O uso de termos hebraicos e gregos por mera ostentação na pregação pública foi condenado veementemente por Lutero.
Por Altair Germano
“Não admitirei que, em seus sermões, pregadores usem o hebraico, grego ou línguas estrangeiras, pois na igreja devemos falar como habitualmente fazemos em casa – a simples língua materna, com a qual todo mundo está acostumado […]. Mas salpicar sermões públicos com hebraico, grego e latim simplesmente indica exibição, em total desacordo com o momento e o espaço”. (Conversa à Mesa de Lutero, Editora Monergismo, 2017, p. 234, 427)
O uso de termos hebraicos e gregos por mera ostentação na pregação pública foi condenado veementemente por Lutero.
Isto não significa que o reformador condenava o estudo das línguas originais. Segundo Lutero: “Jovens teólogos deveriam estudar o hebraico, a fim de que possam cotejar as palavras hebraicas e gregas, discernindo suas propriedades, naturezas e força”. (Conversa à Mesa de Lutero, p. 242)
A citação de termos em hebraico e grego durante uma pregação (principalmente pública com a presença de não crentes) deve ser algo a ser evitado, a não ser em casos extremamente necessários, onde tal fato contribua significativamente para o entendimento da passagem bíblica em exposição.
Nos dias atuais, assim como nos dias de Lutero, muitos pregam para serem louvados e admirados pelos doutores e nobres presentes na igreja, não considerando a necessidade da maioria simples e indouta.
O ato de pregar e ensinar a Palavra tem como objetivo didático-pedagógico a compreensão e a aprendizagem da mesma, que só acontece através da pregação e do ensino compreensíveis.
No processo de interpretação bíblica (hermenêutica e exegese), se aproprie o máximo que puder do estudo nas línguas originais. No processo da exposição bíblica, principalmente para um público não acadêmico, faça uso o mínimo possível das línguas originais.
Estude com a profundidade que puder alcançar com a graça de Deus, mas exponha a Palavra com a máxima simplicidade e clareza possíveis (1 Co 2.1-5).
É possível ser profundo sem ser complexo na exposição bíblica.