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Assembleia de Deus em Paulista (PE) separa mulher para o diaconato

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Paulo Pontes
Paulo Ponteshttps://www.searanews.com.br
Fundador e CEO da Seara News Comunicação, jornalista, cidadão vilavelhense, natural de Magé (RJ), pastor, teólogo (Teologia Pastoral e Catequética), presidente do Diretório da SBB-ES, autor do livro Você Tem Valor.
Assembleia de Deus em Paulista (PE) separa mulher para o diaconato
Pr. Robson Aguiar e obreiros, consagrando a irmã Maria Lúcia de França para o diaconato | Foto: Cedida pela igreja

O líder da igreja, pastor Robson Aguiar quebra paradigma e separa diaconisa.

Após deliberação com o ministério e com os membros da igreja, a Assembleia de Deus liderada pelo pastor Robson Aguiar, filiado a CADEESO em Pernambuco, separou para o diaconato a irmã Maria Lúcia de França, que se tornou a primeira mulher a ser separada para diaconisa em seu ministério. 

Apesar de as Convenções onde o pastor é filiado – Convenção das Assembleias de Deus no Estado do Espírito Santo e Outros (CADEESO) e Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), não adotarem formalmente o cargo para membros do sexo feminino, na prática muitas mulheres já desempenham o cargo desde o início das Assembleias de Deus.

Mas o que levou a Assembleia de Deus representada na Convenção Capixaba, em Pernambuco, a adotar diaconisas?

O assunto ainda gera polêmica porque na denominação existem os que são contrários, alguns por questões de hermenêutica e exegese. Entretanto, para o pastor Robson Aguiar e os obreiros do seu ministério há uma clareza teológica e histórica quanto a mulher exercer o diaconato na igreja.

Fundamento bíblico

De acordo com o pastor, os que defendem que os homens podem exercer a função, se apegam ao texto de Atos 6, onde descreve que sete homens foram escolhidos para tal função (não aparecendo mulheres), e soma-se a isso o capítulo 2 da Segunda Carta do Apóstolo Paulo a Timóteo.

Segundo Aguiar, deve-se levar em consideração o contexto da época em que a sociedade judaica era patriarcal e que as mulheres sequer podiam questionar pregadores ou exercer ensino nas sinagogas e posteriormente no templo. “Além disso, o texto de 1 Timóteo 2.11 e 12, fala de liderança e serviço”, pontua.

“A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem” (1 Tm 2.11-12).

O pastor defende sua posição: “Quem cita o texto acima, o faz sem a devida hermenêutica, pois essa interpretação não parece coerente uma vez que o cargo de diaconisa não está ligado ao ensino da Palavra e sim ao serviço social conforme se confirma em Atos 6.2-5”.

Vejamos o que diz o texto de Atos 6.2-5, citado pelo pastor:

“E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia”.

No tocante a questão de gênero e preconceitos, o pastor Robson considera o que escreveu o apóstolo Paulo aos Gálatas:

“Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28).

“Nós que defendemos que a mulher pode ser diaconisa citamos Romanos 16.1 (King James Bible), que fala de Febe, mencionada como diaconisa – no grego antigo διάκονος, diáconisa, serva, ajudante, atendente, servente”, pontua o pastor, que compara o texto com outras versões da Bíblia:

– King James Atualizada: “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é diaconisa na igreja de Cencréia”.

– NTLH – Novo Testamento na Linguagem de Hoje: “Eu recomendo a vocês a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cencreia”.

– Bíblia Online: “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cêncris, para que a recebais no Senhor, dum modo digno dos santos”.

Assembleia de Deus em Paulista (PE) separa mulher para o diaconato
Maria Lúcia de França é a primeira mulher a ser separada para diaconisa no ministério da Assembleia de Deus em Paulista (PE) | Foto: Cedida pela igreja

O pastor reforça o seu argumento com um texto onde o apóstolo Paulo sugere a escolha de diaconisa da mesma forma que o diácono: “Devem ser primeiramente experimentados; depois, se não houver nada contra eles, que atuem como diáconos. As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas sóbrias e confiáveis em tudo” (1 Timóteo 3.10,11).

Fundamento histórico

Em sua fundamentação histórica, o pastor lembra da missionária sueca Frida Vingren que já fazia esse tipo de serviço, ou seja, os serviços sociais da igreja que por tradição eram entregues às mulheres. Além de cuidar dos filhos, eram responsáveis por zelar pelos órfãos, visitar os idosos e os doentes.

Além do pastor Robson Aguiar, outros ministérios ligados à Convenção das Assembleias de Deus no Estado do Espírito também separam e consagram mulheres para diaconisas. A Assembleia de Deus da Graça, mais conhecida como Ministério Íbes, e presidida pelo pastor Levy Aguiar, filho do fundador da CADEESO, há vários já trabalha com mulheres no diaconato, conforme nos confirmou o pastor Dermival Vieira, que lidera uma das igrejas do campo.

Aguiar destaca que Igrejas Batistas já trabalham com diaconisas há muitos anos, mas, em se tratando de Assembleias de Deus os casos são pontuais:

– A CONAMAD – Convenção das Assembleias de Deus Ministério Madureira, é precursora na consagração de pastoras em 23 de abril de 2005, consagrou a cantora Cassiane, esposa do pastor Jairinho.

– A CIMADB – Convenção das Assembleias de Deus da Igreja Mãe, também recebe e consagra mulheres ao ministério pastoral.

– A CEADAM – Convenção das Assembleias de Deus no Amazonas (agora ligada a CIMADB, já separava diaconisas ainda estando na CGADB e agora também consagra pastoras.

O pastor menciona também que o caso mais emblemático reside em Brasília, onde a CEADDIFF – Convenção das Assembleias de Deus no Distrito Federal, mesmo estando atualmente ligada a CGADB, consagra pastoras – citando Marina Silva – na época do pastor Sóstenes Apolos (in memoriam) que ocorreu a primeira consagração.

“Embora eu discorde da consagração de mulheres ao ministério pastoral, não por machismo ou preconceito, mas por não estar ainda convencido que se trata de um fato bíblico. No tocante à separação para o serviço social da igreja estou com a consciência tranquila que temos subsídios suficientes para adotarmos em nosso ministério o diaconato feminino”, declara o pastor Robson Aguiar.

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8 COMENTÁRIOS

  1. Isso não deve acontecer, leia as cartas de Paulo a Timóteo e verá que essa atitude não é bíblica ! As mulheres são importantes e sempre serão em nossas vidas mas não dessa maneira.

  2. Peterson Pereira quando se lê as escrituras não podemos nos prender a versículos isolados tal como “a mulher fique calada”. Deve ser visto contextos e principalmente conceitos históricos.
    Parabéns as igrejas que tem reconhecido ministério feminino…

  3. Diaconisa, no literal tem a função de servir no templo e ajudar os pobres. Então, o que é visto é realmente as irmãs mais simples e humildes fazerem esse serviço, muitas delas até pastoreiam também; ou seja, fazem varios papéis ao mesmo tempo e não são valorizadas. A ùnica forma de serem reconhecidas e valorizadas é as consagrando. Infelizmente pessoas se escandalizam com tanta coisa sò não se escandalizam com o pecado. O que define se consagra ou nao isso é coisa de ministério. Agora, a biblia nao fala que consagrava homem a pastor também. Aì muitos vao falar de Davi e de outros. Mas Davi e outros eram pastores de ovelhas, assim como Raquel tambem era pastora de ovelhas. Vao falar que Davi foi ungido e tal, mas DAVI foi ungido a rei e nao a pastor, porq ele ja era pastor de OVELHAS.
    Entao, ninguem foi consagrado a PASTOR ou PASTORA. Isso se deu por causa de ministerios, estatutos, regimentos, etc. Então isso é COISA DO HOMEM, DO SER HUMANO.
    Então, porque não separar, consagrar mulher ao diaconato se ela ja faz o serviço diaconal sem ao menos ser reconhecida. Será que é lrs deixar sempre a pessoa no anonimato para que não saibam que o papel que ela exerce è de EXTREMA IMPORTANCIA PRA QUALQUER MINISTERIO

  4. Tenho convicção de que nós mulheres contribuimos bastante com relaçao ao serviço na casa de Deus,mas temos que ir para a bíblia e lá nao tem(Rm16:1) consagração alguma a não ser o parecer de que Febe exerceu essa função de diácono(talvez por faltar varões naquele lugar).
    Porém nao temos consagração alguma desses ministerios: pastoras,diaconisas,bispas,apostolas,presbíteras,etc…E se a minha bíblia diz que nao tem ,então eu fico com a bíblia!

  5. Parabéns a igreja em Paulista/PE, por não se deixar levar por dogmas de homens e reconhecer o trabalho de quem SERVE, independentemente do gênero.

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