O governo tem lutado para manter o controle total sobre a sociedade, e seus agentes estão chegando ao extremo com suas exigências
A rádio Free Europe informou que uma comissão do governo de Tashkent, capital e maior cidade do Uzbequistão, inspecionou um comércio que é dirigido por cristãos em Margilan, uma cidade do leste do país, e reclamou de suas condições aos proprietários, alegando que não havia instalações adequadas para as exigências sanitárias.
Um dos analistas de perseguição da Portas Abertas comentou: “Isso não tem nada a ver com higiene, a questão é que o comércio é de ‘casas de banho’ e o governo acha que podem ser usados para o ‘taharat’ que são banhos de purificação dos judeus ou até mesmo para o ‘wudu’ que é o ritual de purificação que os muçulmanos fazem antes da reza, daí nesse último caso, o comércio não estaria de acordo com a especificações islâmicas”, explicou.
Para o analista, o governo tem lutado para manter o controle total sobre a sociedade, então seus agentes estão chegando ao extremo com suas exigências. “Ao menor indício de irregularidade, lá estão eles controlando e fiscalizando tudo, nos mínimos detalhes. Só por aí dá para se ter a ideia do quanto a igreja no Uzbequistão é controlada e pressionada”, observa o analista.
O Uzbequistão é o 15º país na atual Classificação da Perseguição Religiosa, com uma das ditaduras mais severas da Ásia Central. Aqueles que se desviam de suas normas de conduta são atacados de várias formas. Para os cristãos, a situação é ainda pior, pois o cristianismo é considerado como um fator estranho e desestabilizador. Frequentemente, casas de fieis são invadidas, literatura cristã e outros materiais são confiscados e os cristãos são presos por causa de sua fé. Interceda pela igreja no Uzbequistão.
Ler a Bíblia para alguém é proibido
Além disso, a importação e impressão de qualquer tipo de literatura no país são estritamente monitoradas e censuradas. As autoridades confiscam livros cristãos no idioma uzbeque com frequência. Quem desobedece é multado e até mesmo preso.
O cristão Abdurahim, que por motivos de segurança teve o nome alterado, é líder de uma igreja no Uzbequistão. Uma semana atrás, ele foi preso, acusado de atividade religiosa ilegal. Depois de um julgamento muito rápido no tribunal, Abdurahim foi condenado a pagar uma multa de 350 mil sons uzbeque, a moeda local (aproximadamente 430,50 reais) e detenção pelo período de 10 dias.
A razão pela qual ele foi preso e condenado é que ele estava lendo a Bíblia para os pacientes de um centro de reabilitação para alcoólatras e viciados em drogas.
O preço de ser um cristão
No país que ocupa o décimo quinto lugar na Classificação da Perseguição Religiosa 2014, publicada pela Portas Abertas, quatro famílias, membros de uma igreja clandestina são multadas. O motivo: a polícia secreta encontrou em sua casa literatura cristã e CDs de louvor e adoração.
Imediatamente, o processo criminal foi instaurado contra eles e o tribunal condenou-os a pagar uma multa administrativa de posse e distribuição de literatura proibida.
O governo uzbeque não permite nenhum tipo de culto ou religião independente. Além disso, todas as formas de evangelização são proibidas. Líderes cristãos são constantemente vigiados e sofrem frequentes hostilidades no país.
A importação e a impressão de livros no país são estritamente monitoradas e censuradas. As autoridades nacionais e locais confiscam livros cristãos no idioma uzbeque com frequência. Há altíssimas multas para aqueles envolvidos em distribuição de livros cristãos.
Detido e multado por entregar folheto evangelístico na rua
Doniyor Akhmedov foi detido pela polícia local no dia 16 de março, ao entregar um folheto evangelístico à uma pessoa na rua, por motivo de “atividade missionária ilegal”.
De acordo com o Fórum 18, a polícia do Uzbequistão deteve o cristão Akhmedov na delegacia de Ahangaran até 26 de março. Autoridades uzbeques, algumas vezes, obrigam cristãos a assinarem declarações que os acusam de quebrar a Lei sobre Religião. E, apesar de ter sido agredido e forçado a assinar, cristãos locais relatam que ele sempre recusou.
Depois de 10 dias, ele foi enviado ao Centro de Detenção da região de Tashkent, onde “ficou detido em uma cela muito pequena com mais de 10 pessoas… Eles foram espremidos e mal tinha espaço no chão para dormir”, segundo testemunhas.
No dia seguinte a sua libertação, que ocorreu em 31 de março, Akhmedov foi convocado para comparecer perante o Tribunal Penal do Distrito de Ahangaran, e multado no valor de 40 vezes o salário mínimo, pelo Artigo 184-2 que fala sobre a “distribuição de materiais religiosos”. Cristãos locais disseram que Doniyor Akhmedov se recusou a pagar essa multa tão alta, defendendo que “ele só exerceu o seu direito humano fundamental”.
Informações de Portas Abertas Internacional