Estima-se que 250 mil crianças são abusadas todos os anos no Brasil
A exploração sexual infantil está assombrando a Copa do Mundo no Brasil
Por Jussara Teixeira
Após décadas de silêncio, o problema da prostituição infantil no Brasil está ganhando os holofotes com a Copa do Mundo, quando inúmeras notícias de jornais internacionais apontam o problema e pressionam o governo a atitudes concretas contra esse mal que assola o país.
Com a expectativa de que pelo menos 600 mil torcedores venham ao país vindos de todas as regiões, uma escalada crescente de abuso e tráfico sexual de crianças pode se tornar realidade. Nesse assunto, o Brasil infelizmente é conhecido por turistas de todo o mundo por ser um local onde esse tipo de atividade é praticada às claras e sem intervenção policial.
Em maio, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que transforma a prática em crime hediondo e inafiançável, com penas variando de quatro a dez anos.
Segundo a Unicef, a estimativa é de que 250 mil crianças são abusadas todos os anos no Brasil, e esse número é grandemente aumentado na ocorrência de eventos esportivos. Também segundo a organização Childhood, o crescimento de denúncias no período dos jogos de 2010 na África do Sul foi de 66%.
Igrejas
As igrejas também acordaram para o problema, unindo forças a Organizações não Governamentais e lançaram uma campanha nacional, a “Bola na Rede”, alertando turistas para os perigos relativos à infância em território nacional.
Segundo o coordenador nacional da campanha, Ronald Neptune, “como cristãos, nós não podemos somente juntar as mãos e orar a Deus, temos que trabalhar para fazer a diferença para os jovens em risco”. A campanha preparou e treinou igrejas nas 12 cidades-sede , encorajando-as a mobilizar-se durante os dias em que ocorre o evento esportivo.
No dia 12 de junho uma marcha pacífica congregou milhares de pessoas em torno da Arena Corínthians, no bairro de Itaquera, em São Paulo, onde foi feita uma oração coletiva clamando pelas vítimas de abuso sexual.
A céu aberto
Em Fortaleza, tem sido relatada a prostituição nas praias da orla da cidade, lotada de turistas, principalmente europeus. As garotas de programa chegam a vestir-se de verde e amarelo para entrar no clima de “torcida” em meio às várias nacionalidades e torcedores presentes.
Algumas prostitutas chegaram a dizer que o preço do “programa” inflacionou em quase 100%, passando de R$100 para R$200.
Enquanto isso, a prefeitura diz que tem feito uma “campanha”, que consiste na distribuição de preservativos a turistas e profissionais do sexo no período da Copa do Mundo.
Para Ana Maria Drummond, diretora executiva da ONG Childhood, que falou à Veja, existe uma dificuldade de eliminar a ideia de que no Brasil não existem lei e a impunidade existe em todos os níveis.
“O Brasil é um destino de turismo sexual e leva tempo para desconstruir o imaginário de que é um país sem regras, onde tudo pode. Das doze cidades-sede da Copa, cinco são campeãs de denúncia em violência sexual contra criança e adolescente”, revela.
“Sabemos que o movimento de turistas gera mais aliciamento. É interesse dessas redes de exploração oferecer meninas a estrangeiros, são meninas aliciadas em cidades menores, levadas para os grandes centros. Então, esse esquema já existe e a Copa o potencializa”, analisa.
Jussara Teixeira
Gospel Voice
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