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A essência da glória de Cristo

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A essência da glória de Cristo

“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (João 17.24).

O sumo sacerdote sob a lei, quando estava para entrar no lugar santo no dia solene da expiação, deveria encher ambas as mãos com o incenso aromático do incensário de ouro, para levar junto consigo na entrada. Ele deveria carregar também um incensário cheio do fogo, que foi retirado do altar dos holocaustos, onde a expiação foi feita para o pecado com sangue. Após a sua entrada através do véu, ele deveria colocar o incenso sobre o fogo no incensário que carregava, até que a nuvem de sua fumaça cobrisse a arca e o propiciatório. Veja Lev 16. 12,13. E afinal quando estava para se apresentar a Deus, no nome do povo de Israel, um cheiro suave e doce recendia do sacrifício de propiciação.

Em resposta a esta tipologia mística, o grande Sumo Sacerdote da Igreja, nosso Senhor Jesus Cristo, estando para entrar no lugar santo, não feito por mãos, com a gloriosa oração registrada neste 17º capítulo de João, influenciada pelo sangue do seu sacrifício, encheu os céus acima, o lugar glorioso da habitação de Deus, com uma nuvem de incenso, com o doce perfume de sua abençoada intercessão, tipificada pelo incenso oferecido pelo sumo sacerdote do Velho Testamento.

É evidente, que nesta oração o Senhor Jesus Cristo se refere à sua própria glória, e sobre a sua manifestação, que ele tinha citado na introdução da oração que dirigiu ao Pai, versos 4 e 5. Mas nesta passagem ele não se referiu apenas à sua glória, como sua possessão, como também para a vantagem, benefício e satisfação dos seus discípulos, na contemplação da mesma. Porque estas coisas eram o fim de toda essa glória que lhe deveria ser dada. Assim como José pediu a seus irmãos, quando ele se revelou a eles, para contarem a seu pai a respeito de toda a sua glória no Egito, Gn 45.13. Ele fez isso, não para uma ostentação de sua própria glória, mas para a satisfação que ele sabia que seu pai teria em conhecê-la. E tal manifestação de sua glória para os seus discípulos conforme o Senhor Jesus Cristo aqui deseja, também poderia enchê-los com uma satisfação abençoada para todo o sempre. Somente isto, pelo que ele orou aqui, dar-lhes-ia tal satisfação, e nada mais. Os corações dos crentes são como a agulha tocada pela magnetita, que não pode repousar até chegar ao ponto secreto para o qual ela deve apontar. Tendo uma vez sido tocados pelo amor de Cristo, recebendo nele uma impressão de inefável virtude secreta, eles vão sempre estar em movimento, e sem repouso, até que eles venham a ele, e contemplem a sua glória. A alma que não pode ficar satisfeita sem isto, não pode portanto, ficar eternamente satisfeita sem participar da eficácia de sua intercessão.

Vou lançar as bases das meditações que se seguirem nesta única afirmação, ou seja, que um dos maiores privilégios dos crentes, tanto neste mundo, e na eternidade, consiste na sua contemplação da glória de Cristo. É isto, portanto, que ele deseja para eles nesta intercessão solene, como o complemento de todos os seus outros pedidos para eles: “Para que vejam a minha glória”, que eles possam contemplar a minha glória. Apresentarei as razões pelas quais eu não atribuo este glorioso privilégio apenas ao estado celestial, que é principalmente referido neste lugar, mas o aplico até mesmo ao estado dos crentes neste mundo também.

Há duas formas ou graus de contemplação da glória de Cristo, que são constantemente distinguidos nas Escrituras. A primeira é pela fé neste mundo, a qual é a evidência das coisas que se não veem, a outra é pela visão, ou visão imediata na eternidade, 2 Coríntios 5.7: “Andamos por fé e não por vista”. Fazemo-lo enquanto estamos neste mundo, “enquanto que estando presentes no corpo, e ausentes do Senhor”, verso 8. Mas devemos viver e andar por vista aqui. E é Cristo, o Senhor e a sua glória, que são o objeto imediato tanto desta fé e visão. Porque nós aqui “vemos como por espelho” (isto é, pela fé), mas nós o veremos face a face (pela visão imediata). “Agora nós conhecemos em parte, mas então vamos conhecê-lo como nós somos conhecidos”, 1 Co 12.12. O que é a diferença entre essas duas formas de contemplar a glória de Cristo, deve ser declarado. Esta é a primeira forma, ou seja, pela visão à luz da glória que é principalmente citada na oração de nosso bendito Salvador, que seus discípulos possam estar onde ele estiver, para contemplarem a sua glória. Mas, não vou confinar meu comentário nisto; nem nosso Senhor Jesus o exclui do seu desejo, que é a visão de sua glória que temos pela fé neste mundo, senão ele ora para a perfeição da mesma no céu. É, por conseguinte, na primeira forma, que, em princípio eu vou insistir, e isto, pelas razões que se seguem.

1. Nenhum homem jamais contemplou aqui neste mundo a glória de Cristo pela visão, que não tenha sido, em alguma medida, senão pela fé; a graça é uma preparação necessária para a glória, e a fé para a visão. Quando o objeto, a alma, não está previamente preparada com graça e fé, ele não é capaz de glória, ou visão. O apóstolo nos diz a respeito de si mesmo, e também outros crentes, que quando o Senhor Jesus Cristo estava presente, e conversava com eles, nos dias de sua carne, que eles “viram a sua glória como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade”, Jo 1.14. E podemos perguntar: o que foi esta glória de Cristo, que foi assim vista? Porque não era a glória de sua condição externa, como contemplamos a glória e grandeza dos reis e potentados da terra; porque ele esvaziou a si mesmo e foi achado na forma de servo, vivendo na condição de um homem de baixo grau.

Eles viram a glória da sua pessoa e do seu ofício na administração da graça e da verdade. E como eles viram essa glória de Cristo? Foi pela fé, e não o contrário. Porque este privilégio foi concedido apenas àqueles que o receberam, e creram em seu nome, verso 12. Esta foi a glória que João Batista viu, quando em sua vinda a ele, disse a todos os que estavam presentes: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, Jo 1.29-33.

Portanto, que ninguém engane a si mesmo: aquele que não tem visão da glória de Cristo aqui, nunca a terá no futuro para sua vantagem.

2. A contemplação de Cristo na glória, é algo em si mesmo muito elevado, ilustre e maravilhoso para nós em nossa condição atual. Ele tem um esplendor e glória muito grandes para a nossa presente faculdade espiritual.

3. Pela presente contemplação da glória de Cristo, a vida e o poder da fé são mais eminentemente exercitados.

E a partir deste exercício de fé, principalmente o amor a Cristo, se não exclusivamente, surge e aflora. Se, portanto, desejarmos ter a fé em seu vigor, ou o amor em seu poder, dando descanso e satisfação, para as nossas próprias almas, nós devemos procurar por eles no cumprimento diligente deste dever; pois, não será achado de outra forma.

Por isso, o apóstolo dá “graças ao Pai, que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz”, Cl 1.12. Com efeito, o princípio aqui citado, e a plenitude da glória são comunicados aos crentes por um ato poderoso da vontade e graça de Deus.

Mas ele tem ainda ordenado meios pelos quais eles possam ser feitos participantes da glória que lhes é assim comunicada. Este caminho e meios que são por se contemplar a glória de Cristo pela fé, serão totalmente declarados em nosso progresso. Isto, portanto, deve nos estimular para este dever, pelo qual toda a nossa presente glória consiste em nossa preparação para a glória futura.

Nenhum homem pode, pela fé ter uma visão real desta glória, mas a virtude procederá disto num poder transformador, para “mudá-lo na mesma imagem”, 2 Co 3.18. Como isto é feito, e como nós nos tornamos como Cristo, contemplando sua glória, será plenamente visto em nosso progresso. A contemplação constante da glória de Cristo, dará descanso e satisfação às almas que são assim exercitadas. Nossas mentes são aptas para serem enchidas com uma infinidade de pensamentos perplexos; medos, cuidados, perigos, angústias, paixões e concupiscências, fazendo várias impressões sobre as mentes dos homens, enchendo-os com desordem, escuridão e confusão. Mas onde a alma é fixada em seus pensamentos e contemplações neste glorioso objeto, ela será trazida e mantida em uma santa e serena condição espiritual. Porque “a inclinação do Espírito é vida e paz”.

 

Enilson Heiderick
é pastor, bacharel em teologia, conferencista internacional, professor em teologia nas cadeiras de escatologia e homilética, membro do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil.

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