
Na última semana, numa edição da Revisa Americana Newsweek, um epidemiologista chamado Harvey Risch, apresentou um novo estudo sobre o uso da hidroxicloroquina – a droga que tem estado no centro de um debate médico politizado nos últimos meses – é “a chave para derrotar a Covid-19“, e que os médicos devem prescrevê-lo amplamente para salvar a vida de milhares de pacientes com coronavírus.
O Dr Harvey argumenta que “os dados apoiam totalmente” o amplo uso da hidroxicloroquina como tratamento eficaz contra a Covid-19. “Quando esse medicamento, oral e barato, é administrado muito cedo no curso da doença, antes que o vírus tenha tido tempo de se multiplicar além do controle, ele se mostra altamente eficaz”, argumenta Risch na coluna.
Remédio Amargo
A hidroxicloroquina tem sido objeto de um argumento político amargo e prolongado nos últimos meses, depois que o presidente Donald Trump, em meados de março, disse que a droga estava mostrando efeitos promissores no tratamento do Covid-19.
Os meios de comunicação e os comentaristas logo depois começaram a divulgar inúmeras histórias dos supostos perigos fatais da droga, bem como a ineficácia relatada no tratamento da doença. Risch, argumenta que vários estudos nos últimos meses demonstraram que o medicamento é um método de tratamento seguro e eficaz para o Covid-19.
Tratamento politizado
Entre os experimentos de tratamento bem-sucedidos, ele escreve, estão “mais 400 pacientes de alto risco tratados pelo Dr. Vladimir Zelenko, com zero mortes; quatro estudos totalizando quase 500 pacientes de alto risco tratados em casas de repouso e clínicas nos EUA, sem mortes; um estudo controlado de mais de 700 pacientes de alto risco no Brasil, com risco significativamente reduzido de hospitalização e duas mortes entre 334 pacientes tratados com hidroxicloroquina; e outro estudo de 398 pacientes pareados na França, também com risco de hospitalização significativamente reduzido”.
Risch diz que a droga é mais eficaz “quando administrada muito cedo no curso da doença, antes que o vírus tenha tido tempo de se multiplicar além do controle“. Embora, segundo Risch, os benefícios da droga sejam claros, ele admite que o assunto “se tornou altamente politizado”.
“Para muitos, é visto como um marcador de identidade política, nos dois lados do espectro político“, afirmou. “Ninguém precisa que eu lembre a eles que não é assim que a medicina deve proceder“.
Ele também argumenta que “o medicamento não foi usado adequadamente em muitos estudos” e que os atrasos na administração do medicamento reduziram sua eficácia.
“No futuro“, diz Risch na coluna, “acredito que esse episódio errado sobre a hidroxicloroquina será estudado pelos sociólogos da medicina como um exemplo clássico de como fatores extra-científicos anulam as claras evidências médicas“.
“Mas, por enquanto”, ele acrescenta, “a realidade exige um olhar científico claro sobre as evidências e para onde aponta“.