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Em defesa da Teologia Sistemática

EM FOCO

Roney Cozzer
Roney Cozzer
Roney Cozzer é presbítero vinculado a Assembleia de Deus Central de Porto de Santana, Cariacica, ES (Pr. Evaldo Cassotto), autor, professor de Teologia e palestrante. Possui graduação em Teologia, concluiu o Curso de Extensão Universitária “Iniciação Teológica” da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e possui formação em Psicanálise. É mestre em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR) na linha de pesquisa Leitura e Ensino da Bíblia. Participou como autor e pesquisador do Projeto Historiográfico do Departamento de Missões das Assembleias de Deus do Vale do Rio Doce e Outros (DEMADVARDO) entre os anos 2016 e 2018. Cursa licenciatura em Letras pela Uninter e atua como coordenador pedagógico do curso de Teologia na modalidade a distância da Faculdade Unilagos (RJ).Contatos e Atividades na Internet: roneyricardoteologia@gmail.com | Blog Fundamentos Inabaláveis

 

Em defesa da Teologia Sistemática
Imagem: Edenin Pontes

“Prefiro a Teologia Bíblica à Teologia Sistemática”, alegam alguns.

Já faz alguns anos que venho percebendo em acadêmicos de Teologia um sentimento que também é comum a professores de Teologia: “Prefiro a Teologia Bíblica à Teologia Sistemática”, alegam alguns. O entendimento é que a Teologia Bíblica é menos dogmática e possibilita um trabalho “direto” com o texto bíblico sem a interferência da Dogmática Cristã ou, noutras palavras, sem a interferência dos teólogos sistemáticos.

Alguns fatores, contudo, precisam ser (eu diria) seriamente considerados antes de “dispensarmos” a Teologia Sistemática (se bem que eu nunca estive realmente disposto a isto):

O olhar hermenêutico é inevitável!

Por mais que se pressuponha que dialogando com a Teologia Bíblica, estará o acadêmico de Teologia trilhando um caminho mais “neutro”, isento, desprovido de dogmas, o fato é que isentar-se já significa sair da neutralidade. Ser neutro é posicionar-se. Penso que o dogma é uma forma de posicionamento, reflete cosmovisão e a maneira como reagimos a determinados temas. Não posicionar-se é praticamente impossível. Melhor, portanto, é assumir que todos temos dogmas e que olhamos o mundo por determinada janela. A Igreja vem fazendo justamente isto ao longo de séculos por meio de sua sistematização teológica. O que o homem pós-moderno não consegue entender é que ao insistir em que não há um absoluto, ele já está sendo absoluto. Fica claro para mim que esta rejeição ao dogma cristão tem como pano de fundo, na verdade, o típico relativismo pós-moderno. Sob o manto de isenção, o estudante da Bíblia, desde o exegeta ao leitor popular da Bíblia, todos, sem exceção, se aproximam com a Bíblia já com algum sistema interpretativo pré-concebido. Suas vivências pessoais, comunitárias, sua religião, enfim, irão incidir sobre sua interpretação do texto bíblico. A eisegese é um fenômeno, de certo modo, inevitável. Pode e deve ser reduzido, mas nunca poderemos dizer que chegamos de fato ao texto bíblico completamente nus. Isto é ilusão!

O valor prolegômeno da Teologia Sistemática

O conhecimento não vem pronto; se dá por estágios. Vai sendo construído ao longo dos anos. É uma tolice ignorar o valor de conhecimentos elementares pelo fato de termos alcançado conhecimentos mais complexos. Conhecimentos complexos vão sendo alcançados à partir de conhecimentos elementares. O estudo de Teologias Sistemáticas contribui assim para introduzir o cristão no amplo campo de estudos da Teologia. É a melhor via para que ele conheça as crenças que orientam a vida da Igreja, vida que ele agora vive. São essas convicções que norteiam a maneira como reagimos ao mundo que nos cerca e a maneira como encaramos Deus e nos relacionamos com Ele. Perguntas cruciais para o cristão são respondidas na Teologia Sistemática: Quem sou eu? Quem é Jesus? O que é a salvação? Estas e outras tantas questões são definidoras da nossa identidade e como nos orientamos ética e solidariamente no mundo. De certo modo, o homem está sempre em busca de respostas para estas questões. Se não for na Teologia Sistemática, ele vai buscar em outra fonte, como de fato faz. Por que não pode, pois, a Dogmática Cristã permanecer como uma resposta não só possível, mas viável.

A inerência da sistematização em outros sistemas

Sistematização de convicções e pontos de entendimento não é algo exclusivo da Teologia Sistemática. A sistematização está presente, inclusive, em outros ramos do saber. E não só em Ciências Humanas, mas também outras ciências como Matemática e Física. Sistematizar é organizar e este é um aspecto essencial para o progresso do aprendizado, inclusive. O teólogo sistemático Wayne Grudem comenta: “[Teologia Sistemática] significa examinar a Bíblia para encontrar todos os versículos que correspondem a um determinado tópico de estudo. Então, juntamos todos os versículos para entender o que Deus quer que creiamos. “Sistemática” significa “cuidadosamente organizada por tópicos.” Então, é diferente da teologia aleatória ou da teologia desorganizada” (Disponível em: <https://www.thegospelcoalition.org/…/o-que-e-a-teologia-si…/> Acesso em 17 jun. 2018). A Teologia Sistemática não pode ser desprezada pelo fato de ser sistemática. Sua organização tem razão de ser e mesmo no próprio texto bíblico já percebemos doutrinas sistematizadas, organizadas para formar um pensamento específico.

O valor histórico da Teologia Sistemática

Aqui está também outro importante fator para se ler e estudar Teologia Sistemática. Vários teólogos vem escrevendo e deixando para a posteridade diversas teologias sistemáticas, isto ao longo de séculos. Aquino, Calvino, Armínio, dentre tantos outros escreveram volumosas obras que refletem a convicção da Igreja ao longo de séculos. Seu pensamento, convicções em torno de Deus, do mundo, do próprio homem e sua condição, enfim, diversos temas atrelados ao Cristianismo e à vida vem sendo seriamente investigados e refletidos em teologias sistemáticas. Neste sentido, essas obras podem ser consideradas verdadeiros repositórios de sabedoria antiga e de conhecimento histórico também a respeito da Igreja. Como historiador que sou, este é um ponto que me soa como muito importante e que merece ser destacado.

Poderia neste breve artigo destacar ainda outros pontos importantes que justificam a Teologia Sistemática, bem como realçam seu valor para a Igreja. Julgo, contudo, os que aqui foram comentados serem suficientes para uma reflexão desta natureza. Espero, realmente, ter contribuído para o leitor ou leitora.

 

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