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Como dinamizar a igreja?

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O dinamismo da igreja, num momento crucial para sua história.

Por Elinaldo Renovato de Lima

Há um enorme desafio aos pastores e outros líderes de igrejas locais em relação ao seu desempenho. Há uma preocupação com o crescimento, com os resultados, de tal forma, que existem os que fazem de tudo, utilizando-se de todo o tipo de “marketing” para conseguir o crescimento, buscando um dinamismo a todo custo. Enfatizamos a igreja local, visto que a ‘Igreja’ com “I” maiúsculo, é a Igreja de Cristo, e esta já é dinâmica, pela sua própria natureza. Haja vista que, ao longo de dois milênios, as “portas do inferno” não conseguiram prevalecer contra Ela, conforme profetizou Jesus Cristo. Desejamos contribuir para a reflexão sobre o tema, sem a pretensão de esgotar o assunto.

O QUE É DINAMIZAR

Se olharmos o significado da palavra dinamizar, verificamos que quer dizer “Tornar dinâmico”, ou seja, fazer com que algo tenha muita atividade e movimento, enérgico ou diligente. Vem de dínamo, que corresponde a uma “máquina dinamoelétrica; gerador que transforma a energia mecânica em elétrica”. Aplicando essas definições à vida cristã, entende-se que dinamizar uma igreja significa emprestar-lhe um caráter ativo, cheio de energia, de vitalidade, de movimento, em suas atividades espirituais e administrativas.

Esses conceitos, adquiridos da visão moderna de organização, faz com que muitos considerem a igreja local como se fosse uma empresa, e seus pastores como se fossem administradores de organizações que têm que mostrar resultados. Já vimos o caso de uma congregação que quase foi fechada porque não dava “retorno”. É que o número de congregados, em um ano, era tão pequeno, que as contribuições não davam para pagar o aluguel, a luz e a água do prédio, e alguém, com mentalidade imediatista, sugeriu seu fechamento e a mudança dos bancos para outro lugar. Só não deixou de funcionar porque alguém lembrou que igreja não é mercearia ou firma, que tem que dar “lucro”. E graças a Deus, hoje, é um grande e próspero trabalho. Não devemos esquecer que “nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Co 3.7).

O DINAMISMO ESPIRITUAL

Em termos espirituais, a igreja é um organismo vivo, um corpo místico, do qual Cristo é a cabeça. Está escrito: “Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros” (Rm 12.4,5); “Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular” (1 Co 12.27). Não podemos perder essa visão.

Tudo tem que começar pelo espiritual, e terminar pelo espiritual. A parte humana é meio e não fim. Em termos humanos, não obstante a igreja não ser uma empresa, no sentido estrito do termo, e sim, uma organização, necessário se faz que a mesma tenha dinamismo, dentro das condições em que ela se situe. Uma igreja, num país muçulmano, não pode ter o mesmo desempenho que uma igreja no Brasil, onde, pela graça de Deus, existe liberdade religiosa. Na Europa, onde se verifica um grande esfriamento espiritual, uma igreja local com 50 membros é um sucesso. No Brasil, é uma pequena congregação.

O dinamismo do Espírito Santo

O dinamismo mais importante que uma igreja precisa experimentar é o dinamismo espiritual. O espírito Santo é o dínamo, que movimenta a igreja. Sem Sua ação é impossível movimentá-la de acordo com a vontade de Deus. Nos dias em que vivemos, na transição do milênio, nota-se que, em grande parte das igrejas, há uma grande carência do poder movimentador do Espirito Santo. Parece que a influência do mundo tem amortecido ou dificultado a presença do Espírito em muitas igrejas locais.

Certo obreiro utilizou-se de Jr 6.29 para ilustrar o que está acontecendo com muitas igrejas evangélicas. Ali, está escrito: “Já o fole se queimou, o chumbo se consumiu com o fogo; em vão vai fundindo o fundidor tão diligentemente, pois os maus não são arrancados”. Sem a integridade do fole, é impossível soprar as brasas, no fogo que funde o metal. Assim, quando a igreja não tem mais a integridade do “fole” do Espírito, com seu sopro de poder renovador e moldador de vidas, que são a sua matéria prima, em vão se trabalha na obra. Com isso, prevalecem os maus, os que não têm interesse em ver a obra do Senhor crescer de modo dinâmico e pujante.

Nota-se que existe uma movimentação enérgica, quase frenética, em termos da eventos movidos pela técnica , e até pela pirotecnia. Haja vista os chamados “shows”, em que igrejas, salões ou estádios ficam cheios de gente em busca de movimento humano. Mas o dinamismo espiritual não passa por tais movimentos, em que o homem, o pastor, o pregador e muito menos “o artista” crente são o centro das atenções.

A finalidade do Espirito Santo é glorificar a Cristo (cf. Jo 16.14). Ele jamais atua ou dinamiza uma igreja em que o homem é o centro, a exemplo da igreja de Laodicéia, que se caracterizava pelo “governo do homem”, pela afirmação dos “direitos do povo”, ou “direitos humanos”, em que o homem era o centro de tudo. O humanismo, de mãos dadas com o liberalismo, tem promovido um falso avivamento em muitas igrejas.

O Espírito Santo é o dinamizador por excelência

Quando Jesus estava para partir de volta aos céus, Ele ordenou aos discípulos que permanecessem em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder (Lc 24.49). Já haviam estado com Cristo, já haviam presenciado milagres e sinais, já haviam tido a experiência de demonstrar o poder de Deus, a ponto de , retornando de uma jornada evangelística, dizerem admirados a Cristo: “Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam” (Lc 10.17). Mesmo assim, precisavam esperar o derramamento do Espírito Santo, que ocorreu dias depois, conforme o relato de Atos 2.

O batismo com o Espírito Santo foi o diferencial entre a igreja deixada por Cristo e as velhas estruturas do judaísmo e de outras religiões e movimentos filosóficos conhecidos, que não tinham poder para a transformação das vidas e da sociedade. Ação do Espírito Santo, na igreja primitiva, fez-se sentir de modo tão marcante, que podemos encontrar nas páginas do NT o efeito dinâmico do poder de Deus. Em Atos 2.41-47, vemos o modelo eclesiástico ideal para todos os tempos, com as devidas adaptações. Houve decisões de almas e não apenas o levantar de mãos, de modo que “quase três mil almas” se agregaram à igreja. Havia doutrina, comunhão, orações.

Havia temor de Deus , e o povo podia ver os milagres acontecerem com maravilhas e sinais que se faziam pelos apóstolos. A cura de um homem coxo (At 3) fez o povo reconhecer que algo novo havia surgido naqueles dias, através de homens simples e desprovidos de grande cultura. O poder era tão grande que abalou as estruturas religiosas enferrujadas dos líderes do sinédrio, e o inferno se levantou contra a novel igreja. Mas a mão de Deus os libertou, “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31).

Diante disso, não temos dúvida de que, se uma igreja local precisa de dinamismo, é necessário que seus líderes, juntamente com os crentes, procurem seguir o modelo deixado por Cristo, bucando o poder dinâmico do Espírito Santo em seu meio, não se deixando dominar pelo vírus do modernismo liberalista.

A unção e os dons do Espírito Santo

A unção de Deus é a capacitação do obreiro para a realização da missão que lhe é confiada. Sem ela, o pastor e a igreja sofrem pela falta de poder, de sabedoria, de graça, de habilidade, de energia, de condições para vencer as lutas e vicissitudes que envolvem a ação ministerial. Os dons são manifestações dessa unção poderosa na vida do líder e da igreja. Numa linguagem simples, podemos dizer que os dons do Espírito Santo são “ferramentas” e “equipamentos” ultramodernos, de “última geração”, para o dinamismo da igreja local.

Sem eles, a igreja não passa de uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, com estatuto próprio e razão social. Nada mais do que isso. Pode assemelhar-se a um “clube recreativo religioso”, em que os crentes vão ouvir bons sermões, belos hinos, e se deleitam com o evangelho de entretenimento, que se contenta com o movimento corporal, com as coreografias ensaiadas, as danças, os pulos, os balés, os apupos e assobios, no estilo semelhante ao dos espetáculos mundanos. Os dons são indispensáveis para o dinamismo da igreja.

Nesses dias do novo milênio, infelizmente, os dons estão sendo substituídos pelos talentos humanos, pelos cursos de Teologia, pelos diplomas universitários, pelos recursos da oratória, pelos dons artísticos dos cantores e dançarinos, em muitas igrejas. Nada temos contra cursos teológicos ou universitários, pois, pela bondade de Deus, fizemos alguns deles, inclusive na pós-graduação, e são de grande utilidade para o ministério pastoral, principalmente na área do ensino. Estimulamos os crentes a que estudem Teologia, e mesmo que façam cursos seculares em todos os níveis. O que não podemos aceitar é que uma igreja fique acomodada, sem buscar os dons espirituais, quando as forças do inferno estão mais atuantes contra ela. S. Paulo ensinou que devemos buscar com zelo os melhores dons (1 Co 14.1,39).

Edificação e crescimento

Hoje, o mito do crescimento tem dominado a mente de muitos líderes, que buscam o crescimento numérico a qualquer preço, mesmo que os crentes não sejam edificados em Cristo. Há igrejas que se caracterizam por abrigar celebridades, tais como jogadores de futebol, atores e atrizes de TV e de cinema, etc.

Mas muitas dessas pessoas , que aumentarem a lista dos crentes, não cresceram espiritualmente, pois ainda continuam a praticar “as coisas velhas”, exibindo-se de modo indecente, realizando programas pornográficos, sem demonstrar qualquer mudança em seu testemunho, de modo que glorifiquem a Cristo. É o crescimento sem edificação. É o dinamismo à moda de Laodicéia. O homem no centro, e Deus de lado ou deixado para trás. Nessas igrejas, não se fala em santidade, em santificação. Isso é coisa arcaica e pode afugentar as celebridades com seus gordos dízimos. Isso cheira a simonia.

A preocupação com indicadores de desempenho, de desenvolvimento, emprestados da administração científica, tem levado igrejas a viverem de eventos e movimentos humanos. Se fosse por esse critério, que seria do ministério de Jesus? Como o avaliaríamos? Certamente, haveríamos de concluir que fora um fracasso total. Começou com alguns discípulos, teve um crescimento notável, mas, ao final, após sua morte, apareceram ao seu lado uns 500 irmãos, e , no Dia de Pentecostes, só havia 120, que mantinham a fé! No entanto, aqueles 120 foram bem edificados sobre Cristo. Através deles, foi que a igreja se expandiu e chegou aos confins da terra! O derramamento do Espírito Santo provocou um dinamismo extraordinário, mesmo havendo perseguições cruéis.

O crescimento da igreja precisa ser equilibrado. Diz S. Pedro: “antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18). O crescimento na graça só se consegue mediante o exercício espiritual da comunhão com Deus, através da oração, com uma vida de santificação diária e constante. O crescimento no conhecimento é obtido pela busca diária , da leitura e meditação na palavra de Deus, e também pela leitura de livros, de escritos e trabalhos , em que homens, mestres na Palavra, dados por Deus (Ef 4.11), recebem a inspiração para penetrar nos arquivos da revelação divina. Através dos dons espirituais, a igreja pode crescer de modo equilibrado e santo, tanto na graça quanto no conhecimento.

Poder para a evangelização e Discipulado

Ao prometer o batismo com o Espirito Santo, Jesus disse que seus discípulos receberiam poder para serem testemunhas “tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Evangelizar é a principal tarefa da igreja. E é exatamente contra essa tarefa que o inferno se mobiliza de modo feroz. Por que há igrejas que, após tantos anos, não conseguem ganhar muitas almas? Exemplo disso é o que ocorre na Europa e em outras partes do mundo. É que as forças do maligno se entrincheiraram de tal forma em tais lugares, que se torna quase impossível o crescimento da igreja.

Mas através dos dons espirituais, as barreiras podem ser derrubadas, com sinais, prodígios e maravilhas, que convencem ao mais duro pecador, de que a mensagem de Cristo não consiste só em palavras, em retórica, mas “em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2.4). Segundo o Pr. Eurico Bergstén (p. 41), “Os dons espirituais constituem um poder sobrenatural , uma autoridade que vence as forças malignas que procuram impor o seu domínio sobre o povo…A superioridade do cristianismo diante de todas as outras religiões, filosofias e movimentos demoníacos se manifesta através do Poder sobrenatural”…quando o poder sobrenatural pelos dons se manifestar, então se cumprira a palavra de Jesus: ‘ As forças do inferno não prevalecerão contra ela…” (Mt 16.18). Nesses últimos dias, faz-se necessária a realização de sinais, milagres e maravilhas, através dos dons do Espírito Santo.

As falsas religiões e seitas, principalmente de origem oriental, têm operados tão grandes sinais, que espantam o mundo. A religião romana tem apresentado através da TV, diversos sinais e prodígios, que ensejam testemunhos extraordinários. E como fica a igreja de Cristo? Se tantas religiões fazem sinais, qual o diferencial da igreja cristã? Os budistas, os hinduístas também fazem sinais!

Um grande milagre

Isso nos faz lembrar o que ocorreu no tempo de Moisés e Arão. Eles foram enviados a Faraó e, na presença do rei, fizeram sinais. A vara de Arão se transformou em cobra. “Então, Moisés e Arão entraram a Faraó e fizeram assim como o SENHOR ordenara; e lançou Arão a sua vara diante de Faraó, e diante dos seus servos, e tornou-se em serpente” (Ex 7.10). Os servos de Deus fizeram um grande milagre. Mas o diabo os imitou de modo tremendo. “E Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus encantamentos” (Ex 7.11). É o que está ocorrendo nos dias em que vivemos. Satanás está operando grandes sinais, imitando a igreja do Senhor Jesus.

As pessoas descrentes estão atônitas com os milagres do diabo. Não sabem o que está acontecendo. Por isso, é necessário que a igreja do Senhor demonstre milagres mais eloqüentes, como ocorreu com Arão: “Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes; mas a vara de Arão tragou as varas deles” (Ex 7.12). Os dons de curar, de operação de milagres, de profecia, e principalmente o de discernir os espíritos são indispensáveis para a dinamização da igreja nos tempos difíceis em que nos encontramos. Mas eles precisam ser acompanhados de transformação nas vidas por eles alcançadas, de modo que seu testemunho não glorifique o homem , mas a Deus!

Do contrário, vai cumprir-se o que Jesus previu: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7l.21-23). Operação de milagres sem santidade não vale nada para Deus. Não devemos nos impressionar com a onda de milagres que está aparecendo na virada do milênio. Se tais sinais não glorificarem a Cristo, não têm o menor valor diante dos céus.

O fruto do Espírito

Como tudo o que diz respeito ao Espírito Santo é dinâmico e dinamizador, não se pode deixar de ressaltar o valor do fruto do Espirito na vida dos crentes. É só imaginar uma igreja em que os crentes, em sua maioria, possuem “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl. 5.22). É uma indicação poderosa de que há maturidade cristã, quando as pessoas possuem essas qualidades em suas vidas, a começar dos líderes e de suas famílias. O efeito é indescritível no seio da comunidade, quando se pode dizer que em determinada igreja local, verifica-se que o fruto do Espirito é percebido no meio das pessoas. Tais qualidades atraem mais pessoas para Cristo do que inúmeras mensagens e sermões, proferidos em cruzadas, encontros e seminários. Aliás, é através do Fruto do Espirito que se sabe se uma pessoa é realmente nascida de novo.

Oração e jejum

O exercício diário da oração é um reforço maravilhoso para a dinamização da igreja. Um velho ditado, proferido nos púlpitos, diz: “Muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum poder”. É a verdadeira expressão da verdade. Sem oração, é impossível haver dinamismo na igreja. Ela é a chave que abre as portas do sobrenatural, quando o homem de Deus, o líder da igreja local, se coloca de joelhos, buscando a unção do Espírito Santo. A oração, acompanhada do jejum, são recursos maravilhosos para todas as atividades da igreja.

Sem isso, a pregação fica sem poder; sem ela, o ensino é ineficaz; sem oração, a ação social torna-se mero assistencialismo; sem ela, os crentes ficam frios e sem forças; sem ela, os dons do Espírito não se manifestam; sem ela, os lares são atacados e derrotados por Satanás; sem ela, os pastores se tornam meros animadores de auditório; sem ela, a administração da igreja se faz com base apenas em princípios teóricos, tecnicistas e acadêmicos; sem ela, os novos convertidos são tragados pelo inimigo, e não permanecem por falta de apoio. O Pr. Paul (David) Young Cho, indagado sobre a causa do extraordinário crescimento da igreja que dirige, ele disse que não havia mistério. Segundo ele, a oração é a base do crescimento da igreja local, e que chega a passar mais de duas horas por dia, buscando a presença do Senhor em oração.

A oração e o jejum são indispensáveis ao dinamismo da igreja. Alguém já disse, e gosto de repetir: “O diabo ri de nossa sabedoria; zomba de nossas pregações; mas teme diante de nossas orações”. Os pastores modernistas e liberalistas não dão valor à oração. Eles acreditam que, com oratória, homilética e hermenêutica, estão suficientemente equipados para liderar a igreja. Para esses, basta ser jovial, saber falar, e abrir as portas para os costumes mundanos, e a igreja será dinamizada. Entretanto, sem oração, sem jejum, sem poder, as forças do mal impedirão o verdadeiro avivamento e crescimento da igreja.

O louvor dinâmico

Na virada do milênio, muitas igrejas locais, inclusive pentecostais, têm sido invadidas por um tipo de louvor, em que não se vê mais os crentes dando “glórias a Deus!”, “aleluia!”, “louvado seja Deus!”, “amém!”. Em lugar desse belo barulho santo, observa-se que há uma imitação completa dos espetáculos de auditório, da TV, dos “shows” de rock ou de pagodes mundanos. Pastores há, que ficam desesperados, procurando o endereço de celebridades, para promoverem eventos desse tipo, e superlotarem templos. Um cantor, um grupo ou uma banda, assoma ao palco, preparado cuidadosamente de acordo com a técnica, e , ao entrar, a multidão vibra (não com glórias a Deus), gritando, apupando, pulando e assobiando, sem a menor reverência. Se não bastasse a imitação dos palcos mundanos, pastores aceitam que se coloque uma parafernália de luzes estroboscópicas, piscando em cores variadas, em meio a uma fumaceira de gelo seco, tudo para imitar o que ocorre nos espetáculos mundanos. Se não for assim, os protagonistas desses espetáculos carnais entendem que não se pode atrair os jovens e adolescentes, que tudo fica “careta”. Infelizmente, o diabo conseguiu convencer que o secundário é melhor que o principal, e que a fantasia é mais bonita que a verdadeira forma de louvar a Deus. Contudo, se vamos para as páginas da Bíblia, vemos que o dinamismo do louvor não precisa de nada disso para ser dinâmico. Basta que sigamos os princípios da Palavra sobre o louvor, dentre os quais destacamos os seguintes:

O louvor deve ser santo

Pedro nos ensina: “como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.14-16).

Talvez algum liberalista diga que isso nada tem a ver com louvor. Mas tem. E muito. O apóstolo nos exorta que devemos nos comportar como “filhos obedientes”, não nos conformando “com as concupiscências que antes havia” em nossa ignorância. Antes de sermos crentes em Jesus, as concupiscências da carne prevaleciam. A música é uma área em que mais as pessoas dão evasão aos seus instintos carnais. É mais solene, grave e incisiva a recomendação para que sejamos santos em toda a nossa maneira de viver. Nesse contexto entra tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, inclusive a área do louvor, da música, da expressão da adoração a Deus. O louvor santo tem que ser diferente do “louvor” mundano ou profano. Não adianta apenas mudar a letra, falando de Cristo, de Deus, de Jesus, do Espírito Santo, e colocar uma roupagem qualquer. A melodia, a harmonia e o ritmo têm que ser santificados para Deus. Quando os hinos e corinhos são santos, sente-se a presença do Espírito Santo. Quando são carnais, sente-se a presença do espírito humano e, às vezes, do espírito do diabo. (Ver Sl 29.2; Lv 10.10).

“Um cântico novo”

No Salmo 33.3, lemos: “Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo”. Certamente, o salmista se refere a uma nova maneira de louvar a Deus, diferente das expressões musicais profanas. Do contrário, para que falar em novidade no cântico. Tocar bem e com júbilo refere-se à execução bem elaborada e alegre.

Mas isso não quer dizer que os crentes têm que cantar e dançar ao som de certos ritmos, que estimulam a carne, e abatem o espírito. No Sl 40.3, está escrito: “e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR”. Esse novo cântico tem que ser “um hino ao nosso Deus”, que provoque temor e confiança no Senhor. Para haver dinamismo no louvor, não há necessidade de simplesmente “contextualizar” o cântico, adotando músicas e ritmos regionais, que levam a congregação a um clima de profanação, de carnalidade, ao invés de elevar o espírito de cada um para mais perto de Deus. Ritmos como axé, forró, lambada, rock, pagode, xote, e assemelhados não elevam o nível do louvor.

Pelo contrário, pessoas descrentes não vêm diferença do que ouvem nas danceterias.

Louvor decoroso

O louvor, na igreja, devce ser decoroso, ou seja, com decência, pudor, honestidade. Diz o salmista: “Louvai ao SENHOR, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus; isto é agradável; decoroso é o louvor”. Ao mesmo tempo que é bom e agradável, louva a Deus, o louvor deve ser decoroso, ou seja, decente. Num “show” de música evangélica, em certa cidade, um conjunto famoso apresentou-se num teatro, e um dos cantores entrou no palco, sem camisa, e foi recebido com aplausos e assobios. Em seguida, a banda tocou diversos hinos, levando os presentes ao clímax com danças, gritos e assobios. Num outro “show”, um apresentador, dançando, beijava uma jovem na boca, sem o menor respeito ao nome de Deus, que constava da letra da música. Em outra ocasião, presenciada por jovens que lá estiveram, quando uma banda entrou no palco , e seus componentes, em sinal de reverência, fizeram uma oração, foram vaiados. São rápidos exemplos do que me vem à mente, mas , por esse Brasil imenso, os festivais de música evangélica, em estádios cheios de gente, quanta profanação tem havido, em nome da música evangélica. Muitos entendem que para haver dinamismo no louvor, é necessário que as pessoas dancem, pulem, façam “trenzinhos”, “aviõezinhos”, etc., usando a Bíblia para respaldar esse comportamento irreverente e profano. Dizem que Davi dançou, Miriã dançou; que no salmo 150, em algumas versões, diz que se deve louvar “com adufes e com danças”. Ora, a nosso ver, isso é oportunismo exegético. Primeiro, porque nosso guia de prática, na vida cristã, não é o AT e sim, o Novo Testamento. Embora não se diga que as danças faziam parte do culto no AT, em algumas ocasiões especiais elas eram adotadas. No NT, n o entanto, só vemos duas referências a danças. Uma, ligada a um fato macabro, que foi a dança da filha de Herodias (Mt 14.6), que resultou na decapitação de João Batista; a segunda, em Lc 15.25, quando do banquete pela volta do Filho Pródigo. Neste caso, não vemos base doutrinária para as danças na igreja neotestamentária, mas uma referência a um costume oriental.

Como parte integrante do culto

No NT, vemos que o louvor faz parte integrante do culto, sendo mais congregacional, do que individual. Em 1 Co 14.26, lemos: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. Além de fazer parte do culto a Deus, o louvor tem contribuir para a edificação, a exemplo das outras expressões da adoração.

Certamente, o louvor é importante para o dinamismo da igreja. Uma igreja que não louva, que não tem música, torna-se uma igreja seca, árida, vazia. Mas não se pode dizer , usando a Bíblia, que se pode louvar a Deus de qualquer maneira, fazer “show'”, e que tudo é válido. Essa é uma afirmação própria do liberalismo e do relativismo, que tem avassalado igrejas inteiras, sob a complacência da liderança. Mas esta um dia vai prestar contas a Deus. O dinamismo no louvor exige santidade, simplicidade, reverência, oração e amor. Infelizmente, o de que menos a maioria dos músicos gosta é de oração, de vigília ou jejum.

O DINAMISMO HUMANO

O bom relacionamento

O bom relacionamento entre os crentes é fator fundamental para seu dinamismo. Não adianta só orar, ler a Bíblia, jejuar, fazer vigílias, entregar dízimos e ofertas. É necessário que os fiéis sejam amorosos, unidos e sinceros. O Salmo 133, o texto por excelência da união entre os crentes, nos mostra que é bom e agradável que vivam unidos os irmãos, comparando esse comportamento ao frescor e ao perfume do óleo da unção, que era aspergido sobre o sacerdote santo, da cabeça até à orla dos seus vestidos. Essa união é tão maravilhosa que, onde ela existe, Deus derrama a “bênção e a vida para sempre”.

A união provoca uma sinergia espiritual e humana extraordinária. Quando os crentes se unem para evangelizar, o trabalho fica menos difícil e agradável. Há um dinamismo que produz resultados benéficos em termos de salvação de almas, de transformação de vidas. As boas relações humanas entre os crentes em Jesus são indispensáveis para o crescimento espiritual e humano. A Bíblia diz que cada um deve considerar o outro superior a si mesmo (cf. Fp 2.3). Podemos dizer que há uma fórmula especial , para o relacionamento entre os cristãos, que se encontra em Gl 5.22. Ali, temos o Fruto do Espírito, traduzido em amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

Nessas nove expressões do fruto do Espírito , vemos o excelente relacionamento que deve haver entre os servos de Deus, desde os líderes até aos novos convertidos. Onde há essas virtudes, há paz, há a mor, há força, há dinamismo, pois as atividades são lubrificadas por um agir amoroso e santo. A partir desse relacionamento santo, as qualidades, os talentos e habilidades das pessoas, na igreja, são dinamizadas em alto nível. O conhecimento humano, técnico ou científico podem ser colocados à disposição da igreja local, sem prejuízo à espiritualidade, pois o amor e a união abrem as portas para a atuação humana legítima, sincera e abençoada. Nesse aspecto, do relacionamento humano, devemos destacar as relações humanas entre os pastores e os liderados.

Quando esses sabem cultivar a amizade e o companheirismo com as ovelhas, nota-se um clima emocional agradável. O pastor não fica num pedestal elevado, mas chega perto dos crentes, sentindo “o cheiro das ovelhas”, e estas gostam de ouvir a voz do pastor. O aperto de mão, o sorriso sincero, a visita pastoral, tudo isso numa demonstração de amor e interesse pela vidas das pessoas, e não só pelo número delas ou por suas contribuições, tem um efeito dinâmico muito grande em qualquer igreja.

Métodos e técnicas

Ações humanas podem ser bem aproveitadas no dinamismo da igreja local, notadamente na evangelização e no discipulado. O evangelismo pessoal, em grupo ou em massa são muito úteis, desde que estejam debaixo da unção do Espírito Santo, como vimos anteriormente. Os meios utilizados para a evangelização podem ser variados e dinâmicos. Sem desprezar os velhos métodos de distribuição de folhetos nas ruas, nas praças, nas casas; o velho e tradicional culto ao ar livre, outros métodos e recursos podem e devem ser aproveitados, desde que haja condições humanas e financeiras para tal. Na preocupação com o crescimento numérico, há igrejas que estão copiando métodos de evangelismo e discipulado, os quais são estratégias para subverter a ordem entre igrejas locais.

É o caso já conhecido do G-12, que mistura o método com ensinos e práticas que nada têm de respaldo bíblico, apelando, inclusive para práticas hipnóticas e sincretistas, como regressão, queima de pecados, perdoar Deus (!), etc. Para dinamizar não há necessidade de se adotarem práticas de técnicas espúrias. O uso do rádio, da TV, da Internet e outros, precisam ser sabiamente aproveitados para que a mensagem do evangelho seja levada mais rápido e mais longe. Não nos esqueçamos de que o diabo está andando de avião a jato, a 900 quilômetros por hora, ou pelas ondas da rede mundial de computadores, numa velocidade espantosa. Enquanto isso, há igrejas que preferem levar o evangelho somente a pé ou de bicicleta ou mesmo de jumento. Nada temos contra esses métodos antigos e lentos, pois Deus os usou e usa de modo eficaz. Porém , cremos que precisamos andar mais rápido com a evangelização mundial e local, se queremos apressar a volta de Jesus.

O DINAMISMO ORGANIZACIONAL

Sem querer enveredar pela linguagem técnica, em poucas palavras, desejamos ressaltar o valor dos princípios administrativos para a parte organizacional da igreja local. Aliás, queremos dizer que esses princípios estão todos na Bíblia, desde o Pentateuco, perpassando por praticamente todos os livros da Bíblia. Nada há novo debaixo do sol.

Planejamento

Usando a visão mais simples das funções administrativas, cremos que as atividades da igreja podem ser planejadas. É a função de planejamento que, aplicada à vida eclesiástica, pode trazer grandes benefícios. Com ela, evitam-se improvisações de ações e providências, que só trazem prejuizo e desperdício de energia e de recursos. A Bíblia, ninguém se engane, é o livro que mostra ao mundo o maior e mais perfeito planejamento do universo. Deus planejou tudo com perfeição divina, nos mínimos detalhes. Basta ler o primeiro capítulo de Gênesis, e ver, nos dias da Criação, uma demonstração inigualável de planejamento.

Em Lucas 14.28, vemos uma orientação de Cristo quanto ao planejamento. É lógico que não podemos planejar o que Deus quer fazer ou pode fazer. Essa área é da economia ou da administração do céu. Contudo, podemos planejar o que desejamos fazer para o Senhor, num determinado período, com os recursos escassos de que dispomos.

A organização das atividades

A a estrutura administrativa da igreja local precisa ser organizada , para que os recursos humanos, patrimoniais e financeiros sejam bem utilizados. Por falta de organização, há igrejas que não sabem o que fazer, quando fazer, com quem fazer e quando fazer. Um problema sério, que tomou conta de muitas igrejas, é o excesso de departamentos. Se não bastasse a departamentalização por atividades (oração, evangelismo, ensino, etc.), há a departamentalização por faixa etária (crianças, jovens e adultos), e isso levado a um extremo, que , no culto de jovens, os velhos não comparecem; no culto infantil, só vai criança.

Não é errado departamentalizar, mas é preciso que haja integração entre os diversos órgãos da igreja local, sob pena de se criar estruturas estanques, que não se comunicam umas com as outras, e que em nada contribuem para o objetivo ou Missão da igreja.

A direção dinâmica

A direção das igrejas, nesses últimos anos, têm sido alcançadas por desafios jamais pensados. As igrejas em geral têm crescido, mas chegam a um ponto em que a centralização de trabalhos não se justifica. A Bíblia dá-nos o exemplo de Moisés, que, imaginando fazer o melhor, centralizava tudo em suas mãos, cansando-se, e cansando o povo que lhe procurava. Jetro , seu sábio sogro, admoestou-o a delegar competência, escolhendo homens capazes, que o ajudassem na pesada tarefa de liderar um povo de quase três milhões de pessoas.

Os líderes das igrejas precisam entender a vontade de Deus para sua permanência à frente do trabalho. Respeitamos e honramos os velhos obreiros, que deram o melhor de si para o crescimento da obra do Senhor no Brasil e no mundo. Contudo, há um momento em que as forças físicas e mentais não respondem mais às exigências da igreja local. E isso dificulta o dinamismo da igreja. Então, é necessário que se busque de Deus a orientação para uma transição tranquila e segura, e a igreja possa continuar em sua marcha firme em direção ao seu objetivo maior, que é proclamar o evangelho ao mundo, e ser apresentada por Cristo ao Pai. Obreiros mais jovens precisam ser aproveitados, para que tenham oportunidade de colocar seus talentos a serviço do reino do Senhor. Controle e avaliação. Além disso, é interessante que a igreja local tenha controle e acompanhamento de suas atividades, por parte não só do pastor, mas de pessoas honestas, que possam avaliar o desempenho eclesiástico, sob a direção do Espírito Santo.

CONCLUSÃO

Com esse pequeno ensaio, não pensamos em esgotar o assunto, mas tão somente contribuir para a reflexão sobre o tema, importante e atual, que é o dinamismo da igreja, num momento crucial para sua história, na transição do milênio, quando se espera que ela dê respostas seguras e firmes a um mundo inseguro e mutante, que vaga qual nave espacial, perdida no tempo e no espaço. Cremos que Cristo, o nosso Guia, nos dará graça, poder e sabedoria, para nos situarmos no contexto religioso e social de nosso tempo.

Bibliografia
– Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, Rio, 1995.
– Bergstén, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD, Rio, 1980.
(Publicado na Revista OBREIRO, de abril de 2001, editada pela CPAD)

 

Pastor Elinaldo Renovato de LimaElinaldo Renovato de Lima
é pastor, líder da Assembleia de Deus em Parnamirim (RN), Bacharel em Economia, escritor, autor de 16 livros e 1 em parceria com outros autores. Tem Especialização em Economia Internacional, Especialização em Administração Universitária, Mestrado em Administração, Bacharel em Teologia, Mestre em Ciência da Religião.

 

 


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