Escola Dominical – Comentário de apoio da Lição 3, do 4º trimestre de 2020 – Jó e a Realidade de Satanás.
Aniel Ventura
O do livro de Jó, deixa claro a existência de satanás, porém, diferente da concepção popular, onde ele é imaginado com chifres e de aparência horrível, uma concepção que se originou na mitologia pagã e não na Bíblia.
Segundo as Escrituras, Satanás originalmente era Lúcifer (“o que leva luz”), o mais glorioso dos anjos. Entretanto, orgulhosamente, aspirou ser “como o Altíssimo” tornando-se o maior dos transgressores (1 Tm 3.6). Seu orgulho e ambição ainda estão ativos, a ponto de desejar ser adorado como “deus deste século”, tal ambição será satisfeita por algum tempo quando ele encarnar o anticristo (Mt 4.9; 2 Co 4.4; Ap 13.4).
Os anjos foram criados perfeitos e sem pecados e, dotados de livre arbítrio. Porém liderados por Satanás, muitos pecaram e foram lançados fora do céu para sempre (Jo 8.44; 2 Pe 2.4; Jd v.6).
I – O LIVRO DE JÓ E A NATUREZA DE SATANÁS
Segundo a Bíblia, tanto Satanás, como os demônios ou mesmo um anjo decaído são seres espirituais que vivem em luta, opondo-se a Deus e aos homens, os quais vivem ao nosso derredor (1Pe 5.8).
Em todo o Antigo Testamento o Senhor Deus é apresentado como sendo o Criador e Soberano do universo que é habitado por uma numerosa comunidade de seres, suas “hostes” (heb יהוהצכאח – Jeová Sabaoth).
Deus criou todas as coisas, criou também os anjos, entretanto, Lúcifer é como todos os anjos, um ser criado (Ez 28.13,15). Ele era um querubim, com um nome significando “estrela da manhã” (Is 14.12). Ele era um querubim da guarda (ARA), colocado sobre o mundo em sua criação original, pois está escrito: “Estavas no Éden” (Ez 28.13,14). No entanto, nasceu em seu coração um sentimento de insatisfação, pensamentos estranhos formaram-se no seu íntimo e transformaram-se em desejo crescente, acontecendo a maior catástrofe de todos os tempos: Lúcifer se rebelou contra o Deus criador!
A natureza perversa de Satanás é evidenciada pelos seus nomes, caracterizando sua personalidade. Sua crueldade pode ser vista nos seguintes nomes: “leão” (1 Pe 5.8), “dragão” (Is 27.1), “Abadom” (Hebraico) ou “Apoliom” (grego), que significa “destruidor” (Ap 9.11), “homicida” (Jo 8.44), “antiga serpente” (Ap 20.2). O engano, a falsidade e a astúcia podem ser vistos como: “o mentiroso” (1 Jo 2.22), “o pai da mentira” (Jo 8.44), “a antiga serpente” (Ap 20.2; 2 Co 11.3), “o tentador” (Mt 4.3), “o ladrão” (Jo 10.10), “o acusador” (Ap 12.10, 12).
II – O LIVRO DE JÓ E AS OBRAS DE SATANÁS
No livro de Gênesis Satanás atuou ardilosamente através da serpente levando o homem a queda, um episódio pecaminoso e funesto que comprometeu toda a raça humana, levando-a ao sofrimento.
No reinado de Davi, Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi orgulhosamente a fazer o censo de Israel (1 Cr 2 1.1). Por essa causa, Deus feriu Israel, mediante uma peste, vindo “caír setenta mil homens”. No Salmo 106.36,37, podemos ver que por trás de práticas religiosas idolátricas estão os demônios. Nos Evangelhos, das 29 referências a Satanás, 25 são mencionadas por Cristo, como sendo uma pessoa. No relato da tentação de Jesus temos o seu testemunho da realidade da pessoa do Inimigo (Mt 4.1-11; Mc 1.9-13; Lc 4.1-13).
Satanás acusa os crentes constantemente diante de Deus, dizendo que os crentes servem a Deus por interesse pessoal e não posso amor (Jó 1.6-11; Zc 3.1). Os cristãos têm a garantia de que Satanás foi vencido definitivamente e para sempre pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho. Sabendo que o seu destino está selado e que ele está definitivamente derrotado. Satanás, com grande ira, ataca, procurando levar consigo quanto mais pessoas puder, além de provocar sofrimento e dor àqueles que estão do lado de Deus (Ap 12.10-12).
Os cristãos não devem estranhar as muitas provações que podemos sofrer aqui na terra. Como Cristo, os cristãos devem enfrentar perseguições, não devem estranhar – a perseguição vem seguindo o Evangelho desde a crucificação de Jesus. Os crentes possivelmente passarão por perseguições e sofrimento porque estas coisas fazem parte do plano de Deus para aperfeiçoar os cristãos. Nem o Senhor Jesus Cristo foi poupado da perseguição (Rm 8.32). Pedro exortou os crentes a se alegrarem, porque, quando sofriam pela sua fé em Cristo, estavam sendo participantes das aflições de Cristo (1 Pe 4.12,13).
III – O LIVRO DE JÓ E O OCASO DE SATANÁS (Queda)
“Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (ls 14:14). Quando Lúcifer desejou colocar em prática os pensamentos do seu coração, aconteceu a sua queda, isto num remoto e misterioso passado, um anjo de luz, tornou-se em anjo das trevas e do mal. Lúcifer foi lançado fora do monte santo (Ez 28.16) e precipitado no mais profundo dos abismos (Is 14.15). Jesus disse: “Eu via Satanás, como raio, cair do céu” (Lc 10.18). Sendo lançado fora do céu, Satanás habita nos lugares celestiais (Ef 6.12), isto é, abaixo da morada de Deus e acima do firmamento ou atmosfera terrestre. Entretanto ele pode enganosamente transfigurar-se em anjo de luz (2 Co 11.14). O seu ódio pela humanidade é crescente a cada dia. Satanás é um ser inteligente, porém, um ente inteiramente hostil, inimigo declarado de Deus e dos homens. A Bíblia apresenta-o resistindo a Deus e perturbando a paz das nações, com guerras, destruição e miséria.
Deus iniciou um diálogo com satanás, fazendo referência a Jó como, “meu servo”, uma alusão à boa relação que todos deveriam manter com Deus: uma confiança alegre e reverente. Jó era um exemplo desse tipo de relacionamento com o Senhor; vemos isso no prólogo e no epílogo do seu livro (Jó 2.3; 42.7). “Observaste a meu servo Jó?” Nesta pergunta, estava o Todo-Poderoso provando ao Maligno ser possível um relacionamento perfeito entre o homem e o seu Criador. Coisa que o Diabo jamais admitiu. Se ele, um querubim, não soube amar o Senhor, isto não significava estar o homem impossibilitado de devotar um amor seráfico ao Todo-Poderoso, devemos amá lo de todo coração (Dt 6.5).
CONCLUSÃO
O Diabo tentou de várias formas induzir o Senhor a estender a mão contra Jó. Se Deus assim fizesse, estaria contrariando seus atributos morais: santidade e justiça. Além do mais, não poderia o Senhor ser tentado pelo mal, pois a ninguém tenta (Tg 1.13). Se ele nos prova, visa unicamente o nosso bem; não é o seu intento agir como um ser arbitrário que, sendo irresistivelmente poderoso, trata as suas criaturas como se fossem robôs. Deus nos trata, visando o nosso aperfeiçoamento espiritual. E, se nos prova, amorosamente o faz (1 Co 10.13).