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Crise no casamento: Por que os casais se separam?

EM FOCO

Paulo Pontes
Paulo Ponteshttps://www.searanews.com.br
Fundador e CEO da Seara News Comunicação, jornalista, cidadão vilavelhense, natural de Magé (RJ), pastor, teólogo (Teologia Pastoral e Catequética), presidente do Diretório da SBB-ES, autor do livro Você Tem Valor.

Crise no casamento e divorcio

No estado do Espírito Santo, 20% dos casamentos terminam em até cinco anos de união, e a média de idade dos divorciados é de 30 anos. Não entre para o time dos divorciados antes e nem depois dos 30.

Por Renata Lacerda | rlacerda@redegazeta.com.br

Vocês estão apaixonados e decidem passar o resto da vida juntos. Reúnem a família, os amigos e fazem uma grande festa. Mas, em pouco tempo, o príncipe encantado vira sapo e por volta dos 30 anos de idade vocês já fazem parte da lista dos divorciados. Infelizmente, essa não é uma história de ficção.

Casos como esses estão cada vez mais comuns, e as estatísticas mostram que foi-se o tempo em que a grande ameaça dos casais era a crise dos 7 anos. Na verdade, chegar à tal crise já é motivo de comemoração.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 32% dos casais brasileiros se separam antes de completarem 5 anos de casamento e, desses, 20% não chegam nem a completar 2 anos. No Espírito Santo, os dados mudam pouco: 20% dos casamentos terminam em até 5 anos de união, sendo 29,4% deles em até 2 anos. A média desses novos separados: 30 anos.

Por quê?

Diante de tantos matrimônios fracassados, a primeira pergunta é: por quê? A psicóloga Patrícia Rocco, que também atende a casais, explica que não é possível generalizar a estatística, mas que um dos erros mais comuns é o casal não ter metas e objetivos de vida em comum e acreditar que o que incomoda no namoro pode ser mudado após a união.

“É muito difícil um casamento dar certo quando há mais divergências que convergências. É preciso conhecer bem quem é a pessoa com quem estou me casando”, diz.

Para a terapeuta familiar Adriana Müller, um dos principais problemas é a idealização do casamento, que leva a uma frustração e decepção logo nos primeiros conflitos. “Quando uma pessoa imagina como vai ser um casamento, muitas vezes, não pensa em um casamento com desafios. A tendência é achar que o casamento é uma continuação do namoro, mas, é uma outra etapa da relação, com convivência direta, divisão de obrigações e até cobranças sociais diferentes”, explica.

As psicólogas alertam que ainda é comum esperar por um príncipe encantado, aquela “metade da laranja” com quem a vida é fácil e feliz. Sempre. Elas lembram que casamento dá trabalho. “Se tenho um problema, é difícil resolver, desgasta, cada um precisa ceder um pouco, conversar para chegar a um acordo. Para muitos, é mais fácil acabar com o casamento”, conta Patrícia.

Decisão

Outro problema comum nos dias atuais é o casal não pensar muito no porquê estão se casando. Em vez de decidir pelo casamento, eles “caem” no casamento, se casam por acreditar que estão na idade certa ou porque “é o caminho natural” da relação.

“Muitos se casam por impulso, empolgação, imediatismo. Querem casar porque estão na idade de ter filho ou porque não querem ser o solteiro do grupo. Eu tenho que me casar porque encontrei um companheiro que compartilha dos mesmos ideais e sonhos, não simplesmente porque gosto de alguém”, lembra Patrícia.

Adriana lembra ainda que é muito importante descobrir, antes do casamento, qual a expectativa do companheiro de uma esposa ou marido. “Se há expectativas diferentes, isso vai gerar cobranças sobre o que o outro ‘deveria’ fazer. Entrar em acordo dá trabalho. Mas é um trabalho que precisa ser feito”, recomendou.

Diálogo

O arquiteto André Donadello, 33 anos, e a bancária Fabíola dos Santos Donadello, 31, estão casados há 4 anos e não têm medo das estatísticas. Para eles, os gostos parecidos, os objetivos comuns e o diálogo são a chave do casamento feliz, que é alimentado pelos bons momentos.

“Acho que nosso casamento dá certo porque a gente tem muito diálogo. Se alguma coisa começa a ir mal, a gente conversa e tenta resolver logo. Acho que tem a ver com respeito e diálogo”, disse André.

Para Fabíola, muitos casamentos acabam rápido porque os casais se casam “na empolgação”, sem conhecer de verdade o parceiro.

“Acabam se casando sem sintonia ou até sem disposição para lidar com diferenças que surgem numa vida a dois. Muitos casam na esperança de transformar a pessoa e depois se decepciona”, diz.

Fora da curva

O servidor público Bruno Fáe, 31 anos, e a analista de sistemas Lilian Faé, 31, já escaparam da estatísticas. Em julho, eles completam 9 anos de casamento, que aconteceu após 4 anos de namoro e um ano de noivado. Eles reconhecem que têm personalidade completamente diferentes, mas que os objetivos e os valores em comum são a força do casal.

“A gente teve bastante tempo para se conhecer. Temos opiniões parecidas, rimos das mesmas coisas. Pensamos diferentes em algumas coisas, mas desde o namoro ia conversando para tentar entrar em acordo”, conta Bruno.

Lilian afirma que as metas e algumas decisões, como quando ter filhos ou o tipo de educação em que acreditam, foram conversadas ainda no namoro. Mesmo assim, os conflitos são inevitáveis.

“Príncipe encantado não existe, o que existe é uma pessoa cheia de defeitos, como você, que vai errar com certeza. Temos que conviver com isso. O segredo é superar os problemas”, conta.

Bruno acredita que o apoio da fé em comum – os dois são evangélicos – também foi fundamental. “Acreditamos que o casamento é um projeto de Deus e isso é um incentivo para lutar pelo casamento. É natural que o desentendimento aconteça. Acho que hoje os casamentos acabam tão rápido porque as pessoas estão muito centradas em si mesmas. Todas querem a própria felicidade, mas falta entrega, querer fazer o outro feliz”, diz.

Bruno-e-Lilian_Fae

Bruno e Lílian Faé, 31 anos, se encontraram pela primeira vez no pré-vestibular e começaram a namorar na faculdade – eram colegas de sala do mesmo curso. Cinco anos depois, se casaram, e este ano, vão completar 9 anos de casamento feliz que deu dois frutos: Luiza, 3 anos, e Isabel, 1.

“Somos muito diferentes, mas temos os mesmos valores. Traçamos metas juntos. Conflitos existem, mas não tentamos mudar o outro. Focamos no que temos em comum”. [Lilian Faé, analista de sistemas]

Solução

Que fique claro que ninguém está anunciando o fim do casamento. É possível, sim, ter uma relação duradoura e feliz. O que os profissionais alertam é que é preciso reconhecer que nenhum casal é 100% compatível e que a vida a dois exige cuidados.

“Todo casamento vai ter crise. Isso pode destruir ou amadurecer o casal. A chave é fazer acordos e procurar não o que é melhor para mim, mas o que é melhor para os dois. Homem e mulher precisam se sentir respeitados e exigir que a pessoa seja o seu ideal é não respeitar a sua personalidade”, explica Adriana Müller.

Patrícia concorda. “Todo casal briga, discute, diverge. Faz parte, é normal até entre amigos. A comunicação é fundamental. Temos que ouvir o outro, entender o que ele quer dizer, dialogar”, afirma.

E, assim, é possível viver feliz (quase) sempre!

NÃO FAÇA PARTE DAS ESTATÍSTICAS

Alguns motivos da separação

Metas diferentes – Para um a prioridade é o trabalho e, para o outro, a família? Um prefere gastar o dinheiro em viagens, e o outro sonha com um imóvel? Vocês não precisam pensar da mesma forma, mas os conflitos tendem a ser maiores se os objetivos de vida não são comuns.

”Casando, muda” – Nem você nem seu parceiro irão se transformar em outra pessoa após o casamento. Gostos, vontades e hábitos (da balada à dieta) não vão mudar radicalmente. O que hoje é um incômodo pode virar um problema depois.

Inércia – Muita gente se casa por achar que já está na idade ou que essa é a evolução natural das coisas. Casamento deve ser decisão consciente.

Fuga e impulso – Costuma durar pouco o casamento que tem como objetivo sair de casa, se afastar de uma família complicada, não ser “o solteiro” do grupo ou para ter um filho.

Idealização – Há quem acredite que casar é “ser feliz para sempre” e que, com “a pessoa certa”, o relacionamento será fácil e sem conflitos. Assim, nos primeiros problemas, a impressão é de ter feito a escolha errada.

Expectativas – Se o que cada um espera de um casamento ou se as visões do papel de marido ou mulher são muitos diferentes, as chances de conflito são maiores.

Dicas para não se divorciar

Conheça seu parceiro – Quais objetivos? Do que ele gosta? O que espera de um casamento? Os conflitos devem ser resolvidos antes do casamento.

Definam objetivo – O que vocês pensam sobre filhos? Querem priorizar a construção de um patrimônio ou aproveitar a vida? Vocês podem ter objetivos individuais, mas as grandes metas da vida devem ser definidas a dois – e definir significa discutir até entrar em acordo, não abrir mão do que se quer.

Mais que amor – Não basta apenas gostar muito de alguém para dar certo no casamento. Analise também outros aspectos.

Individualidade – É preciso ter espaço individual também na vida a dois: Casados não precisam fazer “tudo junto o tempo todo”.

Lembre-se de que dá trabalho – Ninguém é perfeito, mesmo sua “alma gêmea”. Conflitos, divergências e problemas vão acontecer com certeza e é preciso maturidade para enfrentá-los sem fazer disso um desgaste.

Acordos – A arte do casamento é fazer acordos. Combinem o que pode ou não pode e como fazer as coisas. Atenção: entrar em acordo não é um se anular para alegrar o outro!

Perdão – Em algum momento, marido e mulher vão cometer erros – e o mais provável é que isso aconteça com frequência. É preciso saber perdoar e conversar sobre eles para que não se repitam.

Sem conto de fadas – Príncipes e princesas encantados não existem, e nenhum casal é 100% compatível – conflitos vão aparecer até entre casais “perfeitos”. Aceite esse fato e aprenda a conviver com seus problemas.

Não engula sapos – Evitar um conflito direto ou engolir sapos para “manter a paz” causa apenas o efeito “bola de neve” – depois de um tempo, o problema será ainda maior. Claro que é preciso fazer concessões numa vida a dois, mas isso não significa se anular ou fazer apenas a vontade do outro.

Diálogo – Para os especialistas, é a maior dica para manter um casamento feliz e saudável. Conversem! Sobre tudo e sempre que surgir qualquer dúvida ou divergência.

Casamento não é namoro – Casar não é morar com o namorado. Saiba que a convivência, as responsabilidades e obrigações sociais são diferentes. Prepare-se para isso.

Famílias diferentes – Na hora da dificuldade, a tendência é usar o exemplo dos pais. Entenda que cada família é diferente – não há um certo e errado -, e que o casal deve criar, junto, seu próprio modelo de família

Aprenda – Em vez de reclamar da diferença entre vocês, veja o que pode aprender com ela.

Confie – Façam seus acordos e cumpram com a sua parte. Confie que o outro cônjuge fará o mesmo e dê espaço para que ele prove isso, sem dúvidas ou cobranças desnecessárias.

Faça o outro feliz – Muita gente se casa com o único objetivo de ser feliz. Mas o que você faz pela felicidade do outro?

___________ com algumas adaptações para o padrão bíblico.
Fonte: Jornal A Gazeta, Vitória (ES), de 14/04/2013 – Matéria de Renata Lacerda
Link da matéria original: Gazeta Online
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