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Governo Chinês recomeça campanha contra o Cristianismo

Com o mundo distraído pela pandemia de Covid-19, o Partido Comunista Chinês recomeçou sua campanha de longa data contra o cristianismo.

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Wanderli Luiz
Wanderli Luiz
Casado com Joyce, e pai do Levy e da Laura; gosta de ler e escrever, ligado nos acontecimentos ao redor do mundo. Tem formação superior pelo Unicentro Newton de Paiva, em Belo Horizonte (MG).
Governo Chinês recomeça campanha contra o Cristianismo
Xi Jiping, presidente da China | Foto: Reuters

O cristianismo na China cresceu de cerca de quatro milhões de fiéis no início dos anos 50, quando Mao Tsé-Tung expulsou missionários protestantes, para mais de 60 milhões.

Com o mundo distraído pela pandemia de Covid-19, o Partido Comunista Chinês recomeçou sua campanha de longa data contra o cristianismo. As autoridades provinciais proibiram os serviços religiosos online. Autoridades da província de Anhui removeram cruzes de duas igrejas em abril, aumentando o número de igrejas desfiguradas que se estendem aos milhares.

Os crentes na China já estão sob mais pressão do que em qualquer momento desde a Revolução Cultural, e uma nova fase está começando. Pequim não quer mais simplesmente reprimir a religião, mas transformá-la. Xi Lian, professor da Duke University Divinity School, disse que o Partido Comunista quer “criar uma nova versão do cristianismo, desprovida de suas visões e valores transcendentes”.

A peça central desta campanha é uma nova e importante tarefa de reescrever as Sagradas Escrituras. A Agência de Notícias Xinhua, estatal da China, disse no final do ano passado que Wang Yang, membro do Comitê Permanente do Politburo, presidiu uma reunião dos chamados acadêmicos e “pessoas religiosas do nível de base” para discutir “fazer interpretações precisas e autorizadas das doutrinas clássicas a serem mantidas no rítmo com os tempos”.

Levaria anos para criar traduções oficiais do estado da Bíblia, do Alcorão e de outros textos religiosos. Purgar passagens consideradas incompatíveis com os “valores socialistas centrais”, mantendo uma medida da poesia original – isso exigiria realizações literárias e profundo conhecimento religioso, os quais faltam aos especialistas escolhidos a dedo pelo partido. Até mesmo a ideia de entretenimento revela a impressionante “arrogância do poder” de Pequim, diz Lian, observando que os imperadores chineses nunca tentaram tal feito. A Embaixada da China em Washington se recusou a comentar.

Como o senhor Lian coloca, “Por que Pequim procura drenar o cristianismo de seu espírito?” Uma explicação é a hostilidade generalizada à religião. “O Partido Comunista vê a religião como inimiga”, diz Sophie Richardson, diretora da Human Rights Watch na China. “A constituição do país garante nominalmente a liberdade religiosa, mas Pequim quer que a religião seja erradicada ou cooptada”, afirma Richardson.

Outras minorias religiosas sofreram muito nos últimos anos, principalmente os muçulmanos uigures na província de Xinjiang. Mas o partido vê o cristianismo, que algumas estimativas sugerem ser a religião que mais cresce no país, como uma ameaça única. Lian cita três razões principais. Primeiro, o cristianismo é uma religião internacional. Laços de afeto e solidariedade ligam os cristãos de todo o mundo a seus irmãos na China. Segundo, é congregacional: “Você tem essa capacidade de mobilizar uma comunidade estável e confiável”. As congregações ajudaram a derrubar ditaduras na Coréia do Sul e na Polônia. Terceiro, e talvez a mais importante, “a visão transcendente, valores transcendentes do Cristianismo apresenta ao Partido Comunista uma insuperável rivalidade moral e ideológica”, diz Lian.

O Presidente da China, Xi Jinping, diz que seu objetivo é “sinicizar” a religião – tornar a religião em algo. Como se fosse uma criação chinesa – Mas o cristianismo já foi sinicizado, argumenta Lian – e não pelo partido. Ao longo de décadas, os evangelistas chineses levedaram a fé firme dos missionários com temas milenares e práticas carismáticas, sustentando os crentes através dos cataclismos ocorridos durante o governo ditador Mao Tsé-Tung (1949-1976) e das mudanças sociais do período pós-1978 de “reforma e abertura”. Isso ajuda a explicar por que a religião – especialmente em sua forma subterrânea não regulamentada – está conquistando tantos convertidos. O cristianismo na China cresceu de cerca de quatro milhões de fiéis no início dos anos 50, quando Mao Tsé-Tung expulsou missionários protestantes, para mais de 60 milhões. Hoje, o problema de Pequim não é que o cristianismo no país seja muito estrangeiro; é que o próprio cristianismo se tornou muito chinês.

Os EUA não podem ditar eventos na China, mas a Casa Branca seria prudente em tornar a liberdade religiosa um pilar de sua estratégia na China. O presidente Trump deve falar em liberdade com mais frequência. A retórica não é uma coisa ociosa. As palavras dão esperança, e a esperança compartilhada amplamente pode refazer as nações. O governo Trump deve apoiar suas palavras fortes com ação. Ele pode se basear nas sanções de Xinjiang e punir os responsáveis por perseguir os cristãos. E o Departamento de Estado deve monitorar de perto as ameaças às igrejas, seminários e à Nanjing Amity Printing Co., que é a principal produtora de Bíblias na China.

Para o cristianismo sobreviver na China, os cristãos do país terão que convocar as virtudes que sustentaram a fé em outros tempos de perseguição: integridade do testemunho, solidez da amizade, fidelidade até a morte. Para aqueles de nós criados em uma sociedade livre, é difícil imaginar o fardo deles. Mas os cristãos não conhecem maiores confortos do que a cruz e a Bíblia – lembretes de fraqueza transmutados em vitória, testemunhos do amor de Deus por um mundo caído.

Wall Street Journal / By Matthew Taylor King

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