A Frente Parlamentar Evangélica (FPE), base de apoio de Jair Bolsonaro (sem partido), espera que o novo titular do MEC (Ministério da Educação) seja fiel aos costumes conservadores e bandeiras carregadas pelo presidente durante a eleição em 2018.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Silas Câmara (Republicanos-AM), disse que um nome com pensamento contrário ao do grupo desagradaria a bancada.
Considerando o apoio de um dos seus grupos mais fiéis, Bolsonaro sonda nomes evangélicos. “Um nome desalinhado com os princípios que o presidente Bolsonaro pregou na campanha e que são os nossos princípios, sim, incomodaria“, disse Câmara.
Durante a campanha presidencial de Bolsonaro havia defendido alguns pontos que ficaram marcados na mente de sua base de apoio eleitoral ainda na campanha de 2018.
Pontos firmados
- Mudança no conteúdo e método de ensino. Mais matemática, ciências e português, sem doutrinação e ideologia sexual precoce
- Expurgar a ideologia de Paulo Freire, mudar a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), impedir a aprovação automática e impor disciplina dentro das escolas.
- Educação à distância – deveria ser vista como um importante instrumento.
- As universidades, em todos os cursos, devem estimular e ensinar o empreendedorismo.
A vaga está em aberto desde 18 de junho deste ano de 2020, quando Abraham Weintraub deixou o posto. Desde então, o presidente recorre a nomes que agradem as alas militares e ideológicas do governo, as quais estão em conflito sobre um nome.
Sem ministro, ontem foi definida a alteração das datas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Publicamente, a bancada evangélica não se manifesta sobre nomes que concorrem ao posto, mas apresentam insatisfação nos bastidores com nomes fora dos costumes conservadores. Movimento semelhante aconteceu quando Bolsonaro sondou Mozart Ramos para o posto, após ser eleito, em 2018, mas teve rejeição dos evangélicos.
Nome consensual
Durante a entrevista em que revelou ter tido resultado positivo no teste do novo coronavírus, Bolsonaro disse que vai ouvir um candidato de São Paulo ao posto e o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) é “reserva” da vaga. Dos ministros militares, Bolsonaro ouve conselhos para não nomear alguém tão pragmático quanto Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub (economista e professor brasileiro, docente da Universidade Federal de São Paulo. Foi ministro da Educação do Brasil entre 2019 e 2020).
A razão disso, é evitar uma resistência de grupos ideológicos, caso seja necessário trocar o ministro. Um nome que foi ventilado é o de Vitor Hugo. O líder do governo na Câmara é visto pelo presidente como homem fiel ao bolsonarismo e disciplinado com estudos, mas perde pontos junto aos militares do governo, com quem há divergências e uma questão hierárquica. Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Braga Netto (Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI), são generais; enquanto o deputado, major, é de patente inferior.
No Planalto, o movimento que ventilou o nome de Vitor Hugo foi visto como uma articulação de aliados do deputado para alçá-lo ao cargo e dar mais representatividade ao seu grupo, em sua maioria ligados à vice-liderança na Câmara. Vitor Hugo já foi cotado para assumir o posto de Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), quando o caso das candidaturas laranjas, que envolvem o ministro, ganhou repercussão. A intenção era valorizar seu trabalho e colocar um novo nome na articulação na Câmara.
O último convidado foi Renato Feder. Ele é secretário de Educação no Paraná e recusou o convite feito por Bolsonaro, após ser reprovado pela bancada evangélica. O professor Carlos Decotelli chegou a ser nomeado, mas não assumiu o posto devido a inconsistências e informações falsas em seu currículo acadêmico.
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