou aos seus discípulos a fazer outros discípulos, pregando, batizando e ensinando. “Fazer discípulos” implica educar novos crentes em como seguir a Cristo, submetendo-se à sua soberania e assumindo sua missão de serviço misericordioso (Mt 28.19,20).
Os Cristãos do primeiro século se juntaram uns aos outros crentes, isto é, se reuniram com outros como eles, pessoas de pensamento e fé semelhantes. A doutrina dos apóstolos era o conteúdo daquilo que deveria ser estudado e ensinado. Desde o início, a igreja se dedicou a ouvir, estudar e aprender o que os apóstolos tinham para ensinar (Ef 2.20).
Os primeiros cristãos viviam de uma forma regular, perseveravam no ensino apostólico e nas atividades que vinham a seguir. Estas atividades formam um mapa prático não somente para a igreja daquele tempo, mas para as igrejas, em todos os tempos.
III. A IMPORTÂNCIA DO DOM MINISTERIAL DE MESTRE
As igrejas e ministérios têm investido muito em missões, mas tem investido pouco no preparo de obreiros vocacionados e com conhecimento para combater os falsos ensinos. Muitos pastores e obreiros não sabem interpretar corretamente as escrituras, para assim poder aplicá-la de forma eficaz na vida de seus membros. O apóstolo Pedro recomendou estar preparado para responder (1 Pe 3.15).
O discipulado cristão é o relacionamento do mestre e o aluno, baseado no modelo de Cristo e seus discípulos, no qual o aluno aprenderá viver uma vida de plenitude em Cristo, de forma que se torne capaz de treinar pessoas para ensinar, ainda outras pessoas, dessa forma o discipulado torna-se de suma importância para a igreja.
A imensa responsabilidade do mestre segundo Tiago (Tg 3.1), consistia em pôr o selo de sua própria fé e conhecimento naqueles que estavam ingressando na Igreja pela primeira vez. Existem dois perigos que todo mestre deve evitar. Em seu ofício o mestre ensinará ou aos que são jovens em idade, ou aos que são meninos na fé.
– Terá que pôr todo cuidado em estar ensinando a verdade e não suas próprias opiniões, ou até seus preconceitos. Infelizmente é fácil para um mestre ofuscar a verdade; deixar de ensinar a versão de Deus, e ensinar sua própria versão da verdade.
– Ter muito cuidado para que sua vida não contradiga o que está ensinando; e que não se veja forçado a dizer continuamente “Faz o que eu digo” e “Não faz o que eu faço”.
CONCLUSÃO
Após a ascensão de Cristo, os apóstolos continuaram o seu ministério de pregação e ensino da palavra (At 18.11; 20.31). Hoje em nossos dias não é diferente, Deus tem concedido a muitos em sua Igreja o dom de ensinar, com o objetivo de edificar o Corpo de Cristo (Ef 4.12). O mestre precisa buscar continuamente comunhão com o Senhor e ter comprometimento único e exclusivamente com a verdade que é a palavra de Deus (Jo 17.17). Assim seu ministério cumprirá o seu objetivo, isto é, “o aperfeiçoamento dos santos” (Ef 4.12).