Escola Dominical – Comentário de apoio da Lição 11, do 3º trimestre de 2020 – Esdras vai a Jerusalém ensinar a Palavra de Deus.
Aniel Ventura
A história de Esdras, não é apenas uma sequência de fatos históricos sobre a volta dos exilados. Esta narrativa revela como Deus cumpriu suas promessas anunciadas pelos profetas, assegurou que seu povo reconstruísse o templo, os muros da cidade, bem como os padrões da verdadeira adoração e preservassem a comunidade recém-reunida de novas recaídas nos costumes e na idolatria dos gentios.
A mensagem para a época de Esdras, assim como para a nossa, é que o Deus de Israel é fiel às suas promessas. Ele restaurará por completo o seu povo quando este se voltar sinceramente para ele.
I – ARTAXERXES ENVIA ESDRAS
Entre os capítulos 6 e 7 de Esdras houve um intervalo de quase sessenta anos. Nesse tempo, Ester tornou-se rainha do rei Assuero (Xerxes I), por volta de 478 a.C. Já os capítulos 7 e 8 registram eventos vinte anos mais tarde, quando, então, um grupo menor de exilados voltou da Pérsia a Jerusalém sob a liderança de Esdras.
Através da vida deste servo vemos a providência e a fidelidade de Deus na restauração do remanescente judaico que voltou do exílio em Babilônia. Deus proveu líderes espirituais capazes para conduzir o remanescente que retornava a um verdadeiro arrependimento na dedicação à palavra divina. Isso proporcionou um grande avivamento espiritual, ao povo de Deus.
O rei foi amável com Esdras, concedendo-lhe todos os seus pedidos, tudo o que ele precisava e desejava para estar capacitado a servir à sua pátria. Quando partiu, muitos o acompanharam, obtendo o favor de seu rei através do favor divino. Devemos ver a mão de Deus nos feitos que nos acontecem e reconhecê-los com gratidão.
II – ESDRAS ENSINA A PALAVRA AO POVO
Sob uma perspectiva natural o rei Artaxerxes não tinha motivos para deixar os cativos voltarem a Judá para fins puramente religiosos. Mas, como a Bíblia nos explica, o decreto emitido por ele foi realmente um ato de Deus: “… segundo a mão do Senhor, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira” (Ed 7:6).
Esdras chegou ao primeiro dia do quinto mês (Ed 7.9) e depositou o tesouro no templo no quarto dia do quinto mês (Ed 8.33). Muitos dos israelitas, inclusive sacerdotes, levitas e governantes, casaram com mulheres idólatras e praticavam abominações e impurezas pagãs (Ed 9.1,2,11). O casamento com ímpios havia sido proibido na lei de Moisés (Êx 34.11-16; Dt 7.1-4; Sl 106.35). O Novo Testamento, também, proíbe o povo da nova aliança, casar-se com incrédulos (1 Co 7.39; 2 Co 6.14).
Esdras escreve na terceira pessoa, identificando-se com a nação. Toda congregação estava preocupada com o pecado no meio do povo. Esdras se lamentou, orou e confessou, então juntaram-se ao sacerdote e houve grande choro. O sacerdote encorajou o povo a confessar-se ao Senhor e cumprir a Lei. Com uma proclamação unânime, todo o Israel concordou.
A reação de pesar de Esdras, acompanhada de oração, é um exemplo típico da aflição que todos os verdadeiros ministros de Deus devem sentir ao verem o povo de Deus conformar-se com pecados e costumes ímpios. A misericórdia e graça de Deus alcançou o povo que ansiava pelo perdão e a renovação espiritual (Ed 10. 8,9,12-14).
III – A PALAVRA DE DEUS DEVE SER ENSINADA
A Palavra de Deus contém princípios espirituais que nos ajudarão a evitar tristezas, ciladas e tragédias causadas por decisões e escolhas erradas. Devemos ter em grande estima a sua sabedoria, e sermos fiéis aos seus preceitos em todas as circunstâncias da vida (Sl 119.106,112).
“Portanto, ide, ensinai todas as nações” (Mt 28:19). A Grande Comissão gira em torno do maior imperativo: “fazer discípulos”. Fazer discípulos envolve três passos: ir, batizar e ensinar, principalmente os dois últimos. O batismo aponta para a decisão de crer em Cristo e a disposição em obedecer aos mandamentos, portando-se como nova criatura.
O alicerce de qualquer ministério é a Palavra de Deus. Pregar a verdade é tarefa árdua e sagrada, que requer perseverança e coragem. O pastor precisa ter atitude firme e persistente na pregação. Paulo exorta a Timóteo a estar atento todo o tempo à sua responsabilidade (2 Tm 4.1,2).
IV – RESULTADOS DO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS
A palavra de Deus é o padrão de medida que será usada em juízo (2 Co 5.10). A mensagem de Deus além de viva e também eficaz, penetrando no íntimo de todo ser. Distingue o que é natural do que é espiritual, como os pensamentos e as intenções do coração de cada pessoa. A palavra de Deus, enfim, expõe todas as motivações naturais e as espirituais do coração do cristão (Hb 4.7,12; 3.8,10,12,15).
“Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13:8).
Esta verdade é como uma âncora segura para nossa fé. Significa que os crentes dos dias atuais não devem se dar por satisfeitos, antes de experimentarem a mesma salvação, comunhão com Deus, batismo no Espírito Santo e o poder que os crentes do Novo Testamento experimentaram, ao servir a Deus.
Aquele que encontra sabedoria descobre um tesouro incalculável. O primeiro casal foi expulso do Jardim do Éden e proibido de tocar na árvore da vida (Gn 3.22-24), no entanto, a sabedoria é outra “árvore da vida”, que começará a restaurar a felicidade perdida no Paraíso (Pv 9.10).
CONCLUSÃO
Ciro, proclamou publicamente que os povos exilados poderiam retornar às suas terras de origem e adorar seus deuses em seus santuários.
Duas cópias da proclamação de Ciro acerca dos judeus são preservadas no livro de Esdras: A primeira narrativa (Ed 1:2-4) aparece em hebraico, ao passo que a segunda (Ed 6:3-5) escrito em aramaico.
Um estudo recente mostra que a última delas representa um “dikrona”, um termo oficial aramaico que denota um decreto oral, feito por um governante. Seu intuito não era o de ser publicado, mas servia de memorando que visasse orientar as autoridades constituídas a iniciarem ação legal.
Esdras 6:2 mostra que a cópia aramaica fora localizada nos arquivos do governo em Ecbátana, na residência de verão de Ciro, em 538 a.C.