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Vila Velha

O Lamento de Jó

Desfigurado pela doença e em pavorosa ruína, Jó põe-se a amaldiçoar o seu dia natalício. Ele abre a boca em lamento diante de seus amigos.

EM FOCO

Aniel Ventura
Aniel Ventura
Natural de Afonso Cláudio (ES), casado com Deuzeny Ribeiro, pai de Fellipe, Evangelista da Assembleia de Deus Ministério de Cobilândia, em Vale Encantado, Vila Velha (ES), Bacharel em Teologia pelo Instituto Daniel Berg.
O Lamento de Jó
Capa da Lição 5, do 4º trimestre de 2020 – O Lamento de Jó / CPAD

Escola Dominical – Comentário de apoio da Lição 5, do 4º trimestre de 2020 – O Lamento de Jó.

Aniel Ventura

Não temos como não admirar a história do patriarca Jó, ele se comportou de maneira irrepreensível diante de todas as tormentas que vivera. Tivera ele a necessária humildade e ousadia de lançar-se em terra, e adorar a Deus. Entretanto, o autor sagrado adianta que, em tudo isso, Jó não pecou contra o Senhor (Jó 1.22). Porém, agora, já desfigurado pela doença e em tudo uma pavorosa ruína, põe-se a amaldiçoar o seu dia natalício. E ele não o faz em oculto, mas, abre a boca em lamento diante de seus três nobres amigos: Elifaz, Bildade e Zofar.

I – PRIMEIRO LAMENTO DE JÓ: POR QUE NASCI? (3.1-10)

Segundo F. B. Meyer, Jó amaldiçoa literalmente o dia de seu nascimento. Porém, em momento algum, desfere qualquer palavra contra o Senhor. Jó abre a boca com uma maldição, mas nada diz contra Deus, como Satanás esperava. Ele não amaldiçoa Deus e sim o dia do seu nascimento, pedindo que sua existência despojada e sofredora possa terminar o mais depressa possível.

“Amaldiçoem-na aqueles que amal­diçoam o dia” (Jó 3.8), Jó empregou um verbo no hebraico diferente do que foi utilizado em “…amaldiçoou o seu dia”… (Jó 3.1), embora ambos foram traduzidos para o português como amaldiçoar. No entanto, no auge de sua dor, ele parece desejar possivelmente que aqueles que amaldiçoam o dia, ou seja, os que esconjuravam feitiços a pedido de seus clientes, pudessem ter lançado um feitiço para que ele nunca tivesse nascido. A crença de Jó num único Deus mostra que ele estava falando de forma poética e dramática (Jó 31.26-28). Ele não estava apoiando qualquer tipo de mágica, mas empregando termos vívidos e fortes para expressar a intensidade de sua agonia e desespero.

O maior desejo de Jó era desfrutar da presença e do favor de Deus; agora, acontecera aquilo que ele mais temia, parecia que Deus o abandonara; e ele não tinha a mínima ideia da razão disso. Mesmo assim, Jó não blasfemou contra Deus; continuou orando a Ele, rogando sua misericórdia e socorro (6.8,9). Seu lamento era uma expressão de dor e desolação e não uma expressão de revolta contra Deus.

II – SEGUNDO LAMENTO DE JÓ: POR QUE NÃO NASCI MORTO? (3.11-19)

Jó queixou-se daqueles que presenciaram o seu nascimento pela terna atenção que lhe deram. Somente o ser humano vem a este mundo de modo tão indefeso, no entanto o poder e a providência de Deus sustentam nossa vida frágil, sua piedade e paciência garante a nossa existência. Desejar morrer para estar com Cristo e ficar livre do pecado, é o efeito e a evidência da graça; porém, desejar morrer somente para estar livre dos problemas desta vida, não encontramos aprovação no novo testamento, pois Jesus mesmo disse “No mundo tereis aflições…” (Jo 16.33).

A graça nos ensina que em meio às melhores situações de nossa vida, devemos estar preparados para enfrentar a morte, e em meio aos maiores sofrimentos, não devemos desistir de viver. Entretanto para Jó tudo estava oculto, e não sabia porque Deus contendia com ele.

É dever de todo cristão buscar a sabedoria divina e aproveitar o melhor do que existe, seja através da vida ou da morte, e assim estar conscientes de que devemos viver para o Senhor, e também morrer para ele, pois em ambos casos somos dele (Rm 14.8).

III – TERCEIRO LAMENTO DE JÓ: POR QUE CONTINUO VIVO? (3.20-26)

Jó questionava o fato de estar vivo, porém, não estava pensando em suicídio. O contexto dos demais trechos do livro sugere nas entrelinhas que ele simplesmente desejava que o Senhor lhe permitisse morrer (Jó 7.15 – 21; 10.18-22; 3.23-26). O lamento de Jó foi porque Deus o cercara de tal forma que ele não poderia morrer. A ironia está no fato de que Jó percebeu que Deus o cercava de proteção, e ocultou (3.23) isso para mantê-lo afastado do desejo de morrer, um sentimento comum entre os que estão em sofrimento.

Jó talvez ignorasse, naquele momento de repassadas angústias, era que tanto o dia de seu natalício quanto o daquela agonia haviam sido feitos por Deus. Portanto, que se regozijasse neles! Paulo, recomendou aos filipenses, em diversas ocasiões, a se alegrarem no Senhor (Fp 4.4).

Com sabedoria espiritual, Jó aceitou resignadamente todas as provações que foram permitidas pelo Senhor. Recebeu o dia da abastança, por que recusaria o dia da carência? No primeiro havia alegria; por que não poderia haver regozijo também no segundo? Todavia, é o que professa o salmista, louvando ao Senhor pelo fato de o haver livrado de todos os seus inimigos, assim canta o rei Davi: “Este é o dia que fez SENHOR; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (SI 118.24)

CONCLUSÃO

Assim declarou o inglês William Shakespeare através de um de seus personagens: “Um dia assim tão feio e tão bonito, não vi jamais”. Assim também o dia da provação de Jó. Um dia que, apesar de feio, mostrava-se bonito. Embora naquele momento de provação, o patriarca tudo achasse desfigurado e cinzento, a verdade é que, aos olhos de Deus, havia uma indescritível beleza em toda aquela dor, e um colorido em todo aquele ardentissimo crisol. Um dia como aquele de Jó, acredito que ser humano jamais poderá ver.

Bibliografia
– Jó, o Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito – Claudionor de A. – CPAD

– O Novo Comentário Bíblico A.T. Earl D. Radmacher, Ronald B. Allen e H
– Comentário Bíblico de Matthew Henry – CPAD
– Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD

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