Uma Igrejinha sertaneja
Não pegarei o meu diploma, para escrever sobre você. Ele não vai entender, as marcas carregadas por esta Igrejinha.
A medicina pode até não te compreender, quem a dará explicações sobre os milagres que aqui aconteceram? Cantarolaram até o amanhecer, não podia ser diferente, o menino doente, outrora ficou são.
Não nego a existência da ciência e do conhecimento, mas às vezes eles não deixam transparecer, as marcas carregadas por você.
Aqui a engenharia funcionou diferente, ajuntaram do graveto encontrado no solo tão rachado à mão de obra do senhor Antônio, morador daquelas bandas, e não é que resultado foi primoroso? Comportou desde a Dona Tonha, viúva desamparada à criança que levanta poeira em seu caminhar.
As marcas carregadas por você, ó Igrejinha, só a mão do missionário para entender. Eu aprendi com você, quando a goteira cair, é hora de agradecer, o Criador derramou chuva no nosso Sertão.
“Não precisa trocar a telha senhor Antônio, foi o favor do nosso Deus Pai.”
Igrejinha, enquanto eu viver, quero falar das marcas carregadas por você. Que nossa poesia seja como o seu abraço que conforta, intensa como o calor do meio-dia e esperançosa como a nuvem escura a se formar sobre nós.
A sua força não se limita a templos deslumbrantes, nossa bonança é ser como o mandacaru, em cada légua percorrida, avisto-o, sabiamente dá-me um sinal de que foi feito pelo Criador, armazenam água no caule, há sequidão tão grande capaz de o matar? Os espinhos podem parecer hostis, não sabendo eu que faz parte da sobrevivência. Assim tu és, ó Igrejinha.
Obrigada por me fazer entender, que meu diploma por si só não pode salvar você, se eu não tiver compaixão, podes esmorecer.