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Nós, a mentira e os nossos filhos

EM FOCO

Daniel Buanaher
Daniel Buanaherhttps://www.searanews.com.br/author/buanaher/
DANIEL ANTÓNIO BUANAHERI é natural de Moçambique, África; formado em teologia pela Instituto Bíblico das Assembleias de Deus e pelo Universidade Metodista de São Paulo, graduado em pedagogia pela Universidade Anhanguera e pós-graduado em Gestão e Organização de Escolas pela Universidade Anhanguera. Daniel Buanaher (como é conhecido) é pastor e desenvolve um profícuo ministério com sua esposa Yasmin Buanaher, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado. Durante 6 anos permaneceu no Brasil para capacitação acadêmica e ministerial pela Assembleia de Deus Ministério de Cobilândia, em Vila Velha, ES.

Nós, a mentira e os nossos filhos

Por Daniel Buanaher

Veja se concorda comigo. O assunto da Educação de crianças é como o ovo: “se não seguramos bem cai no chão, se seguramos demasiado parte-se”. Digo isso, porque sendo um estudante da área da Educação, já presenciei tantos debates tensos em redes de discussão acadêmica sobre onde vêm os princípios morais de uma criança, onde ela aprende a discernir o certo do errado, que até me dá medo opinar. É verdade…

Por isso, se entro num desses debates é à maneira chinesa: simplesmente para sugerir que pode haver outra maneira de olhar para as coisas. Apenas para acrescentar a vista do ponto onde estou. Não é isso que o grande teólogo Leonardo Boff sempre fala? Que “um ponto de vista é sempre a vista de um ponto.”

Comecemos então com duas perguntas: Onde a criança começa a aprender a falar a verdade? Onde ela aprende a mentir? O que me diz? Minha resposta é simples: dentro de casa, nos nossos lares. Aliás, como escreveu a psicopedagoga Ana Macarini: “os nossos ‘jeitinhos’ são observados com curiosa atenção pelos pequenos”. E, mesmo que eles não compreendam, ou não tenham ainda recursos para refletir a respeito, irão reproduzir o que fazemos ou dizemos.

Já pensou? Ver seu filho por aí, já adolescente, reproduzindo modos de comportamento que o deixam terrivelmente envergonhado, e você se pergunta “a quem este menino puxou”. Alguns podem ter sido influenciados por más companhias fora sim, mas muitos deles é porque, infelizmente, eles estão sendo uma cópia fidedigna do que elas viram dentro de casa. O que as crianças vêm seus pais fazerem e dizerem ecoará em suas mentes pelo resto da vida.

Muitas vezes, o pai diz: “Só fale a verdade, não minta. Papai do céu não gosta, a professora da EBD não gosta, não faça uma coisa dessas. Ouviu bem?”. E o pequeno menino abana a cabeça positivamente, pensando ter aprendido a lição. Mas, daqui a pouco, o telefone toca e o pai diz: “Se for o pedreiro, diz que não estou.” Ou “Se for tal pessoa diz que estou tomando banho”. Imagine a confusão que dá na cabeça desse pequeno. Nem adianta ele questionar aquelas ordens, porque vai acabar ouvindo o infalível “porque sim”. E lá vai esse pequeno, aos 5 anos, mentir ao telefone. Isso quando ele não solta o espontâneo: “papai mandou dizer que não está”.

O que ele está aprendendo com isso? Cuidado. Ao dizer isso aos filhos pequenos, começa-se a estabelecer uma relação entre mentira e fuga de responsabilidades. Não é exagero; filhos prestam atenção nessas coisas.  As crianças são extremamente vulneráveis e observadoras. Vão aprender conosco sempre, seja o bem ou o mal feito.

Seja você pai ou não, acredito que tenha lido o trecho da Bíblia que diz “ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6).

Ensinar no caminho! Bela expressão essa; significa que o encarregado de educação e a criança estão juntos no caminho. O pai ensina de forma exemplar a discernir o certo do errado, a manter um bom nome na praça, a ser honesto, e tudo mais que diz respeito aos caminhos do Senhor. E, de acordo com o texto, quando envelhecer, geralmente, não vai se apartar o que aprendeu na tenra idade.

Repare que o texto levanta uma questão óbvia, escancarada logo na primeira parte do versículo. Que é dever, intransferível, dos pais ensinar o seu filho no caminho certo. Isso é importante lembrar para que não caiamos na tentação de transferir para a escola ou para a professara da escola dominical a responsabilidade que é primordialmente dos pais, ainda que a igreja ou a escola ajude nessa tarefa.

Onde estou querendo chegar? Que paremos com os exemplos nada exemplares. Paremos. A começar em casa. Tenha coragem de dar a oportunidade ao seu filho de aprender o correto através de te. Acredite: quando nosso comportamento é pautado pelo respeito, pela ética e coerência, o menino tem a possibilidade de sentir-se seguro e amparado; e, assim, terá bons modelos nos quais possa se espelhar e configurar sua maneira de agir.

Tem gente que, infelizmente, está nem aí com isso: são só criancinhas, dizem.

Que pena! Só não se esqueça que a palavra pode até convencer, mas o exemplo arrasta; é preciso falar e praticar mais.

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