Escola Dominical – Comentário de apoio da Lição 8, do 1º trimestre de 2021 – Comprometidos com a Palavra de Deus – O Verdadeiro Pentecostalismo.
Aniel Ventura
Durante o ministério terreno do Senhor Jesus, as Escrituras do Antigo Testamento eram conhecidas, genericamente, como “Lei, Profetas e Escritos” (Lc 24.44). Vieram, então, as Escrituras dos apóstolos, igualmente inspiradas pelo Espírito Santo. Como denominar, pois, ambos os Testamentos? Alguns pais da igreja os chamavam de Divina Literatura. Porém, faltava, a palavra correta que viesse a dar uma visão exata do significado das Escrituras do Antigo e do Novo Testamento. Era necessário, pois, denominar o conjunto dos pequenos livros que compunham a Palavra de Deus. Foi desse modo que a palavra Bíblia, (biblioteca) veio a popularizar-se.
I – A AUTORIDADE DA BÍBLIA
Segundo o pastor Hernandes Dias Lopes, a Reforma Protestante foi o mais importante movimento da igreja após o Pentecostes. Porém não se trata de uma inovação, e sim, um retorno ao Cristianismo primitivo, à doutrina apostólica. Em 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero, colou nas portas da igreja de Wittenberg as noventa e cinco teses contra as indulgências, deflagrando esse movimento que marcou um novo tempo na história da humanidade.
Os cinco pilares de sustentação da Reforma Protestante:
I) Sola Scriptura. Os Reformadores devolveram à Escritura o seu lugar de plena supremacia. Não é a Igreja que está acima da Escritura; mas a Escritura está acima da Igreja. A tradição não está em pé de igualdade com a Palavra de Deus. A Bíblia é a única regra de fé e conduta.
II) Sola Fide. A salvação não é alcançada pelas obras nem por uma parceria entre a fé e as obras. A salvação é recebida pela fé e pela fé somente. Pelas obras ninguém será justificado diante de Deus (Ef 2.8,9).
III) Sola Gratia. A salvação é uma dádiva de Deus. É um dom imerecido. Merecíamos o juízo, porém Deus nos oferece perdão. Mereceríamos condenação e Deus nos dá salvação (Tt 2.11).
IV) Solus Christus. A singularidade de Cristo é eloquente em toda a Bíblia. Ele não é uma verdade entre outras; ele é a verdade. Ele não é um caminho entre muitos; ele é o Caminho a Verdade e a Vida (Jo 14.6).
V) Soli Deo Gloria. A glória dada aos homens é glória vazia, é vanglória, é idolatria, é abominação para Deus. Só o Senhor é Deus. Ele é e subsiste em três pessoas da mesma essência e substância e poder: o Pai, o Filho e o Espírito Santo e é merecedor de toda honra e glória.
“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas…” (Ef 2.20). Paulo usou uma metáfora comum para descrever Jesus Cristo, como a principal pedra da esquina (Sl 118.22, Is 8.14; 28.16; Rm 9.32,33). Paulo descreveu os apóstolos e os profetas como o “fundamento”, pois, a Igreja primitiva foi estabelecida a partir dos ensinamentos e da pregação dos apóstolos e profetas, contudo Cristo é a Pedra sobre a qual a Igreja está edificada (1 Co 3.11). A pedra da esquina era a primeira pedra, a base, o alicerce, colocada no ângulo de uma construção dando firmeza e solidez. Os construtores alinhavam o restante da estrutura sobre a pedra angular, principal (1 Pe 2.1-9).
Em vez de deístas, somos teístas, um termo definido por Charles Hodge como “a doutrina de um Deus extraterreno, pessoal, criador, preservador e governador do mundo” (Systematic Theology, l, 205). O Teísmo engloba o estudo dos argumentos racionais e as razões para crenças na realidade de Deus, assim como as provas para sua existência como um Deus Trino e Uno. “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto seu eterno poder como sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm 1.19,20).
II – ZELO PELA DOUTRINA
A Igreja só irá crescer através do ensino genuíno da Palavra de Deus e da instrução na boa doutrina. Entretanto a sã doutrina é a base de um ministério saudável e de seu correto exercício. Paulo recomendou a Timóteo a exercitar, referindo-se ao treinamento físico dos atletas gregos, pois a verdadeira espiritualidade exige que os crentes se exercitem na piedade em sua caminhada com o Senhor (1 Tm 4.6).
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor…” (1 Co 13.13). A fé, a esperança e o amor são virtudes cristãs permanentes, porém o amor, claramente, vem antes. A fé é o firme fundamento (Hb 11.6), e o amor é a pedra principal. A doutrina é o fundamento (1 Co 3.10; Jd 3), e a experiência, a expressão prática que nos dá esperança e não traz confusão (Rm 5.4; Jo 13.35).
Todo cristão precisa aprender a defender aquilo que crê. O credo, a confissão de fé, regra de fé ou declaração de fé, são interpretações autorizadas das Escrituras, aceitas e reconhecidas por uma igreja ou denominação. A Bíblia é a Palavra de Deus a única autoridade inerrante para a nossa vida. Não é um credo, mas, sim, sua fonte primária. A Bíblia revela a verdade em forma popular de vida e fato; o credo declara a verdade em forma lógica de doutrina. A Bíblia é para ser crida e obedecida; o Credo é para ser professado e ensinado. A Bíblia precisa ser corretamente interpretada e compreendida para uma adoração consciente a Deus (Rm 12.1).
III – CUIDADO QUANTO AOS MODISMOS
Muitas denominações fundamentam-se na Teologia da Prosperidade, na Confissão Positiva ou na Palavra da Fé. Suas crenças e práticas são aberrações e perigosas heresias. A Teologia da Prosperidade oriunda da América do Norte, é um movimento que se alastra principalmente nas igrejas pentecostais. A Confissão Positiva é uma adaptação, com roupagem cristã, das ideias do hipnotizador e curandeiro Finéias Parkhurst Quimby (1802-1866). Os quimbistas criam no poder da mente, e negavam a existência da matéria, do sofrimento, do pecado e da enfermidade. Deles surgiram vários movimentos ocultistas como o Novo Pensamento, as seitas Ciência da Mente e Ciência Cristã, de Mary Baker Eddy. O pior é que procuram se passar por cristãos evangélicos.
Encontramos na Bíblia muitos homens que fizeram proezas e destacaram como homens aprovados por Deus tais como: Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel entre outros. As conquistas destes líderes foram para o povo de Deus, não para deleite pessoal da liderança (Tg 4.3). É inadmissível alguém usar as passagens bíblicas como (Hb 11.32-37), para prometer ao povo carros importados, mansões e outras benesses materiais, contrariando a recomendação de Paulo, assim jamais se apresentarão aprovados diante de Deus (2 Tm 2.15).
No tempo de Timóteo a igreja era atacada pelos falsos mestres, assim como a igreja é atacada hoje. Então, o que fazer? Lembrar aos crentes a se fixarem nas coisas essenciais, e não debaterem palavras e filosofias vãs (Cl 2.8). Certificar-se de transmitir bem a Palavra, ser diligente para manejá-la com cuidado. “Manejar bem” implica “examinar” com cuidado, para que as pessoas entendam o projeto de Deus para todas as eras. Paulo adverte que as falsas doutrinas “corroem como câncer,” porém, a cura é a “sã doutrina” da Palavra Deus (2 Tm 2.17).
CONCLUSÃO
A palavra da verdade é que define a natureza das Escrituras. A Palavra de Deus é como um farol irradiando a luz da verdade, em meio à escuridão de todo tipo de engano e mentira. Por isso, o mestre ou instrutor da Palavra de Deus deve fazer o possível para saber utilizar a verdade de Deus com toda a exatidão. Não o fazer com prudência e discernimento é arriscar ser levado a juízo (Tg 3.1). A palavra de Deus é o padrão de medida que Cristo usará no juízo (2 Co 5.10). A mensagem de Deus é viva e eficaz, penetrando as partes mais íntimas do coração, diferenciando o que é natural do que é espiritual, assim como os pensamentos e as intenções de cada indivíduo. Enfim, a palavra de Deus expõe as motivações naturais e as espirituais do coração do homem (Hb 4.7; 3.8,10,12,15; 8.10; 10.16,22; 13.9).
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