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É pecado o cristão usar barba?

EM FOCO

Robson Aguiar
Robson Aguiar
Teólogo, articulista, comentarista cristão, e pastor presidente da Assembléia de Deus, em Caetés III, Abreu e Lima-PE,

Um renomado líder evangélico, membro da maior denominação pentecostal do país, por meio de vídeo, fez críticas ao uso da barba, e para isso citou o exemplo de José, quando se apresentou em presença do governante do Egito.

“Assim que ouviu isso, o Faraó mandou chamar José, que foi trazido às pressas da prisão onde estava. Depois de se barbear e trocar de roupa, apresentou-se perante o Faraó” (Gênesis 41.14)

Acho interessante que o reverendo tenha citado o Antigo Testamento, pois no Novo Testamento ele não conseguiria nenhum argumento além do que está escrito em Hebreus 13.17: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”.

O fato é que José é um caso isolado de um judeu em que raspou a barba aparentemente como um ato de religiosidade, contudo esse argumento é superficial e não se sustenta à luz do contexto bíblico e histórico.

Conjecturas

Há duas hipóteses que podem ter contribuído para tal atitude:

Em primeiro lugar, pesa o fato de José ter passado muito tempo na prisão e sua barba ter crescido exageradamente lhe deixando com péssima aparência.

Em segundo lugar está o fato de José ter uma audiência com o faraó, e os egípcios gostavam de se depilar e não usavam barbas nem permitiam que seus escravos a usassem.

Conclui-se que a atitude de José tenha sido uma ação preventiva de não querer afrontar o governante.

Quando os faraós são apresentados em gravuras em paredes egípcias, eles aparecem com cavanhaque postiços. que eram usados por eles quando aconteciam festas.

Lei e Tradição

Os judeus eram obrigados pela Lei a usarem barba: “Disse o Senhor a Moisés: fala a todos os filhos de Israel: Não cortareis em redondo, nem danificareis as extremidades da barba” (Levítico 19.27).

– Arão usava barba: “É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas” (Salmos 133.2).

– Davi usava barba: “Pelo que Davi se contrafez diante deles, em cujas mãos se fingia doido, esgravatava nos postigos das portas e deixava correr saliva pela barba” (1 Samuel 21.13).

– Esdras usava barba: “Ouvindo, eu tal coisa, rasguei as minhas vestes e o meu manto, e arranquei os cabelos da cabeça e da barba, e me assentei atônito”. (Esdras 9.3).

Não ter barba era vergonhoso

“Tomou, então, Hanum os servos de Davi, e lhes rapou metade da barba, e lhes cortou metade das vestes até às nádegas, e os despediu. Sabedor disso, enviou Davi mensageiros a encontrá-los, porque estavam sobremaneira envergonhados. Mandou o rei dizer-lhes: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e, então, vinde” (2 Samuel 10.4,5).

Só podiam raspar a barba em dois casos

– Chagas na cabeça, (Levítico 13:29,30);
– Lepra, (Levítico 14.9).

Sempre que se vê uma ilustração de um judeu, ele está usando barba. Ao contrário do que se ensina hoje, quem proibia o uso da barba era o Egito, e não Israel.

Mas e a igreja?

As próprias lições da Escola Bíblica Dominical e outros periódicos da CPAD, que usamos em nossas igrejas, quando ilustram imagens de Cristo ou de doutores da Lei, eles são apresentados com barba.

A história da Igreja também mostra que os primeiros cristãos usavam barbas e era até imodesto apresentar-se com os pelos do rosto raspados.

Aqui está uma citação do Concílio de Cartago sobre o traje imodesto: “Qualquer homem que vier à igreja com cabelos longos e a face barbeada e lisa, será excluído da comunhão, pois esse homem está vestido de forma imodesta” [Crocker & Brewster, Nova York, 1832 pág. 154].

O Quarto Concílio de Cartago, em 398, decretou: “O clérigo não deixará seu cabelo crescer, nem removerá sua barba”.

Clemente chamava a barba de “adorno natural do homem” e dizia que “nunca era permissível” raspá-la. (The Fathers of the Church, 218).

Para Clemente a barba era símbolo da masculinidade: “Esta, então, é a marca do homem, a barba. Por ela, ele é reconhecido como um homem. Ela é mais antiga do que Eva. É o símbolo da natureza superior… Portanto, é uma atitude ímpia profanar o símbolo da masculinidade, os pelos” — Clemente de Alexandria (vol 2, pág. 276).

Alguns fatos que podem explicar o não uso da barba por parte dos cristãos:

Em 1054 com a divisão da igreja católica, os católicos ocidentais para se diferenciarem dos católicos orientais (ortodoxos), teriam obrigado seus líderes a rasparem a barba.

Outra versão vem do século XVIII e surge na política onde a barba representava a posição política do indivíduo; quem era de esquerda e contra o governo, raspava a barba, e quem era de direita e favorável ao governo, não. No início do século XX isso se inverteu.

O movimento da santidade e o avivamento da rua Azuza podem também ter influenciado para a proibição do uso da barba entre os pentecostais.

Por último, as Forças Armadas e a concepção de higiene da época no Brasil, também podem ter contribuído para a censura da barba.

O que não se têm nisso tudo é argumento Bíblico. Apenas tradição, usos e costumes é que são invocados para justificarem a não adoção do uso da barba. Em alguns ministérios até os bigodes são proibidos.

R.A

Fontes:
– Bíblia
Estudos de Deus
Cooperadores do Evangelho
Jesus Cristo Príncipe da Paz

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3 COMENTÁRIOS

  1. Paz do Senhor,
    Sou evangélico, pentecostal, e uso barba, não uma barba rala, nem também a comprida barba de arão, mas uma barba bem feita, gosto e uso. É algo natural do homem, a barba. Do mesmo modo é algo natural a mulher os cabelos cumpridos. Ao meu ver, pentecostais depilam o rosto por que é um costume mais ligado a tradição militar. Sou de direita, gosto do regime militar, mas aprecio o uso de barba. Vai de cada um. Um abraço a todos.

  2. Excelente reflexão! Parabéns pelo discernimento bíblico. Lembro que os costumes e a tradição foram combatidos pelo próprio Jesus alegando que estavam valorizando mais que o evangelho. Marcos 7:8. O evangelho genuíno descontrói a tradição e os costumes da denominação.

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