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Vila Velha

O Livro de Jó

O livro de Jó registra os questionamentos perturbadores, as dúvidas aterrorizantes e a angústia verdadeira vividas por alguém que está sofrendo.

EM FOCO

Aniel Ventura
Aniel Ventura
Natural de Afonso Cláudio (ES), casado com Deuzeny Ribeiro, pai de Fellipe, Evangelista da Assembleia de Deus Ministério de Cobilândia, em Vale Encantado, Vila Velha (ES), Bacharel em Teologia pelo Instituto Daniel Berg.
O Livro de Jó
Capa da Lição 1, do 4º trimestre de 2020 – O Livro de Jó / CPAD

Escola Dominical – Comentário de apoio da Lição 1, do 4º trimestre de 2020 – O Livro de Jó.

Aniel Ventura

Ao passarmos por provações e sofrimento, muitas vezes deixamos a autopiedade nos derrotar. Queremos saber por que Deus permite que essas provações nos aflijam. O livro de Jó registra os questionamentos perturbadores, as dúvi­das aterrorizantes e a angústia verdadeira vividas por alguém que está sofrendo. Mas não só isso, sua mensagem pode nos ajudar nos momentos em que estamos cercados de problemas, pois nos dá uma perspectiva divina do nosso sofrimento.

Os pensamentos e os caminhos de Deus são movidos por considerações vastas demais para a mente fraca e débil do homem, já que ele não pode ver os grandes assuntos da vida com a mesma visão ampla do Onipotente. Assim, Deus realmente sabe o que é melhor para cada um de nós.

I AUTORIA, LOCAL E DATA DO LIVRO DE JÓ

Não há consenso sobre quem teria escrito o livro de Jó nem a época em que foi escri­to. Os possíveis autores, estão Jó, Eliú, Salomão e até mesmo Moisés quando estava em Midiã. Há indícios literários, que este livro foi compi­lado e escrito no tempo de Salomão, quando a literatura sapiencial floresceu. A menção feita a instrumentos e armas de ferro (Jó 19.24; 20.24; 40.18) e até à mineração (Jó 28.2) deixa implícita uma data possivelmente da Idade do Ferro (1200 a.C.). A descrição de um cavalo em contexto militar (Jó 39.19-25) pode indicar que o animal era usado para a guerra. Isso começou a ser feito por volta do século 10 a.C. Ademais, ao menos dois outros trechos de Jó podem fazer alusão a passagens bíblicas da era salomônica (Jó 7.17,18; 8.4, e Jó 28.28; 3.7; 9.10). Há indícios de que o livro de Jó tenha sido escrito próximo à época que Salomão reinou, mas tudo não passa de hipóteses.

Os adjetivos, “sincero e reto”, significa franco e eticamente correto, esses termos evidenciam o caráter ilibado de Jó. Como Daniel (Dn 6.4), Jó era um homem íntegro e irrepreensível ante seus críticos humanos. Porém Isso não signifi­ca que Jó não era um pecador perante Deus, mas Jó reafirma sua integridade (Jó 31.5,6). Ele era temente a Deus e desviava-se do mal. Sua relação com Deus motivou-o a afastar-se do mal, tornando a epítome da sabedoria (Jó 28.28; Pv 1.7; 3.7; 9.10).

Havia um homem na terra de Uz…” (Jó 1.1). Ninguém sabe exato a localização da terra natal de Jó, a cidade de Uz. A Bíblia afirma que Uz, localizava-se no Oriente (Jó 1.3). Isso pode significar algum ponto a leste do rio Jordão. O amigo de Jó, Elifaz, vi­nha de Temã (Jó 2.11), localizada em Edom (Gn 36.8; Jr 49.20). Temã era neto de Esaú (Gn 36.11) e é bem provável que a região te­nha sido batizada em sua homenagem. Parece apropriado afirmar que Elifaz pertença a esse povo, pois aparentemente os temanitas tinham reputação de sábios Jr 49.7). (Temanita pode se referir a Temá, no deserto Árabe (Jó 6.19).

Jó pode ter vivido nos tempos de Abraão (2000 a.C.) ou até antes. O fato dele ter vivido mais de 140 anos após os eventos do livro (Jó 42.16), sugere uma duração de vida de quase 200 anos (Abraão viveu 175 anos). Sua riqueza era gado (Jó 1.3; 42.12). Jó era um sacerdote da família, idêntico a época de Abraão, Isaque e Jacó (Jó 1.5). Nos dias de abraão a família patriarcal era a unidade social básica. As referências aos sabeus e aos caldeus, também identifica com a era abraâmica. O uso do nome patriarcal comum de Deus, Shaddai (“O Onipotente”), é usado trinta e uma vez. A ausência de referência a fatos da história israelita ou à lei mosaica, sugere uma era antes a Moisés (1500 a.C.).

II – ESTRUTURA LITERÁRIA DO LIVRO DE JÓ

O livro de Jó é um dos livros sapienciais e poéticos do AT; “sapiencial”, porque trata de importantes assuntos universais da humanidade; “poético”, porque quase a sua totalidade está elaborada em estilo poético. Sua poesia, fundamenta-se em um personagem histórico e real (Ez 14.14,20; Tg 5.11). O fato do livro se desenrolar na “terra de Uz”, posteriormente território de Edom, possivelmente na Arábia (Lm 4.21). Se assim for, o contexto histórico de Jó é mais árabe do que judaico.

Organização

  • Capítulos 1 – 2 – Prólogo
  • Capítulos 4 – 27 – Os três diálogos-disputas
  • Capítulo 28 – O discurso sobre “de onde vem a sabedoria?”
  • Capítulos 29 – 41 – Os três monólogos
  • Capítulo 42 – Epílogo

Muitos estudiosos veem diferenças significativas entre o conteúdo poético e o conteúdo narrativo, do prólogo e do epílogo do livro. No prólogo e no epílogo, Jó é apre­sentado como um “santo”, um homem reto e temente a Deus, que suportou o sofrimento com paciência e honradez. Na parte poética, Jó é apresentado como um homem de­sesperado por não ter explicação para seu sofri­mento imerecido (Jó 9.1-3,13-21). Por esse motivo dizem que o livro tem mais de um autor.

O livro de Jó é rico em linguagem metafórica, assim em várias passagens o significado do texto é difícil de ser definido. Por falta de continuidade, o tradutor é forçado a fazer algumas emendas conjecturais para que o texto faça sentido. Podemos observar isso ao comparar a variedade de significados dados a algumas divisões do livro pelos tradutores modernos. As descobertas em Ugarite de alguns textos antigos têm servido de ajuda na compreensão de alguns desses termos. Mas ainda assim há dificuldades ao ponto de classificar esse livro como um dos mais difíceis do Antigo Testamento de ser traduzido.

III – NATUREZA E MENSAGEM DO LIVRO DE JÓ

O sofrimento está presente em todo livro, porém é difícil descobrir o porquê do sofrimento dos justos, Jó sabia disso, entretanto, passou a maior parte do tempo negando que a prosperidade material seja a recompensa da retidão. O propósito real do autor é simplesmente afirmar que o homem pode ser bom sem ser recompensado por isso.

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, dois elementos aparecem em particular: A bondade que se baseia na misericórdia (hesed, chrestotes), e uma que se baseia na bondade moral de Deus (tob,agathosune). A bondade é parte do fruto do Espírito (agathosune) no sentido da santidade e da justiça cristã (Gl 5.22). Isto está de acordo com o objetivo da vida cristã, que é o de sermos semelhantes ao nosso Pai Celes­tial, tanto em caráter quanto em atitudes. É assim que Cristo ensinou no Sermão do Monte (Mt 5.48).

Deus é amor, e ele tem se revelado de forma sobrenatural aos homens, porém nunca se revelará na sua totalidade, a eternidade será pequena para conhecermos o nosso grande Deus. Ele sempre nos surpreenderá.

CONCLUSÃO

O livro de Jó tem por finalidade exaltar a Deus, o Criador, como o Senhor da Sabedoria e, particularmente, louvar a divina sabedoria revelada no poder redentor pelo qual Deus liberta os escravos do poder do pecado e da falta de esperança da sepultura, e os estabelece como sua propriedade em um triunfante serviço de pura devoção. Como um corolário, o livro inculca o temor ao Deus de toda a sabedoria como o verdadeiro caminho do verdadeiro conhecimento para o homem.

Bibliografia
– O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito – Claudionor de Andrade – CPAD

– O Novo Comentário Bíblico A.T. Earl D. Radmacher, Ronald B. Allen e H
– Conheça Melhor o Antigo Testamento – Stanley Ellisen – Editora Vida
– Comentário Bíblico Beacon Antigo Testamento – Vol 3 – CPAD
– Dicionário Bíblico Wycliffe – Charles F. Pfeiffer – CPAD

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