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A falsa moderna guerra santa dos evangélicos

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Seara News | A falsa moderna guerra santa dos evangélicos

Por Jesiel Freitas

É coisa nova mesmo? É possível anunciar um evangelho que não provoque dissensão?

Em algum lugar, li um artigo de certo apologista e pastor, acusando os evangélicos de estarem promovendo uma “guerra santa” no país ou, pelo menos, contribuindo para que ela aconteça. Chega a fazer entender que somos vândalos tentando promover um incêndio. Para o religioso, os materiais para a combustão que deflagraria o desastre seriam nossa “intolerância” e nosso “preconceito” em relação aos pecados que ele tolera e relativiza. Como num lampejo no céu que se prepara para a chuva, veio ao meu pensamento uma porção bíblica que imediatamente instalou-se em meu coração. Ela narra as palavras do Senhor Jesus. É a seguinte:

“Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder. Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize! Supondes que vim dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão. Porque, daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três. Estarão divididos: pai contra filho, filho contra pai; mãe contra filha, filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra” (Lucas 12.49-53).

Somente nessa porção bíblica, é possível perceber uma série de equívocos do caro ministro evangélico defensor dos pecadores resignados e inconversos. Passo a pontuar alguns que considero de fundamental relevância:

1) O incêndio foi deflagrado há dois mil anos. Nesse caso os evangélicos atuais não estão inaugurando nenhum novo tempo, nem são detentores da autoria do tal incêndio. É o primeiro equívoco do ávido defensor do silêncio da igreja. Foi o Senhor Jesus quem disse: “Eu vim lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder”. Ele falava de uma nova era de relacionamento com Deus, de um novo tempo de purificação, de um estado de santificação que seria estabelecido através de sua morte vicária. O que ele estava revelando era que o Espírito Santo, a partir daquele período, estaria presente no homem para promover o convencimento do pecado, levá-lo ao arrependimento (abandono do erro), à confissão, ao perdão e a um estado de permanente comunhão com o Pai através da graça e de uma vida santificada por ela. Quando diz: “bem quisera que já estivesse a arder”, ele refere-se ao desejo que tinha de já ter passado pelo sofrimento da cruz e dado início aquele período, o que aconteceria em pouco tempo. E então, confirma: “Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize”. É possível ler sobre o clímax de sua ansiedade relacionada a esse momento, durante seu sofrimento no Jardim do Getsêmane. A partir daí, o incêndio seria mantido pela pregação genuína do evangelho.

2) A verdadeira “guerra santa” não começará agora, está acontecendo há dois milênios – Eis o segundo equívoco: Esse termo (guerra santa) já foi utilizado dezenas de outras vezes. Serviu para denominar as guerras da nação de Israel com o povo árabe ao longo do tempo, intitulou períodos envolvendo a igreja primitiva e o poder de Roma, apareceu nos embates da Reforma de Lutero, perseguiu os pais da igreja e vários outros episódios que não vem ao caso. Não é novidade! Quanto sangue foi derramado ao longo da história da igreja? Quantos cristãos foram perseguidos por proclamarem a verdade e quantos morreram empunhando a bandeira do evangelho? E toda guerra surge motivada por divisões. Sim, divisões de sentimentos, divisões de ideias, divisões de ideais, divisões de terra, divisões de poder econômico, divisões políticas, divisões religiosas e, inclusive, divisões espirituais. É o que ocorre aqui nas palavras proferidas pelo Senhor Jesus: “Supondes que vim para dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão”. Bem, então, qual a novidade? Estamos divididos e sempre estaremos, até que Cristo volte. Somos dois grupos: os que pregam a Cristo vivem o que Cristo ensinou e anunciam sem fronteiras ou relativismo o evangelho, e os que vivem no pecado, não vivem o que Cristo ensinou, contextualizam a mensagem e seus efeitos, relativizam o pecado e não se apartam dele! E esses, inclusive, estão não apenas no mundo que jaz no maligno, mas surgem também no meio da igreja de Cristo. Não estou defendendo ou motivando a inflamação dos ânimos ou pondo lenha na fogueira como sugerem alguns. Longe disso! Quanto mais paz, melhor. Todavia, enquanto pregarmos o evangelho autêntico, essa paz ecumênica ou esse universalismo será simplesmente impossível.

3) Se até as relações familiares seriam afetadas, como não seriam as relações sociais? Triste engano. Mais um equívoco do nosso bravo herói dos inconversos! O Senhor Jesus cita as relações familiares como primeiro palco dos conflitos religiosos, e não menciona isto como simples possibilidade, antes afirma enfaticamente: “Porque, daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três”. Aprofunda o discurso e detalha a origem das divisões geradoras de guerras intelectuais, espirituais e religiosas: “Estarão divididos: pai contra filho, filho contra pai; mãe contra filha, filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra”. Para a família judaica a paz no lar, a ausência de conflitos na família e a boa relação com os entes queridos era coisa sagrada! O que o mestre disse caiu como uma bomba entre os discípulos. Se o evangelho tem o poder de abalar as relações familiares, ou seja, nosso circulo íntimo, quanto mais abalará nossas relações com gente alheia à nossa casa! Certamente, aparecerá alguém para minimizar a abrangência das palavras de Jesus, aliás, já ouvi em algum lugar, há muito tempo, sobre isto. Afirmam que isto se restringia aos tempos de Cristo e ao povo judeu; dizem que isto ficou no passado e que nada tem a ver conosco. Engano! Repito: é assim desde que Cristo veio e será assim até que ele venha.

4) É tolice pensar que o mundo poderá nos amar, ou pensar que nós devemos amar o mundo – Eis as razões:

“Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia” (I João 3.13).

“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (I João 2.15).

“Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro” (I João 4.7).

“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no maligno” (I João 5.19).

Então, depois de tudo isso, você certamente me perguntaria: “Mas, não devemos amar os pecadores e mostrar-lhes o caminho da salvação?” A resposta é simples: Claro que devemos amar os pecadores e é óbvio que devemos mostrar-lhes o caminho da salvação! Amor, amor, amor e amor! Sempre amor. Mas não há amor verdadeiro que não repreenda, que não mostre o perigo, que não aponte o erro, que não mostre o perigo da condenação eterna ou que seja omisso em relação a verdade. É intrínseco de o amor estender a mão, ajudar, motivar, afagar quando necessário, sorrir, abraçar e concordar quando correto. Mas o amor não é omisso, tão pouco tem espírito de covardia. Graça e juízo são duas vertentes inegáveis do evangelho.

Pr. Jesiel FreitasJesiel Freitas
é jornalista, pastor, bacharel em teologia pela FACETEN (Faculdade de Ciências, Teologia e Filosofia do Rio Grande do Norte) e pela FAETEL (Faculdade de Educação Teológica Logos), docente do Curso Médio de Teologia do Cetad – Centro Educacional e Teológico da Assembleia de Deus de Americana, e EETAD – Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus, conferencista, atuando na itinerância há pelo menos 15 anos, ministrando em congressos, conferências, escolas bíblicas, seminários e outros.

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