Instituições carnavalescas que se garantem, quase inteiramente, de repasse do Estado – uma afronta aos olhos de milhões de brasileiros que carecem de recursos nas áreas de saúde, alimentação, educação e segurança pública.
CARNAVAL – Recentemente as discussões relacionadas ao uso das verbas públicas para as escolas de samba e blocos carnavalescos voltaram a reacender os ânimos. A liberação desses recursos divide opiniões: os foliões e simpatizantes, motivados pelo desejo de pular o Carnaval, são a favor; por outro lado, há aqueles que não aceitam essa “brincadeira” com o dinheiro público, especialmente em um momento de severa crise que assola o país.
A bem da verdade, a profissionalização desse setor encontra-se severamente atrasada. Enquanto outros segmentos são capazes de caminhar com as próprias pernas, ou seja, gerando seus próprios recursos a fim de aplica-los em seus propósitos, as instituições carnavalescas se garantem, quase inteiramente, de repasse do Estado – uma afronta aos olhos de milhões de brasileiros que carecem de recursos nas áreas de saúde, alimentação, educação e segurança pública.
Felizmente, no entanto, percebemos que o Brasil começa a abandonar sua velha cultura de “pão e circo”, passando a se preocupar com a política como ferramenta de melhoria do bem-estar público. Um sinal claro dessa visão ainda é perceptível desde as manifestações dos últimos anos e, também, na oposição de grandes prefeitos em relação ao direcionamento do dinheiro público para o Carnaval. Tal posicionamento não apenas demonstra grande lucidez, como também o comprometimento com o povo, afinal, há questões verdadeiramente prioritárias, que dependem de recursos para serem sanadas.
O Carnaval, ao contrário do que muitos imaginam, não fomenta a economia ou aquece a economia. O aumento considerável de gastos com a necessidade do aparato de policiais nas ruas extrapola os gráficos, assim como o de profissionais de saúde que montam plantão nos hospitais, e tantos outros que se dedicam a atender os inúmeros feridos (alguns infelizmente fatais) que são fruto dessa “brincadeira”, que ano após ano se torna mais violenta.
Definitivamente o custo/benefício do carnaval é negativo ao extremo.
Diante da atitude de tantos prefeitos pelo Brasil afora, vislumbramos uma mudança para melhor no Brasil, principalmente na administração consciente e responsável, destinando recursos públicos para a sociedade de forma geral, e não apenas para alguns, que insistem em não compreenderam que o momento não é de festa, mas sim de construção de uma nação melhor, com investimentos em áreas que gerem empregos e proporcionem aos brasileiros uma vida com dignidade.