Elas tiveram o pedido de auxílio emergencial negado por ocupar cargo de ‘Presidente da República’ conforme consta na Carteira de Trabalho Digital.
Pelo menos dois casos foram descobertos no Espírito Santo. Adeyula Barbosa, de 31 anos, e Amanda Lourenço, de 25, após a resposta negativa para o pedido de auxílio emergencial do Governo Federal, pesquisaram sobre as possíveis causas para o impedimento e foram surpreendidas quando descobriram que nas Carteiras de Trabalho Digital delas constava um contrato com o cargo de “Presidente da República”.
A estudante Adeyula Barbosa é moradora de Jabaeté, em Vila Velha; e a bióloga Amanda Lourenço mora no bairro Santa Teresa, em Vitória. Apesar de não se conhecerem, o desemprego não é a única “coincidência” entre as duas. De acordo com reportagens do site G1, as Carteiras de Trabalho Digital das duas capixabas apontam que elas ocupam o mesmo cargo de “Presidente da República” pela Secretaria de Estado da Educação (SEDU).
Sem entender o que tinha acontecido, Adeyula Barbosa buscou respostas através da internet e acabou descobrindo a confusão com os cargos. “Eu comecei a pesquisar o que significavam aquelas siglas. Consegui consultar a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), depois resolvi baixar a Carteira de Trabalho Digital, para saber se estava com o mesmo problema. Lá, estava a ocupação de ‘presidente da República’. Fiquei espantada. Como? Uma cuidadora escolar que não tem nada a ver com o presidente da República. Não tinha lógica aquilo. Não imaginava um erro desse”, disse.
Sem trabalhar, Amanda Lourenço entrou com o pedido de auxílio emergencial, mas a resposta no aplicativo da Caixa Econômica Federal veio como “inconclusivo”. “Eu pensei que eu precisava resolver esse problema, porque eu acho que não estava conseguindo auxílio por causa disso. Eu fiz a inscrição no dia 7 de abril. Ficou em análise e no dia 22 de abril deu o resultado ‘inconclusivo’ e eu tive que refazer o cadastro”, relatou.
“Quando eu vi esses erros, eu pensei que estava com muito problema. Porque primeiro estava como presidente da República e depois aparecem dois empregos que eu nunca trabalhei”, revelou Amanda.
Erros / ‘Situação cômica, mas triste’
O sentimento de espanto se espalhou pelos familiares de Adeyula. “Vai dormir a minha filha, simples assim, e, do nada, acorda presidente do Brasil. É um tanto curioso”, disse a mãe, a aposentada Roseni Dias.
“É uma situação cômica, mas, se for olhar, é triste. Eu estou precisando do auxílio emergencial e, por causa de erro, de falta de atenção na hora de lançar o cadastro, gerou todo esse problema para a minha vida. A gente ri, mas a nossa realidade é outra, dá vontade de chorar diante disso”, disse Adeyula.
Apesar de a situação ser vista com humor por algumas pessoas, Adeyula lamenta ter sido vítima desse tipo de erro, que custou o saque do benefício.
A bióloga Amanda constatou outros erros no seu cadastro. O documento aponta que ela já trabalhou como carregadora de aeronaves, no Rio de Janeiro, e demolidora de edificações, em Recife. “Quando eu vi esses erros, eu pensei que estava com muito problema. Porque primeiro estava como presidente da República e depois aparecem dois empregos que eu nunca trabalhei”, revelou Amanda.
Respostas
Questionado pela reportagem do G1, o superintendente de Trabalho e Emprego no Espírito Santo, Alcimar Candeias, disse que o erro é do contratante, neste caso, a SEDU. Houve um erro quando a secretaria não informou a demissão da funcionária e outro ao inserir, equivocadamente, o código do cargo de presidente da República na ocupação da trabalhadora.
Por sua vez, a Secretaria da Educação (SEDU) informou que os servidores são cadastrados em um sistema próprio da secretaria, e que vai ajudar a corrigir o erro junto ao Ministério da Economia.
O superintendente da Caixa Econômica Federal no Espírito Santo, Denis Matias, explicou que a ação do Governo Federal é em conjunto com o Ministério da Cidadania, Dataprev e Caixa.
Matias disse que cabe ao banco apenas coletar os dados e pagar os beneficiários. A apuração de quem deve receber ou não o auxílio é feito pela Dataprev.
“Não é de competência da Caixa fazer a checagem dos dados informados, só o pagamento do auxílio. Nos casos que a pessoa recebeu a resposta como ‘não aprovado’ ou ‘inconclusivo’ e ela tem direito ao auxílio, elas podem ir no site da Caixa e retornar as informações e corrigir os dados que estejam equivocados”, informou o superintendente.